Luís Moreira
A imposição do salário mínimo pela concertação social é uma boa medida? É, porque permite que os trabalhadores possam receber um salário mínimo que lhes trás alguma descompressão na sua vida cheia de dificuldades e, ainda, porque as empresas que não suportam um salário mínimo são empresas sem viabilidade económica e fecham, limpando o tecido empresarial, dando lugar a empresas mais competitivas.
Não, porque segundo a teoria Liberal, há sempre alguem disposto a receber menos até um determinado salário, abaixo do qual já ninguem vende o seu trabalho. Nesta perspectiva, o salário mínimo acima daquele mínimo, retira postos de trabalho porque as empresas não estão dispostas a pagar mais, preferindo fechar ou não empregar.
Acontece, que só trabalha por um salário que não compensa com um nível de vida que valha a pena, se e só se o trabalhador a isso for obrigado. A tenebrosa ditadura Chilena foi o ambiente necessário para a política Liberal levar o mais longe possível as suas políticas de "empobrecer trabalhando", retirando à classe trabalhadora todo e qualquer direito de ouvir a sua voz, e de se constituír em sindicatos. Daí a repressão, os fuzilamentos, as prisões arbitrárias, na convicção que só com a total subordinação dos trabalhadores ao capital, seria possível o incremento e a modernização da economia do país.
Nunca o Liberalismo poderá desenvolver as suas teorias de "livre mercado" sem ser acompanhado de um poder "musculado" seja ou não democrático, deixar a vida das pessoas ao arbítrio da "mão invisivel" da oferta e da procura, porque há sempre uma mão que sabe bem por onde cortar, como se viu e continua a ver na crise que atravessamos, consequência da desregulação dos mercados iniciada por Reagan e a senhora Thatcher e, curiosamente, levada à última instância por um Presidente a quem reconhecemos sentimentos de esquerda, Clinton!
O exemplo que dou do salário mínimo poderia prolongar-se pelas políticas liberais económicas, só possíveis nas condições teóricas de Friedman em ditadura. O chamado milagre do Chile foi erguido sobre os escombros de muita dor, muita miséria, muita repressão. É fácil pôr uma economia a crescer a dois dígitos se forem retirados todos os direitos ao trabalhador, se o consumidor estiver indefeso perante empresas poderosas sem controlo e sem regulação a que obedeça, com mercados desregulados com todos os direitos e nenhum dever.
O objectivo último da economia é o homem, o seu bem estar, a sua felicidade!A política economica de Milton Friedman nunca seria possível num estado de Direito, precisou da ditadura de Pinochet para ser implementada!
sábado, 11 de setembro de 2010
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O grande problema é que estão a tentar pôr em prática as teorias de Friedman pôr toda a parte. Já as aplicaram na Rússia, com Boris Ieltsin, e agora estão a tentar pô-las em prática na Europa, para acabarem com aquilo a que chamam o estado providência, o estado social, etc.
ResponderEliminarNo Chile, a conjugação do uso das armas (reais)de Pinochet com as (conceptuais) dos Chicago Boys deu um novo significado - tenebroso - à expressão "mão invisível".
ResponderEliminarQue Adam Smith, certamente, não caucionaria.