quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Novas Viagens na Minha Terra
Manuela Degerine
Capítulo LXXXIX
Vigésima terceira etapa: de Redondela a Pontevedra
O caminho vai subindo, umas vezes quase no campo, outras através de zonas mais ou menos urbanas. Ultrapassamos duas alemãs. Mais adiante, paramos junto a uma fonte, surge à nossa frente um novo espécime de caminhante, de género feminino, com uma pele nunca exposta a raios solares e, o que é mais estranho, cujo equipamento, das botas à mochila, é todo militar; lança-nos um olhar arrogante, passando sem qualquer forma de saudação. Recomeçamos a caminhar e, pouco metros acima, encontramos a família franco-germânica que, por falta de tempo e preparação, apanhou uma camioneta para Redondela.
Quando alcançamos o cume, avistamos, através das árvores, deste lado, os telhados de algumas casas, em baixo, a enseada de San Simon e, do outro lado da ria, uma serra ondulante. No resumo da etapa precedente, do Porrinho a Redondela, Gérard Rousse sugere: para se poderem descontrair, vão à praia na ria de Vigo; por consequência eu, embora não ficasse em Redondela o tempo necessário para seguir o conselho, miro agora a paisagem com olhos de veraneante e interpreto estes telhados como casas de férias misturando, de maneira confusa, recordações de Magoito e da Côte d’Azur: gelados, sossego, conversa, esplanadas, passeios ciclistas e leituras aprazíveis. O espaço como um figo em doçura desfeito. (E o melhor: o tempo como um parêntesis.)
Descemos por um caminho verde e amarelo, rodeados de pinheiros, carvalhos, eucaliptos, fetos, giestas, malmequeres.... Aproximamo-nos de Arcade, escondo portanto as peúgas, que persistem molhadas. Ultrapassa-nos outra vez a guerreira, agora rodeada por um grupo numeroso, vão todos fardados e parecem, pela cor, trajo, atitudes e cortes de cabelo, um grupo neonazi.
Entramos em Arcade pela beira de uma estrada com muitos camiões. A arquitectura expõe a heterogeneidade das cidades que cresceram depressa, há um espigueiro, antigas casas de pedra, prédios de estilos e tamanhos diversos.
Perdemos outra vez as setas amarelas. O roteiro fala-nos do Turismo, de um lavadouro público, perguntamos a um habitante onde ficam, ele indica-nos uma rua na qual há um café onde param peregrinos, deduzimos que se situa no nosso percurso; os caminhantes pouco se afastam do trilho.
Chegamos a um sítio extraordinário...
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