sábado, 10 de julho de 2010

Poesia tradicional oliventina - 94 quadras

Carlos Luna

São 94 quadras da poesia tradicional oliventina, todas elas em português. As 72 primeiras foram recolhidas por Ventura Ledesma Abrantes (décadas de 1930 e 1940)), duas de dois habitantes de São Jorge de Alor na década de 1990, as últimas 20 recolhidas pelo Prof. Hernâni Cidade, na década de 1950 e 1960. Iremos publicando todos os dias uma dezena de quadras: hoje, da 21ª à 30ª (Ventura Ldesma Abrantes).

21-
Eu sou guarda no Freixial,

lá nas bandas do Guadiana.
Já matei um pato real
com uma espingarda de cana.


22-
Quando eu era pequenino,
ainda não sabia andar,
já minha mãe me dizia
"que fino é para namorar".


23-
Fui à Serra colher trevo,
ancontrei o trevo colhido.
Estou se sim ou não me atrevo
a arranjar amores contigo.


24-
Quem me dera, dera, dera,
quem me dera, dera, dar,
beijinhos até morrer,
abraços até cansar.


25-
Quando eu principiei a amar
de amores não entendia;
agora já fiquei mestre
daquilo que não sabia.


26-
Cantigas são pataratas,
às vezes leva-as o vento.
Quem se fia de cantigas
é falto de entendimento.


27-
Já lá vai Abril e Maio,
já lá vão esses dois meses,
já lá vai a liberdade
que eu tinha contigo às vezes

28-
Eu quero bem, mas não me queres
dizer a quem quer(es) bem.
Eu quero bem a uma ingrata,
dizê-lo não me convém.


29-
Eu quero contigo passas,
eu quero contigo figos,
eu quero que tu me faças
o que eu fizer contigo.

30-
Margarida, a tua vida
não a contes a ninguém,
que uma amiga tem amigos,
e outra amiga, amigos tem.



(Continua)

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