José Luciano Sollari Allegro
Lousã, 1988
Deixados por meu Pai, o capitão António Adalberto Sollari Allegro, possuo diversos documentos relacionados cora a proclamação da Monarquia no Porto e no Norte do País, em 19 de Janeiro de 1919.
Essa circunstância fez nascer em mim, desde há muito, a intenção de trazer tais documentos ao conhecimento público, ajudando a fazer a história daquilo que ficou a chamar-se a «Monarquia do Norte». Não é possível conhecer as razões por que nesse momento se enveredou pela proclamação da Monarquia, sem fazer uma ideia do que foram os oito primeiros anos da República, incluindo o último desses anos, durante o qual decorreu o governo do Presidente Sidónio Pais. Por isso torna-se necessário recordar vários aspectos da história política dessa época e ter presentes acontecimentos ocorridos desde 5 de Outubro de 1910 até ao assassinato de Sidónio Pais, em 24 de Dezembro de 1918.
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Para a História da Revolução - I
Teixeira de Sousa
Coimbra, 1912
A publicação que se segue, e que é relato documentado dos acontecimentos políticos dos primeiros dias de Outubro de 1910, acompanhada de referência a factos anteriores, mas que com aqueles têm íntima conexão, foi escrita logo a seguir á proclamação da Republica. Aguardei que a serenidade substituísse a agitação, não só pelo motivo de querer afastar-me de tudo o que pudesse passar por intervenção minha na vida politica do país; mas ainda para que, sem paixão, pudesse ser apreciada a minha legitima defesa. O tempo vai decorrendo, os motivos que me levam a dizer em público da minha justiça não se desvaneceram. Tudo me determina a não esperar mais tempo.
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Para a História da Revolução - II
Teixeira de Sousa
Investido numa missão de confiança, se assim não houvesse procedido, granjearia legitimamente o ódio dos vencidos e o desprezo dos próprios vencedores. A Monarquia caiu porque, salvas raras excepções não teve quem a defendesse como era mister, não por covardia, de que não acuso ninguém, mas certamente porque contra ela tinha a paixão de muitos e a indiferença da maior parte, sem excluir a força pública. Era a confirmação do que, naquela frase que passará á historia, o rei D. Carlos pensava do espírito monárquico em Portugal: – Monarquia sem monárquicos.
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