domingo, 22 de agosto de 2010

Repúblca nos livros de ontem nos livros de hoje - 113 e 114 (José Brandão)

As Minhas Entrevistas com Abel Olímpio

“O Dente de Ouro”

Berta Maia

Lisboa, 1928

Porque escrevi este livro

Tu, meu filhinho, ficaste órfão aos seis meses, toda a tragédia se desenrolou à tua vista e tu sorrias, sorrias sempre! Deus Meu! Pensei que um dia a tua alma estimaria ler estas páginas, escritas por tua Mãe, sem ódios, sem gritos de vingança, e então uma lágrima rolaria pela tua face, serena, sem revoltas, amparado à cruz de Cristo, forte, altivo na tua dor, orgulhoso de teu Pai!

Berta Maia, viúva de Carlos da Maia – uma das vítimas do 19 de Outubro – empenhou-se corajosamente na busca de quem tinham sido os mandantes dos assassinos. Conseguiu mesmo entrevistar na prisão «o Dente de Ouro», responsável pela morte do seu marido.
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As Minhas Memórias

3 Volumes

Cunha Leal

Lisboa, 1966

O livro, que me proponho escrever, vai ser a resultante dum conjunto de afectuosas, mas insistentes pressões familiares.

Entendem os meus filhos que a personalidade do pai tem sido desvirtuada mercê de observações sistematicamente eivadas de leviandade ou de má fé. Julgam que constitui para mim obrigação indeclinável dizer de minha justiça em causa própria, mostrar ao meu pais com honrada sinceridade o que sou, o que fiz e o que pretendi, mas não me deixaram fazer. Em suma, incitam-me nada mais, nada menos do que a escrever as minhas memórias!

Sou um homem que, através duma vida já longa, nunca contrariou, antes pretendeu sempre favorecer, a instauração na nossa Terra duma organização económica, social e política, susceptível de atenuar sensivelmente as gritantes desigualdades, que estão gerando o surdo descontentamento dos seus habitantes.

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