Nos últimos dias os jornais e toda a Comunicação Social deram um grande relevo às declarações de Fidel Castro, Secretário-Geral do Partido Comunista Cubano, sobre vários assuntos internacionais, mas sobretudo sobre o falhanço do modelo económico cubano. Estas declarações vêm no seguimento da autocrítica de Fidel Castro sobre o seu comportamento homofóbico e repressivo dos homossexuais cubanos. Devem também ser enquadradas na libertação dumas dezenas de presos políticos pelo governo cubano. Tudo parece levar a crer que Fidel inicia um processo de autocrítica que abre a possibilidade ao irmão de fazer reformas profundas no sistema cubano. Se este inicio de reformas se confirmar, nada nos garante que chegará a bom porto, mas todos os democratas e revolucionários só têm neste momento uma opção, que é encorajar este caminho e libertar o povo cubano dum regime que o condenou à miséria e à opressão.
Eis que os mesmos que condenavam o regime cubano vêm agora dizer que Fidel ou está senil ou louco. Claro que a todos os contra-revolucionários não convém este caminho. Fidel ao assumir a responsabilidade por estes erros, liberta o povo cubano para outras opções, desresponsabilizando o próprio povo dessas das passadas escolhas.
Isto é o contrario daquilo que aconteceu com Álvaro Cunhal, naquilo que é considerado o seu “último combate”. Não assumiu a responsabilidade pelas monstruosas escolhas estalinistas do Partido Comunista Português, fazendo-as assumir pelos militantes, o que necessariamente tem conseqüências trágicas para o futuro. Curiosamente a Comunicação Social sempre o tratou bem e nunca insinuou que o seu comportamento fosse dum velho senil ou louco.
Post Scriptum 1 – Ao que supomos, o Miguel Urbano Rodrigues vivia em Cuba como uma espécie de embaixador ideológico do Partido Comunista Português. Depois disto, é caso para lhe desejar um bom regresso... C.A.
Post Scriptum 2 – O Partido Comunista Português alimentava o sonho de fazer uma federação mundial sindical com os sindicatos da Coreia do Norte, China, Venezuela, Cuba e Intersindical Portuguesa. Ainda aceitarão a entrada dos revisionistas cubanos? C.A.
Lisboa, 10 de Setembro de 2010.
A iniciativa dos cidadãos não pode ser esmagada sob pena de o transformar num ser imperfeito e insatisfeito, mas deve ser contida pelo estado, não deixando essa iniciativa transformar-se num poder dentro de outro poder e, quiçá maior.Há actividades económicas e culturais que nunca poderão ser executadas por funcionários, que entram às 9 e saem às 18 h, têm que ser executadas por empresários e trabalhadores que têm objectivos a cumprir.
ResponderEliminar...é o erro maior das experiências conhecidas. Creio que o estado deve reservar para si o que é verdadeiramente importante( como sabemos agora, a Banca é uma delas...)e estratégico (como sejam a água, a saúde a segurança social......) e deixar aos cidadãos a livre iniciativa nas outras actividades. Não é solução nivelar por baixo, vivendo uma vida de frustações..
ResponderEliminarAs declarações de Fidel Castro, uma autocrítica, são um dado novo. Tarda uma atitude equivalente do presidente dos Estados Unidos. O bloqueio é criminoso e tem de acabar. Estive na ilha, visitei-a sem quaiquer impedimentos, falei com quem quis - há muitos opositores ao Governo. A repulsa pelos Estados Unidos é, porém, um elo de ligação entre todos os cubanos. Muito oportuno este texto de Carlos Antunes. Temos falado poco de Cuba.
ResponderEliminarCreio que Fidel aplana o caminho para quem vem a seguir.Os US têm que levantar o embargo e vão fazê-lo.Como diz o carlos é criminoso já não há razão nenhuma, se é que alguma vez houve.
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