A Forja da Lei
(A Assembleia Constituinte em Notas a Lápis)
Joaquim Madureira
(Braz Burity)
Coimbra, 1915
Nos Passos Perdidos, o ascensor, abaixo e acima, vasa ás cinco e ás seis as grandes figuras da Democracia; sorridente e cordial o dos Estrangeiros, adeusinho, em gestos paternais, as caras novas de provincianos, e o da Presidência, separado a custo do chapéu-de-chuva, poupa, cauto, as abas do penante histórico, que vindo do centenário de Camões, há-de saudar, num cumprimento derradeiro, o velho Jeová do Juízo Final.
Lá dentro, na sala toda branca, passarinham, indecisos, ora aqui ora ali, sem esquerdas, sem direitas, sem centros, os que, daqui a pouco, intransigentemente se extremarão, cada um para a sua banda, apartando-se em canteiros como as flores, – vermelhos rubros, vermelhos pálidos, vermelhos murchos – e quando se procura o mais velho, como Arriaga ainda não veio, Anselmo Braamcamp toma a presidência pelo triste jus da sua idade...
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