Em 1815, após inúmeras manobras negociais, a Espanha compromete-se a devolver aquilo que havia roubado a Portugal, mas acabou por nunca o fazer. Pelo contrário, iniciaram uma sistemática política de genocídio cultural de uma parte do povo português e de ocultação das marcas de um crime.
Apropriaram-se de terras portuguesas Usurparam património português Procuram extinguir lentamente as famílias portuguesas Negaram a identidade cultural aos seus descendentes Ocultaram nomes e referências históricas de modo a esconderam a usurpação. Fizeram tudo isto, também com a conivência de alguns traidores portugueses. Não era a primeira vez que a Espanha fazia um genocídio cultural semelhante. Fê-lo quando obrigou à conversão forçada ao cristianismo de centenas de milhares de judeus e muçulmanos. Os que resistiram foram mortos ou fugiram espoliados dos seus bens.Na América Latina, os espanhóis exterminaram de uma forma sistemática e esvaziaram da sua identidade cultural cerca de 70 milhões pessoas das Caraíbas, Astecas, Maias, Incas e de tantos outros povos. Os que hoje ai encontramos perderam o sentido primitivo da terra que habitam e dos monumentos que os cercam. Algo semelhante podemos encontrar também em Olivença. Andado pelas ruas desta cidade e pelas antigas aldeias portuguesas que a cercam, o que encontramos são pessoas que reclamam a propriedade de casas, igrejas, monumentos, ruas que foram erigidos por um outro povo com uma outra cultura, a quem carinhosamente tratam por "hermanos".
Esvaziados da sua identidade cultural, a que hoje ostentam e se reclamam são as tradições e a fidelidade à cultura do invasor. Apenas na Alemanha Nazi e na Ex-União Soviética e na China, no século XX, ocorreram casos semelhantes. É por tudo isto que o caso de Olivença é importante, nomeadamente para compreendermos a forma como se pode exterminar um povo. Olivença pode ser considerado o primeiro caso de genocídio cultural empreendido na História Contemporânea da Europa.
Uma das novidades do crime que ocorreu em Olivença reside na forma quase silenciosa como o mesmo foi perpetrado e ainda hoje é ocultado, o que pode justificar a forma naturalizada como a questão é encarada. Nenhum remorso ou alusão aos milhares e milhares de homens, mulheres e crianças a quem lhes foi negado o direito a uma identidade, à história das suas raízes, sendo que a única que lhes concediam era a do invasor.
Director: Carlos Fontes | ||
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