segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bakunine por Bakunine (Raúl Iturra)

CARTA AOS REDACTORES DO BOLETIM DA FEDERAÇÃO DO JURA

Caros companheiros de desgraça!

A espada de Demócles, com a qual nos ameaçaram por tanto tempo, acaba, enfim, de cair sobre as nossas cabeças. Não é exactamente uma espada, mas a arma habitual do Sr. Marx, um monte de imundícies.

Com efeito, na nova circular privada do Conselho Geral de Londres, datada de 5 de Março de 1872, mas entregue à publicidade, segundo parece, durante estes últimos dias, nada falta: invenções ridículas, falsificações de princípios e de factos, insinuações odiosas, mentiras cínicas, calúnias infames, enfim, todo o arsenal guerreiro do Sr. Marx em campanha. É uma colectânea mediocremente sistematizada de todas as histórias absurdas e imundas que a maldade mais perversa do que espiritual dos judeus alemães e russos, seus amigos, seus agentes, seus discípulos e, ao mesmo tempo, os lacaios executores das suas grandes obras, propagou contra todos nós, mas sobretudo contra mim, durante três anos aproximadamente, e principalmente desde esse infeliz Congresso de Basileia, no qual ousámos votar, com a maioria, contra a política marxista.

Lembro-me ainda da exclamação pronunciada nessa ocasião, diante de mim, por um dos signatários da referida circular: “Marx wird sehr unzufrieden sein. - Marx ficará furioso!” E com efeito, ele ficou furioso; eu, o bode expiatório condenado pela furiosa sinagoga a padecer por nossos pecados colectivos, fui o primeiro a sentir o efeito disso. Vós vos lembrais do artigo do judeu alemão Maurice Hess em Le Réveil (no Outono de 1869), reproduzido e desenvolvido logo depois pelos Borkheim e outros judeus alemães do Volksstaat? Eu poupo-vos do pequeno judeu russo de L’Egalité de Genebra. Foi como uma inundação de lama contra mim, contra todos nós.

Lucarno, 12 de Junho de 1872.

Ilustração: fotografia de Piotr Kropotkin, um dos críticos da ideia de revolução violenta de Bakunine.

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