sexta-feira, 9 de julho de 2010

Aqui é um texto cujo título é Oeiurewoiuwoeitueroitueroiutioer



Ethel Feldman

Preâmbulo

Qual é o ritual que preparas para demonstrares uma equação matemática?

E quando vais recitar um poema - como te inspiras na véspera de o anunciar?

Quando vais cantar para uma audiência vazia – como alcanças o dó sustenido?

Como abres a porta que te leva ao transe?

Oeiurewoiuwoeitueroitueroiutioer

É assim mesmo o título deste intervalo, porque absolutamente não sei o que quero dizer – apenas o sinto. Sem forma se entranha no meu tacto. Sem som explode no meu coração. Sem história é a memória arquivada do que venho esquecendo.

Sem memória é o presente: aqui e agora

O início do transe ou a vontade de acreditar que ele existe (continuação do preâmbulo)

Pura imaginação. Minha mesa está cheia de jornais. Os cd’s arrumados na estante e o transe ....

Ah, o transe! Foi o que experimentei um dia quando a sintonia do meu corpo dançou no corpo do homem amado. Desde então escrevo. Desde então medito. Quero tocar o invisível, sentir o que não existe, cheirar o que invento. Quero me ver de fora enquanto estiver por dentro. Quero alcançar a lua inventando um soneto.

Quero não querer enquanto penso que existo.

Sou somente a memória daquilo do que julgo lembrar. Sou a memória do que invento. Sou a memória do que ouvi contar.

Não sou nada do que julgo pensar - não existo.

Sou a memória da história que segue – testamento/testemunha do que vivi

Por agora vou escrevendo como se vomitasse o verbo, o predicado e o sujeito que não sei dele. Quando o texto rima faço um parágrafo e finjo poesia.

Só haverá enredo quando o ruido de fora calar em mim como silêncio. Só haverá testemunho do que quero contar quando não for preciso mais respirar. Nessa hora estarei ciente de todos meus sentidos. Quais?

2 comentários:

  1. Muito interessante este texto, Ethel. Na minha opinião, dos teus melhores. Daqueles que, bem escritos, como todos os outros, criam um clima de mistério, eu diria, surreal. Parabéns «meu caro» (não me esqueci, ehehehe).

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  2. Obrigada, Carlos caro amigo que me ajuda a entender o que eu tenho resistido aceitar. Mas ganhaste a batalha do entendimento. Tenho é no corpo a rebeldia do meu pai :)

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