sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A Arte da Maratona - Ou a propósito da, e de propósito para a, Maratona Poética

Pedro Godinho

Para o que lhe havia de dar... Raio de ideia a de fazer uma maratona poética.

A poesia não é para ler a correr, mas desfrutar devagar. E usar para encantar aquela, ou aquele (notem o cuidado com o politicamente correcto), que queremos de nós enamorar.

É, afinal, esse um dos elevados contributos da poesia: ajudar o desgraçado com falta de fraseado a arranjar parceria – através da oferta dumas simples páginas de poesia, pedida emprestada ou facilmente roubada, por vezes até passada como sua – encantando com a lírica ou o versejar e fazendo-a sentir o calor doutra vida, outra força, dentro de si.

Não desdenhem que não é pouco; quem de nós nunca o fez que atire o primeiro verbo.

Que a poesia não é coisa que se sirva fria. Porque traz sangue na veia, é coisa de fazer bater, e abater, corações.

Diz-se ser Portugal país de poetas, mas, digo eu, falta-nos poesia. Em quantidade, que é desta que se desvenda a qualidade. Sim, não é por se juntar frases às escadinhas que sai obra – boa, que má também a há e farta; mas antes assim que não haver nada.

Esta maratona mostrou quantidade e qualidade, servida gratuitamente a qualquer esfomeado por letras e palavras, torcidas até fazerem sentido, acto de amor dum Carlos em Estrolabio largado.

E como hoje, dizem, não há audiência (diz-se share, idiota) sem um toque ordinário, há que ter cuidado com a poesia de rima fácil, porque o remate pode resultar indesejado e leitor excitado pela beleza pôr na maratona a rima que ela não tinha e ver lá palavra outra que não “buona”.

4 comentários:

  1. Pedro, assino por baixo. Quando dizes que a poesia não é para ler a correr, mas desfrutar devagar... Como vou fazer para aproveitar o que ali me deram? Quando vou ter tempo para saborear aquelas maravilhas? E quando dizes que foi acto de amor dum Carlos... (obrigado, Carlos!)Insisto ma possibilidade de pesquisa me facilitaria a vida a quem só quer ler determinadas coisas.

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  2. Ó Tim Tim, para além de alma de poeta, és um eterno enamorado. Como é bomo isso! Sabes que eu, também, ainda não consegui digerir (não é para comer,como diz a Natália?) aquela poesia toda. Vai com o tempo. Um beijo para ti.

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  3. temos que pedir ao Carlos para publicar devagarinho, novamente, ao fim da noite...

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  4. Um texto que é um poema

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