sábado, 10 de julho de 2010
Manuel da Fonseca, um grande poeta português, no Terreiro da Lusofonia. O Adriano Correia de Oliveira também veio
Na voz de Adriano Correia de Oliveira, escutámos um poema de Manuel da Fonseca – «Tejo que levas as águas» («Poemas para Adriano». 1972), com música do próprio Adriano.
Manuel da Fonseca nasceu em Santiago do Cacém em 1911 e faleceu em Lisboa em 1993. Fez parte do grupo do «Novo Cancioneiro». Na sua valiosa obra destacam-se-se «Rosa dos Ventos», uma colectânea de poemas, (1940), o livro de contos «Aldeia Nova»(1942), «Fogo e as Cinzas» (1953) e os romances «Cerromaior», «Seara de Vento» (1958), «Poemas Dispersos» (1958). É considerado uma das figuras cimeiras do movimento neo-realista. No entanto, na sua escrita, particularmente na poesia, existem ressonâncias de um gongorismo que o aproxima de Federico García Lorca e mesmo dos poetas surrealistas.
Era presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta instituição atribuiu o Grande Prémio da Novelística a Luandino Vieira pelo seu livro «Luuanda», facto que determinou o encerramento, por parte das forças policiais, da SPE (que viria depois a ser refundada sob a designação de Associação Portuguesa de Escritores)
.
Dos seus «Poemas Dispersos», escolhemos este:
Solidão
Que venham todos os pobres da Terra
os ofendidos e humilhados
os torturados
os loucos:
meu abraço é cada vez mais largo
envolve-os a todos!
Ó minha vontade, ó meu desejo
— os pobres e os humilhados
todos
se quedaram de espanto!…
(A luz do Sol beija e fecunda
mas os místicos andaram pelos séculos
construindo noites
geladas solidões.)
Etiquetas:
adriano correia de oliveira,
manuel da fonseca,
neo-realismo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Manuel da Fonseca, além de grande escritor, era uma pessoa admirável. Não tive a felicidade de privar muito com ele, mas das poucas vezes em que tive esse privilégio, guardo recordações. As quais, em breve, compartlharei com os leitores do Estrolabio.
ResponderEliminarManuel da Fonseca é hoje um escritor desconhecido das novas gerações e merecia que o não fosse. Privei algumas vezes com ele na Soc. Port. de Escritores (a que foi encerrada) e num café da baixa q. ñ recordo o nome. Era também um grande contadores de histórias que gostávamos de ouvir. A "Seara de Vento" é um livros inesquecível. Ainda bem, Carlos, que publicaste esta memória
ResponderEliminarOlha, Sales, proponho-te uma coisa - que tu, o Manuel Simões e eu (se houver mais alguém que o tenha conhecido pessoalmente, que se acuse) relatássemos em conjunto as nossas recordações. Terei estado mais vezes com ele, em reuniões, mas só por duas vezes cheguei à fala. E de ambas guardo a memória.
ResponderEliminarComo sabes, Carlos, privei bastante com o Manuel da Fonseca, particularmente na Livraria que o Telmo tinha em frente da Igreja de S. Roque, no Largo Trindade Coelho. Foi ali que o Manuel da Fonseca me apresentou o Baptista Bastos, há já muitos anos.
ResponderEliminarPara além das conversas, sempre ricas, que tínhamos, o que melhor recordo são as histórias que ele nos contava e que, lamentavelmente, ele não passou a escrito, apesar da insistência dos amigos. Era um homem sem vaidades e, se é que se justifica a vaidade num escritor, poucos teriam razão para a ter como o Manuel da Fonseca. Nunca lhe ouvi uma palavra depreciativa sobre outros escritores e/ou poetas, acima da qualidade literária ele colocava a amizade, mas é claro que se percebia quando ele também apreciava a obra dos outros.
No próximo ano vai comemorar-se o centenário do seu nascimento, como também o do Alves Redol, a estas comemorações estando ligada a Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo e, naturalmente, o próprio Museu. Os programas destas comemorações estão em discussão e ainda não é o momento para os divulgar, divulgação essa que, claro, não será feita por mim em primeira-mão, mas voltarei ao assunto quando for o momento.
E vão quatro! Quem mais privou com o Manel? O Fernando Correia da Silva?
ResponderEliminarO Fernando Correia da Silva e a filha (eu)! Alguns sábados bem passados com a companhia também do saudoso Mário Henrique Leiria.
ResponderEliminarJá somos seis! Em 15 de Outubro do próximo ano, comemora-se o centenário do seu nascimento. Proponho que organizemos uma série composta por depoimentos de cada um de nós.
ResponderEliminarBolas! Também estive numas almoçaradas, a convite do Vitorino. Mas acrescento o que disse Matilde Rosa Araújo, sobre a ida de escritores a escolas, falar com crianças sobre as suas obras. "Uma vez, o Manuel da Fonseca (era uma pessoa muito boa, muito amigo, mas de uma estatura muito pequena) foi a uma escola. Uma aluno perguntou: "Senhor director, onde está o escritor?"
ResponderEliminar"É este!"
"Não pode ser, tão pequeno!"
Oh, Carlos! Podemos contar muitas histórias que envolvam o Manel, mas esta que nos conta a Clara Castilho é de espanto. Presumo que o Director da Escola terá ficado embatocado, mas o Manel terá ficado feliz, parece que estou a vê-lo sorrir de prazer! Como eu gostaria de ter sabido desta história com o Manel vivo!
ResponderEliminarÉ uma história muito boa e não devíamos antecipá-la (cuidados de editor!). Aliás, no nosso almoço, contei-a aos mais próximos com a ajuda da Clara.
ResponderEliminarEncontrei-o duas vezes, em situações muito diferentes. De ambas tenho coisas a contar - de uma delas, numa festa do aniversário do Mário Henrique Lieria, tenho diversas. Não vou sequer dar pistas. - Quer saber? - Leia em breve num estrolabio perto de si! Estás a ver? Assim é que se faz negócio.