sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Esta nossa encantadora Natureza - 3 (Andreia Dias)

Bom dia!


Acabei de ler o conto maravilhoso... e fiquei encantada. Quando leio, rapidamente visualizo o cenário e projecto-me para o local. Por momentos, também eu disse mentalmente à rola: "Voa, voa, voa!". Fiquei ainda mais "presa" por se tratar de uma passagem em África. Tenho muita curiosidade em conhecer a África continental à qual estou ligada sentimentalmente desde criança.



Quanto à caça e aos caçadores... a gestão e conservação da natureza não é de todo incompatível com a caça. É até por vezes, necessária. Trabalhei uns anos com caçadores e conseguimos fazer um bom trabalho em conjunto. Com a filosofia do "não consegues vencer os teus amigos, então junta-te a eles!" . Eu própria, que tenho medo de armas, tirei a carta de caçador, para saber o que é necessário saber para se ser caçador (o que dava outra conversa). É claro que nunca dei um tiro nem nunca mais voltei a pegar numa arma após o exame. Mas fiquei a falar a linguagem deles.

Em determinados casos, é necessária a intervenção dos caçadores. A título de exemplo, numa população de veados, quando os machos lutam pela posse das fêmeas, se um macho tiver apenas uma haste (por "defeito", já que as hastes dos veados são renovadas anualmante), nas lutas, a haste vai matar o adversário pelo facto de se colocar entre as hastes do outro macho e lhe perfurar a cabeça. Este macho "defeitooso" será sempre o vencedor e será o que vai procriar continuamente. Deste modo, o património genético daquela população será muito semelhante e sabemos que se for atingida por alguma doença, a possibilidade de resistência será maior quanto mais variabilidade genética houver. Ora, se este macho não pode ser eliminado por selecção natural porque é o mais forte, terá que ser eliminado pelo homem para bem da população. Aqui a presença dos caçadores é importante.

Mas outra questão é a própria gestão cinegética do nosso país. Sobre este tema teríamos muito que falar também. O calendário venatório nem sempre respeita o ciclo biológico das espécies cinegéticas e deveria, a meu ver, haver mais plasticidade de gestão regional. Um exemplo prende-se com a realização de montarias ao javali no Sul do país, em zonas de nidificação de Águia de Bonelli. Esta é uma espécie protegida e a ave de rapina mais precoce da europa. no que respeita a ciclo reprodutor, já que se inicía em Dezembro. Em Janeiro já realiza posturas, coincidindo com a época das montarias ao javali. É uma águia extremamente sensível a perturbações, pelo que, uma montaria, com todo o ruído dos cães e batedores, pode induzir a um voo rápido do ninho e a um arrastamento dos ovos (pelo facto de ser uma ave grande). É claro que se pode fazer (e temos feito) uma gestão de modo a que a mancha a montear seja deslocada para uma zona de segurança e não inviabiliza a realização da montaria.

Não me querendo alargar muito mais, deixo então uma foto de veados (2 fêmeas de Cervus elaphus) tirada em Barrancos e um cogumelo, o Amanita muscaria. Este último recebeu este nome pelo facto de ter sido utilizado para matar moscas. Era macerado com leite formando uma substância atractiva para as moscas que em contacto ficavam atordoadas e eram facilmente mortas. Para nós humanos, esta é uma espécie alocinogénica... mas há que ter cuidado porque com cogumelos, estes podem ser alucinogénicos apenas uma vez...

Beijinhos,

Andreia

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