segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Uma viagem a Cuba

Carlos Loures




Fidel Castro foi, na semana que ontem terminou, entrevistado por Jeffrey Goldberg, um jornalista norte-americano ligado à especialista e em Relações Exteriores, Julia Sweig. Foi uma longa entrevista, durante a qual se abordaram temas como o conflito israelo-árabe e a tensão entre os Estados Unidos e o Irão. Fidel parece ter encetado um processo de autocrítica – depois de ter reconhecido, em declarações anteriores, o exagero da sua política persecutória relativamente aos homossexuais, admitiu perante Goldberg que o modelo cubano não serve para exportação, porque nem sequer em Cuba funciona. O Carlos Antunes, em texto que aqui publicou no Sábado, já se referiu a este tema. Esta extraordinária afirmação de Castro, veio lembrar-me o fervor e o entusiasmo com que, no início dos anos 60, nós seguíamos as suas vibrantes intervenções.

Mas, quando em 1962, na sequência da chamada «crise dos mísseis», para se proteger dos Estados Unidos, Cuba foi forçada a transformar-se num satélite da União Soviética, ao fascínio seguiu-se uma profunda desilusão. Porém, aqueles primeiros três anos da Revolução Cubana, tal como os 18 meses da nossa Revolução dos Cravos, foram algo que marcou os jovens daquela época. Não escapei à regra. Ouvir o verbo emocionado e emocionante de Fidel, lendo na Praça da Revolução, as declarações de Havana, particularmente a segunda, era arrepiante. É sob a emoção dessas recordações que escrevo este texto.

.Embora a admiração pela Revolução Cubana há muito tivesse morrido, era um projecto meu visitar Cuba, como quem revisita a juventude e algumas das ilusões perdidas (porque há outras que nunca se perdem e é isso que nos mantém vivos). Há poucos anos atrás, com a minha mulher e um casal amigo (o Gomes Marques e a Célia) metemos mãos à obra. As agências só ofereciam pacotes inaceitáveis – três dias em Havana e quatro em Varadero. Mas nós íamos lá fazer uma viagem de doze horas, atravessar o Atlântico para ir à praia, com a Caparica e as praias da linha aqui tão perto? Mas acabámos por descobrir uma alternativa aos pacotes usuais. Uma boa alternativa que agora vejo que já está mais divulgada. Um carro de aluguer à nossa espera no aeroporto de Havana, hotéis reservados por um itinerário escolhido por nós, a começar e a acabar na capital – Havana, Matanzas, Cienfuegos, Sancti Spíritus, Camagüey, Ciego de Ávila, Santiago de Cuba, Trinidad, Santa Clara, Havana… Tudo por um preço razoável, pouco acima do que custavam os tais pacotes. Durante duas semanas percorremos quase quatro mil quilómetros, vimos o que queríamos, sem guias turísticos a incomodar-nos. E lá fomos à Baía dos Porcos, ao Quartel de Moncada, à Sierra Maestra, ao museu da Revolução, a todos os lugares de culto. Visitámos Havana em pormenor, fomos aos locais frequentados por Hemingway, e até almoçámos em Varadero. Varadero é um local de veraneio, sem nada de especial (a não ser o mar maravilhoso das Caraíbas) – Hotéis, edifícios de apartamentos, etc. Nada, nesse aspecto, que Vilamoura ou Torre Molinos não tenham – tal como pensávamos, não se justifica ir tão longe. Mas o nosso itinerário foi uma maravilha.



Falámos com muita gente. Pudemos verificar que, apesar de algum medo à repressão que inegavelmente existe, as pessoas falaram connosco com à-vontade. Encontrámos mais descontentes nas grandes cidades, Havana e Santiago, principalmente. As condições de vida são constrangedoras. Racionamento dos bens mais elementares – lâminas de barbear, pensos higiénicos, géneros de primeira necessidade, arroz, ovos, leite, tudo é racionado. As casas de Havana, algumas lindíssimas, estão em ruínas. O turismo é uma das saídas. Cozinha-se em casa para os turistas. São os chamados «paladares», alternativas aos restaurantes. Combina-se previamente, escolhe-se a ementa e à hora combinada lá temos a mesa posta e anfitriões dispostos a deixar-nos sós ou a conversarem connosco, como preferirmos. Pelas ruas andam pessoas das mais diversas idades a cooptar clientes para os paladares. Em Ciego de Ávila um professor universitário de avançada idade andava nesta tarefa, recitando-nos de memória poemas de Nicolás Guillén. Para não falar da prostituição, mais ou menos encoberta, que pessoas normalíssimas, qualificadas, quase todas com cursos superiores, se vêem obrigadas a praticar para completar ordenados baixíssimos. A prostituição em Cuba é, de uma maneira geral, uma forma desesperada de sobrevivência.



Nos campos, sobretudo em granjas colectivas, encontrámos mais adeptos do regime, gente saudando-se de punho cerrado. Também é verdade que nos campos a vida não é tão difícil, pois os bens alimentares essenciais são ali produzidos e, portanto, escasseiam menos. Porém, numa coisa todos estão irmanados, fidelistas, antifidelistas: no ódio aos Estados Unidos. Mesmo os opositores ao regime, têm consciência de que sem o bloqueio norte-americano, o povo não sofreria tanto. É evidente que o bloqueio tem perpetuado a ditadura e impedido o advento da democracia. Toda a gente sabe isso. Só a CIA e a Casa Branca se obstinam em não o reconhecer. E Obama, que parece ser mais inteligente do que a generalidade dos antecessores, poderá, mesmo que queira, contrariar a CIA e os falcões do Pentágono? As recentes declarações de Fidel, reconhecendo erros, constituem metade da ponte. Será que o presidente norte-americano terá margem de manobra para construir a outra metade?

34 comentários:

  1. Fidel está a abrir caminho para reformas profundas que não será ele a fazer.Mas é extraordinário que tenha a lucidez e a coragem de fazer esta auto-critica.Obama, vai colocar este assunto em agenda e isso é o segundo passo.

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  2. Carlos, o teu último parágrafo encerra a meu ver, toda a verdade. E daí eu concluo que, se o socialismoe em Cuba se pudesse ter desenvolvido sem a agressão do poderoso e traiçoeiro inimigo da liberdade dos povos, Cuba seria muito diferente do que é hoje. O mesmo se pode dizer da União Soviética, cujo coveiro principal foi o poderoso e traiçoeiro inmigo da liberdade dos povos. Porque se o poderoso e traiçoeiro inimigo da liberdade dos povos tivesse alguma dignidade e alguma centelha de solidariedade e de sentido de justiça o mundo nunca seria o que é: UMA MERDA.

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  3. UMA MERDA!Que ainda se dá ao luxo de tentar fazer poesia!

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  4. Quanto a Obama estamos conversados.

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  5. Na realidade, Adão, Cuba, um pequeno país, geograficamente encostado à superpotência capitalista, ou melhor, ao coração do capitalismo, dificilmente conseguiria fazer triunfar um regime socialista. A questão dos mísseis que a União Soviética estava a instalar na ilha, foi algo de profundamente disparatado. Para que precisava Cuba de armas apontadas às metrópoles dos Estados Unidos? Não teria sido mais simples, menos provocatório, Kruschef ter declarado na ONU que qualquer agressão contra Cuba, seria interpretada como uma agressão à União Soviética e provocaria a guerra entre os dois blocos? A União Soviética usou Cuba para experimentar a paciência do adversário, sacrificou Cuba como se sacrifica um peão no xadrez. O que destruiu o socialismo em Cuba, na União Soviética e no mundo, foi o capitalismo e foi também o facto de no próprio Kremlin se alojar outro poderoso inimigo dos povos - o capitalismo de Estado. O mal que se aloja dentro do nosso corpo é, em regra, o mais letal.

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  6. Quanto ao que referes nas primeiras partes do teu texto, aos males e deficiências das quais não tenho a mais pequena dúvida, navegamos em águas um tanto diferentes no que respeita ao entendimento dos fenómenos. Tais males e insuficiências são a decorrência obrigatória, não do carácter superior de uma revolução como a de Cuba, mas de um sacrifício e resistência inauditos. Dentro da nossa pobre, inculta e má natureza humana, Cuba foi uma lição intemporal, universal e inexcedível,ainda que morra amanhã. Não sou político de superfície nem de profundidade, muito menos de labirintos e catacumbas. Não sou político de falácias nem sofismas. Sou um político de transparência, de razão e de valores. Quando criticarem Cuba, América Latina, Venezuela e todos os povos que dão a vida e a qualidade material e física da sua existãncia para se libertarem do histórico,poderoso, pérfido, diabólico e triçoeiro inimigo da liberdade e autonomia dos povos, guardem um minuto de silêncio pelos que têm e tiveram a força e a coragem que nós não temos nem tivemos.

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  7. Eu nem queria entrar nesta conversa mas, mal abri isto levei logo um murro no nariz. Já agora que cambaleei, deixem-me dizer duas ou três coisas:
    1 - Estou feliz pelo que se está a passar em Cuba e não tenho dúvidas de que a situção na ilha é o que é devido à acção do imperialismo americano. E isto só não confirma quem não lhe interessa confirmar;
    2 - Quanto a Obama, continuo a dizer que distingo a pessoa que, embora não seja um homem de esquerda (ainda há disso nos EUA?), acredito que tem convicções de humanidade e de justiça muito para além dos últimos presidentes. Claro que tem todos aqueles grupos e instituições que o não vão deixar fazer nem metade do que se propôs.E mais os interesses estratégicos que eles defendem. Provavelmente foi ingénuo em querer ser presidente. Mas deixem-me acreditar um bocadinho no homem/pessoa;
    3 - O socialismo na URSS teria sido outra coisa
    se não fosse "o traiçoeiro inimigo da liberdade dos povos", é bem possível que sim. Mas a mim ninguém me vai impedir de chamar monstro a um homem como o Estaline, como não vai ao George W. Bush, que entrou numa espiral de loucura e não poupou ninguém à sua volta. Um dos livros da minha lista é um testemunho em primeira mão e bem eloquente disso mesmo.
    4 - Ouvir um poeta que eu tanto aprecio dizer que o mundo se dá ao luxo de fazer poesia. Então para que servew a poesia.
    Bom dia.
    Assina a pirómana de serviço.

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  8. Meu caro Adão, estou de acordo a cem por cento com o que dizes desde que não ilibes a União Soviética das grandes, gigantescas, responsabilidades que teve nesse processo. Em vez de no interior do seu vasto território ter construído uma sociedade nova, verdadeiramente ccomunista, preocupou-se em construir um império que pudesse um dia ser mais poderoso do que o império inimigo. E não olhou a meios. Nem é preciso recorrermos ao exemplo de Cuba. O de Espanha é mais antigo e foi mais decisivo. A República Espanhola devia ter sido defendida como se fosse território soviético, empregando todos os recursos. Mas Estaline preferiu deixar cair Espanha, na esperança de se aliar à Alemanha e bater o capitalismo. Estamos de acordo a cem por cento em que o capitalismo destruiu o socialismo se reconheceres que a União Soviética foi um cavalo de tróia dentro da muralha do comunismo internacional.

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  9. Quando comecei a escrever o comentário anterior não tinha lido o da Augusta Clara. Com o qual concordo. Quanto à revolta do Adão contra a poesia compreendo-a - como nos permitimos fazer poesia num mundo em que milhões de seres humanos são exterminados devido a uma organização social global que poderia salvá-los, mas que prefere sacrificá-los para não lesar as leis do mercado? A poesia é muitas vezes a cortina que erguemos entre os nossos olhos e a realidade.

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  10. Esqueci-me de referir a recusa do apoio aos republicanos na Guerra Civil de Espanha.
    Não posso estar mais de acordo com o que dizes, como já tenho afirmado em muitos locais, que somos todos responsáveis pelo que acontece no mundo a tantos e tantos milhares de pessoas que não vivem nem quase sobrevivem. Acho que nenhum de nós os três está em desacordo quanto a isso. O que eu quero dizer vai no sentido de que "nivelar por baixo" não serve para nada. Deixar de fazer arte não serve para nada. O mundo é uma merda, pois é. Mas o mundo somos nós e nós, também, somos tanta vez uma merda uns para os outros por coisas mais ínfimas.E a Humanidade sempre trilhou caminhos pouco limpos em todas as épocas. Que fazer? Não estou nada conformada com isso,não tenho muita tendência para o desespero. Não temos outro remédio senão continuar a gritar alto, a denunciar, a fazer o mais e melhor que pudermos. E não é preciso penalizarmo-nos por fazermos poesia ou seja lá que coisa bela for.

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  11. Sobretudo se a poesia, a pintura, a música, não servirem de cortina para tapar as misérias do mundo, mas forem um grito de protesto contre elas.

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  12. No fundo. todos sentimos o mesmo, porque acredito piamente que somos pessoas sérias e de consciência inviolável, ainda que sujeita a tantos perigos de violação. Claro, Augusta, que se eu não sentisse necessidade de tentar a poesia, estaria ainda mais morto. Quando digo que ainda nos damos ao luxo de tentar a poesia, é uma forma de dizer, revoltada, diante deste miserável cemitério que é o nosso planeta. Nem o desespero é solução, concordo. Gritar e denunciar, como dizes, à medida dos nossos (meus) frouxos gritos, como é óbvio, ainda é o que nos resta.
    Augusta, corri a União Soviética de lés a lés,de Moscovo à Sibéria, de Leninegrado a Samarcanda, em pleno comunismo, de camioneta, de avião (17 viagens de avião), de comboio, de metropololitano, de barco e a pé. Nunca vi um país tão cativante,do ponto de vista social. Os países que, na altura, se lhe comparavam, eram os países nórdicos que percorri, também, de lés a lés. Staline é um osso na garganta, indiscutível, e o que o Carlos Loures diz atrás é verdade, quando refere a preocupação da criação de um império contra-poder. Mas isso não foi impeditivo da tentativa de criação de uma siociedade socialista, pelo contrário, quase se impunha como condição sine qua non do erguer da barricada contra o poderoso, traiçoeiro, e pérfido inimigo da liberdade dos povos e do mundo.

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  13. Que belas viagens deves ter feito, Adão. Como eu invejo isso.Ir a Samarcanda como o Corto Maltese :)
    A minha preocupação actualmente é a forma que essa luta deve tomar. Eu sei que é uma discussão muito difícil e, também, não sei por que ponta lhe pegar mas, talvez, a começar a debater aqui. Que mundo queremos? Podemos parecer ingénuos com esta conversa. Mas as grandes descobertas não começaram, muitas vezes , com interrogações tomadas como pueris, à partida?
    Tenho muita pena mas, agora, tenho que vos dizer até logo. E, por favor, não deixem de fazer poesia.

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  14. Esqueci-me de dizer uma coisa em resposta ao Carlos: o que é verdadeiramente belo é sempre revolucionário. Acho eu.

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  15. Num certo sentido, e com as devidas cautelas, diria que sim. Porque depende do conceito de belo.

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  16. Eu cá gosto é destes textos que provocam a discussão, que nos tocam e orbigam a comentar!!!Já obras publicadas aqui postas aos bocadinhos - nem dá para ler! Obrigada a todos, também eu fico na expectiva, também eu invejo as viagens do Adão e os conhecimentos que daí retirou. Como é que passamos para o aqui e agora?

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  17. Não podemos deixar de retirar destas fantásticas experiências as devidas ilações. As boas e as más.As boas, que permitiram que a análise da luta de classes fosse mais longe e com isso, se tenha chegado à social-democracia do norte da Europa. o casamento quase perfeito entre o estado social e a iniciativa dos cidadãos.As más, porque demonstraram à evidẽncia que o homem é um ser que quer ter liberdade de acção, quer ter liberdade de optar, ter iniciativa. Não foi a ideologia que derrotou Cuba e a União Soviética, foi a tecnologia, que cá chegou e melhorou de modo fantástico a vida das pessoas, e lá não. Quando a Televisão começou a mostrar o nível de vida do ocidente (os ex RDA não conseguiram impedir a recepção do sinal de TV da vizinha Alemanha). Podem-me dizer, mas trocaram um modo de vida por um frigorifico? parece que sim! e isso explica tudo.Não podemos exterminar ninguem,nós humanos somos mesmo assim!

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  18. António Gomes Marques14 de setembro de 2010 às 23:16

    Sobre Cuba já fiz um longo comentário que nada contradiz o que o Carlos Loures escreveu agora. Fizemos, de facto, uma excelente viagem por Cuba e não escondo a emoção em Santa Clara, lembras-te Carlos, enquanto lia, na parede de entrada do monumento dedicado ao Che Guevara a carta de despedida, as lágrimas caíram-me, lágrimas que tu. Carlos, conseguiste conter. As minhas lágrimas foram provocadas pela carta, mas também pelo sonho não concretizado.E como doeu e ainda dói!
    Também, Carlos, podemos falar da antiga União Soviética e dos Países Bálticos, que visitámos conjuntamente, como também poderia falar de outros países chamados socialistas -RDA, Checoslováquia, Bulgária, Jugoslávia- onde a vida não parecia tão miserável como a que vimos em Cuba, mas ainda hoje estou convencido que os cubanos não eram menos felizes do que os povos com que contactámos naqueles países, apesar do racionamento de que falas em relação a Cuba e que nos outros países que cito não vi.
    Lembras-te, Carlos, do nosso almoço em Sancti Spíritus? Ainda tenho gravado na memória o profissionalismo da linda cubana a dizer-nos «Senhor desculpe, mas não há» e, depois de termos corrido a ementa, acabámos os quatro a comer «pollo asado», único prato que havia, embora a lista fosse longa e com anúncio de pratos apetitosos.
    Temos de marcar um dia para revermos o filme e as fotografias.
    Não posso terminar sem, mais uma vez, dar conta da raiva que sempre sinto, quando se fala de Cuba, ao pensar como tudo seria diferente se não fosse o criminoso bloqueio americano.

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  19. O Raul Castro anunciou hoje que o estado cubano vai ter de despedir 80% dos seus trabalhadores dependentes em 3 anos, suponho, e criar formas de trabalharem emnegócios não estatais.

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  20. E na Europa caminhamos para o mesmo. As pessoas têm que ter iniciativa, não podem ter,aos 30 anos, um emprego para toda a vida. É que para eles terem emprego para toda a vida, há quem não tenha emprego, nem precário,nem outro...
    Uma sociedade de funcionários é o pior pesadelo que se pode ter.

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  21. Eu diria, meus amigos, que o socialismo, o comunismo, nuna foram concretizados em nenhumadas sociedades em que pretensamente existiram. Não podemos ajuizar as potencialidades de um ideal que é mais do que a aplicação mecânica de regras socio-económicas, que preconiza uma forma diferente de as pessoas se relacionarem entre si, desvalorizando o ter e instituindo o primado do ser. Isto nunca aconteceu. Todas as tentativas foram atacadas ferozmente do exterior e (em alguns casos) miseravelmente traídas do interior - o paradigma, a União Soviética, de utopia passou a distopia ainda no tempo de Lenine (que não foi o santo que se julga - a trágica emulação entre Estaline e Trotski, teve início ainda no seu tempo). Chamar socialismo ao que está a acontecer na China, é para rir... Na minha opinião, não se provou que o socialismo não é possível. Os cerca de cem anos em que foi tentado, nada são à escala da História. O capitalismo vai afogar-se no seu vómito e terá de lhe suceder uma sociedade de contenção consumista, de aproveitamento sábio dos recursos, de gestão hábil das tensões... - quem sabe se algo como o socialismo não poderá corresponder às novas exigências e ser a solução?

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  22. Luís,
    (Nota prévia: tenho de começar a tratar-te por tu; porque muda o tom do que é dito; a reciprocidade é indispensável...)
    Tiras tantas conclusões dos factos históricos (certos ou errados...) e tão depressa; saltas - sem rede! - de posições ou declarações que, ideologicamente, são claramente de esquerda, para "evidências" de direita e proclamações simplistas da mais básica "cartilha" neoliberal, com justificações (como a do "emprego") tão primárias que até dói! (como a "metáfora da piscina" que um jovem empresário, nos finais dos anos 70, repetia num programa de televisão: era preciso que os trabalhadores mais velhos saíssem, para os mais novos entrarem no "mercado de emprego"... viu-se!), que tenho de confessar que desisto de debater estas questões contigo: portanto, não vou contrariar as tuas últimas afirmações que, (em meu entender, claro!) são, de vários modos, incorrectas...
    Dou-me por vencido. Não quanto às ideias, mas por falta de fôlego para acompanhar esses vertiginosos e erráticos movimentos... É que não tenho treinado, desde que me apareceu a hérnia...
    A única coisa que me preocupa é que, historicamente, foi sempre de "verdades inatacáveis" (de indivíduos ou grupos) que se partiu para regimes políticos inaceitáveis e dos quais discordarias com toda a veemência! Contra os quais te levantarias, como eu e todos os que por aqui andam, no blogue... E é isso que me comove em ti, ó anarca da vertigem!
    Mas nesta linha de debate ficam, acima, testemunhos e interpretações ricamente variadas...
    Paradoxalmente, a Augusta Clara, no texto em que usa mais "merda", é que melhor limpa os pratos:
    "Deixar de fazer arte não serve para nada. O mundo é uma merda, pois é. Mas o mundo somos nós e nós, também, somos tanta vez uma merda uns para os outros por coisas mais ínfimas. E a Humanidade sempre trilhou caminhos pouco limpos em todas as épocas. Que fazer? Não estou nada conformada com isso, não tenho muita tendência para o desespero. Não temos outro remédio senão continuar a gritar alto, a denunciar, a fazer o mais e melhor que pudermos. E não é preciso penalizarmo-nos por fazermos poesia ou seja lá que coisa bela for."
    Bravo, Augusta! Tomara eu ter esta talentosa "fúria"!
    Mas, noutras coisas não concordo consigo. Contra muita gente, muitíssimo de esquerda, considero que o Obama é mesmo de "esquerda", numa acepção que temos de recuperar, sem lhe colar nomes de ideologias políticas ou partidos. Só que... está nos EUA, onde, para os direitinhas, não passa de um malandro de um "socialista" igual, para tal gente - e nem sequer estou a falar dos "néocons" - é o mesmo que comunista! Já alguma vez leu "Babbitt" ou "Rua Principal", do Sinclair Lewis, que dissecam as origens do lado negro do "american way of life"?
    O facto de Obama não ter conseguido fazer, até agora (nem sei se o conseguirá, mesmo que seja reeleito), muito do que propôs, não o desqualifica: os inimigos dos seus projectos estão entre os mais poderosos do mundo e funcionam ao nível intelectual da Sarah Palin... Não costumam ver o John Stewart e o seu "Daily Show"? Mesmo com desfasamentos de tempo consideráveis, ele mostra-nos o que são os "cons", com os seus "teaparties", os "lobbies" que não escondem, a demagogia, a estupidez, as contradições lamacentas em que só não se afundam porque a leveza do conteúdo cerebral os mantém à tona.
    (continua)

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  23. Também estive algumas vezes na URSS, de que retirei uma visão diferente da do nosso amigo Adão Cruz (em que circunstâncias viajou? Em excursões, ou "mais à vontade"?). Estive em cidades novas, como Togliatti (onde se fabricavam os Lada, com tecnologia Fiat), com dez (!) escolas de iniciação musical para 600 mil habitantes, pistas para treinos de Verão... de esqui, modestas mas inúmeras "datchas" junto ao Volga. Mas também soube de práticas cruéis, de criaturas acoitadas (como no Uzbequistão) nos próprios PCs locais: vi na televisão a notícia do julgamento de mais de mil dos responsáveis, finalmente capturados numa gigantesca operação do KGB, já no tempo de Gorbatchev...
    A "construção do socialismo", nos países que a tal se propuseram, foi derrotada, sobretudo, pela sordidez genética do ser humano: o sonhado "homem novo" nunca se sobrepôs à natureza velha (vide Augusta).
    A penúltima vez que lá fui, integrado numa delegação do PCP (para troca de experiências sobre os "media", já que éramos todos da comunicação social, embora viesse a saber pelo "Jornal", quando regressámos, que, afinal, tínhamos sido enviados por Cunhal para avaliar a "Perestroika"... - só se fosse para tentar adivinhar quanto tempo o querido Boris levava a "fazer a cama" ao Gorbatchev, com a cumplicidade dos generais caducos e os infiltrados nas estruturas dos mineiros e tudo o que pudesse forçar muitas greves e dar cabo da economia), não me caíu nada bem ter ficado, em Moscovo, num hotel de luxo, reservado a "convidados" do PCUS.
    Mas!... na última estadia, com uma delegação sindical, que abrangia várias actividades (comunicação, ensino, teatro, cinema, etc.), contactámos com uma excelente companhia de teatro "independente", que a próspera cidade de Togliatti contratara. Pois, à minha pergunta: e se a experiência "independente" falhar? responderam-me, tranquilamente, que havia um número (impressionante) de teatros do Estado na URSS! (O amigo Boris, depois, explicou-lhes...)

    Muito há ainda a debater sobre estas questões.
    Discordo, por exemplo, do Carlos Loures, quanto à "crise dos mísseis". Andei por Cuba, mas há mais de 40 anos, ainda a Revolução era muito jovem (como eu...): os erros que então se cometiam - alguns terríveis - ainda se podiam atribuir à sua tenra idade, à inexperiência dos seus intérpretes e à maldade que perenemente pesa sobre os seres humanos e é a sua principal inimiga, aqui assaz atenuada pelo sentimento de reconquista da "dignidade" de quem sabia que a pátria fora, com Baptista, a casa de putas dos "gringos" made in USA.
    Cá p'ra mim, se Kruchtchev (escrito assim, para pronunciar com os "valores fonéticos" portugueses), que gostava de parecer um tanto lerdo, não tivesse negociado numa posição de força, mostrando os dentes (mísseis) a sério aos americanos, a invasão de Cuba era mais que provável; e foi precisamente o bloqueio americano que só deixou a Fidel a alternativa soviética.
    ETC...

    Paulo Rato

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  24. É verdade, Paulo, que eu tenho muita dificuldade em estar alinhado.Por exemplo, com os que têm emprego e usam a força que têm para exigir (como dizem) para si e não para quem precisa.Assim é fácil, e pior, há como que uma verdade oficial, o que me vira do avesso.Já fui corrido de 3 blogues onde escrevi(em prazo mínimo) porque não alinho com as maiorias. E sabes Paulo, eu fui um menino pé descalço, para estudar tive que o fazer ao mesmo tempo que trabalhava, tenho muitas dificuldades em aceitar estas exigências sem fim de funcionários para toda a vida que só pensam neles.Costumo dizer que quero para o meu país o melhor, e o melhor está aí à vista de todos, é só copiar.E, como diz o Loures, o grande problema é a existência de um homem novo, sem ele não há socialismo, há ganância e nenhuma solidariedade.

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  25. Paulo, e escusado será dizer que o primeiro blog era de direita e eu fui corrido por ser de esquerda; o segundo é de esquerda e eu fui corrido por atacar o Sócrates, no terceiro de que fui um dos fundadores fui corrido porque me quiseram censurar .Só medalhas...

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  26. Paulo, seria incapaz de viver nos US, por puro medo, é uma selva, onde o mais forte engole o mais fraco. Situa-me no centro e norte da Europa.Por nada me tiram daqui, para lado nenhum, vou e venho, já fui a muitos lados, em turismo e profissionalmente, nunca vi melhor, é a minha terra, em caso de dúvida estou sempre ao lado do Ocidente, onde posso sempre gritar até me calarem. Nos outros lados ninguem me manda calar porque me amordaçam antes. Estou disponível para tornar o Ocidente melhor.

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  27. Já estou como diz o Carlos Loures no seu fabuloso sentido se humor: "Nem que a divindade me mastigue eu volto a esta discussão", pelo menos por enquanto. Mas, como aprecio quem se dispõe, de peito aberto, ao debate, como você Paulo Rato, acrescento só isto: é sobejamente conhecida a minha admiração por Obama,a despeito do que gostaria de o ver resolver e ainda não resolveu: a questão da Palestina, por exemplo. Mas é caso para perguntar: e o que tem feito a Europa com quem Israel tem grande parte das trocas comerciais, grande trunfo para actuar? Pelo contrário, nutro um ódio profundo por muitos dos que, naquele país imperial têm trazido mais mal do que bem ao mundo actual. E, neste ponto, não posso estar mais de acordo com o meu querido amigo Adão (por mais que discuta ou divirja dele seja no que for, nunca deixarei de considerar amigo quem me tem dado tanta sensibilidade e tanta beleza desde que aqui cheguei)Se Obama é de esquerda ou não, tanto me faz.

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  28. Ainda cá volto Paulo. Diz você:
    "A "construção do socialismo", nos países que a tal se propuseram, foi derrotada, sobretudo, pela sordidez genética do ser humano: o sonhado "homem novo" nunca se sobrepôs à natureza velha (vide Augusta)."
    Nunca uma afirmação determista como essa poderia ser minha, dada a minha formação. Pelo contrário, o que você me ouviu contrariar foi atribuir ao património genético de cada um a responsabilidade exclusiva do que somos e do que fazemos, para além de que, em genética humana, sejamos humildes, ainda nem sabemos que grau de conhecimento atingimos.
    Ñunca me ouvirá falar em "sordidez genética" nem em "natureza velha". Nem uma nem outra coisa existem. A Natureza está sempre em mudança, "...nada se perde, tudo se transforma". É sempre tudo novo e apaixonante. Somos nós, seres humanos, os mais inteligentes da Terra, que temos utilizado esse igualmente apaixonante cérebro que possuímos, desnecessariamente para o pior quando, com ele, poderíamos ter construído aqui o tal Paraíso que foi preciso a muitos irem buscar às religiões.

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  29. Primeira resposta, ao Luís, convencido de que, no "Ocidente", ninguém o manda calar, provavelmente porque a "democracia" o defenderá sempre.
    Pois. Mas não vás para a democrática Região Autónoma da Madeira mandar bocas menos agradáveis ao Alberto João e sua clientela: corres o risco de te agredirem "in loco" (já aconteceu a amigos meus) e de ainda levares com processos por difamação em barda, sendo o contrário impossível, porque o Dr. Jardim, democrata exemplar, está acoitado atrás da sua "imunidade". E já o viste a ameaçar jornalistas em directo, em plena noite de mais uma vitória "estalinista"..., ou escapou-te essa?
    A coisa também não funciona lá muito bem prós lados da "bota", que era italiana e agora é berlusconiana e daquela rapaziada do Norte, do Bossi, muito democrata!, só um bocadito racista, mas também, ninguém é perfeito... O homem mais rico de Itália, com a posse da RAI UNO a juntar ao resto do império mediático (que não é dele!, é só duns familiares e lacaios...), deu logo o exemplo, após a última eleição vitoriosa, afastando das pantalhas televisivas um dos mais prestigiados jornalistas da estação (e que até é de direita...), só porque
    cometeu o pecado de tornar pública a sua decisão de não votar como "devia"... E o mais democrata desta fandanguice até acaba por ser... um ex-fascista!
    Nôtre ami Sarkozy, lui aussi, ne se lasse pas de nous donner des beaux exemples! Attention au cœur: "Liberté, Égalité, Fraternité"! (Ao som de "Tzigane", de Ravel?)
    Por cá, já fui censurado, sem margem para dúvidas, na página electrónica da SIC Notícias: cheguei a ver lá a minha crítica a declarações de Passos Coelho, no programa do M. S. Tavares, sobre o SP de televisão. E eis que, quando voltei lá no dia seguinte... tinha voado; talvez porque, nas minhas considerações, punha em causa a capacidade cultural da maioria dos jornalistas no activo?... E "linguagem ofensiva", da boa, era do que mais havia nas intervenções posteriores... O "Público", quando eu estava no activo, tinha as escolhas mais abertas e o pessoal (de deontologia mais afinada) da minha geração mantinha alguma influência, ainda publicou alguns escritos meus. Hoje, mesmo as poucas "cartas ao Director" que envio, em geral criticando procedimentos do próprio jornal, interpelando um ou outro "missivista" - alguns, curiosamente, de mui frequente comparência -, ou cronistas (provavelmente intocáveis...) nunca são publicadas.
    Há sítios piores? Há, e muito! Mas a "liberdade de expressão" em plena "democracia" tem estranhíssimos impedimentos.
    Entretanto, a extrema-direita sobe eleitoralmente, por essa Europa fora: nada melhor para lhe amassar uma boa base de apoio do que aumentar o número de desempregados, de esfomeados, de miseráveis desesperados e sem perspectivas.
    Neste momento, apesar da desilusão e do cansaço, tenho de estar disponível para DEFENDER a Democracia: considero ser essa a tarefa mais urgente!

    Paulo Rato

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  30. Segunda resposta, à Augusta Clara.
    Nunca foi minha intenção atribuir-lhe expressões que lhe sei alheias. A "sordidez genética" é totalmente da minha autoria. A remissão para o seu texto, baseou-se na ideia de que ele incluía, em parte, as "consequências" da minha asserção. Não expliquei (que já escrevo demais...) e tem toda a razão em o apontar: não era aí que devia ter poupado.
    Contudo, a minha afirmação também não é determinista. O que eu afirmo é que a herança genética da luta pela sobrevivência, na evolução do animal Homem (até ao "homo sapiens sapiens"), se sobrepõe demasiado facilmente, no seu comportamento, a outros factores, nomeadamente civilizacionais - com tudo o que isso implica de aprendizagem, educação, etc. - emergindo a "sua" natureza (por isso não lhe pus inicial maiúscula) "velha", ainda ligada à disputa do naco de carne, solidária tão só se exigido pela "sobrevivência da espécie".
    O que afirmo é que do naco de carne se passa para as receitas dos "néocons" ou do FMI, ou da OIC, ou das distracções dos gestores e técnicos superiores em relação à segurança, seja no furo marítimo da BP, seja nas minas (do Chile ou da China, ou...), porque a herança genética se mantém muito atrasada face à civilizacional, científica, tecnológica.
    Isso explica que, aqui perto, na latina e "douce France", Sarkozy troque ciganos por votos...
    Isso explica que a "grande cultura alemã" tenha desembocado no nazismo e na cobardia em o enfrentar. E espécimes do dito animal, de culturas não muito diferentes, se envolvam na ex-Jugoslávia, em limpezas étnicas, com requintes de crueldade, não apenas no âmbito geral, mas na particularidade do "mais forte" que obriga um "inferior" a arrancar os testículos à dentada a outro... Foi "um" caso? Foram milhares! A palavra "sordidez" é excessiva?
    Se "somos os mais inteligentes da terra", porque será que temos usado o "apaixonante cérebro (...) para o pior"?...
    Lutei activamente, desde a adolescência, pela Liberdade e pela Democracia. Vencida a ditadura, continuei a bater-me por melhores condições de vida para todos, por uma sociedade mais justa, onde a miséria e a ignorância não tenham lugar; quase sempre encontrei do outro lado "grandes democratas", com cabazes de razões para legislarem e agirem cada vez mais - coitados! - contra as suas ideias...; mas é a situação internacional, a crise de anteontem, de hoje e de amanhã, eu sei lá que desgraças.
    E fui vendo, até, antigos companheiros de luta, "forçados" a tomar posições gravosas para os mais desfavorecidos, e cada vez mais bem acomodados na "vidinha". E também observo, já sem espanto, os que não precisam de lições sobre "direitos do homem" - como ainda hoje ouvi dizer um sr. deputado do PSD, em defesa de propostas vergonhosas de alterações da Constituição. Será que a criatura tem algum recheio pensante no interior da caveira?
    (continua)

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  31. Cada vez mais, a análise racional do que vou vendo e conhecendo me leva à conclusão (triste) de que o animal Homem continua a ser o predador de há centenas de milhares de anos, sempre em busca de acumular mais ossos, ou sal, ou conchas, ou colares com dentes e crânios dos inimigos vencidos: porque ele é o mais forte, com a pedra, a clava, a lança, o arco... a bomba; e o outro "era" o mais fraco, com a sua flauta, o barro de diferentes cores, a falta de força ou jeito para o confronto directo ou, vá lá, a sub-reptícia e sempre útil artimanha.
    Finalmente: o modo como me exprimo, tendo a ver com a minha preocupação crescente com a evolução negativa que o Mundo me mostra, às escâncaras, é simplesmente "o meu estilo".
    Já pensou que a inteligência média do "homo sapiens, sapiens" pode não ser lá grande coisa? E que, entre os que justificam a (exagerada) denominação da espécie, o raio das reminiscências predadoras é capaz de ser maioritário?
    É preciso não ceder à tentação de desistir, mas com a consciência clara de que o mais duro e difícil de transformar é o próprio ser humano.
    Desculpe a minha canhestra remissão para as suas palavras.
    Quanto ao que penso e ao modo como me exprimo... é assim.

    Paulo Rato

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  32. Tens toda a razão,Paulo, é o sistema pior de todos mas não há melhor.Temos que lutar para podermos avançar, e luta-se com mais democracia, não com menos.Defender o Estado de Direito, a economia social de mercado, reservando o Estado para si as actividades estratégicas, defender o Estado social, há muitas tarefas fundamentais. Por exemplo a sociedade civil não existe, culpa nossa, sem uma sociedade civil forte nunca os políticos vão mudar. Quanto ao Alberto João, é preciso dizer-lhe para ele propor a independencia e deixar-se de chantagens.

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  33. Não tem mal Paulo, mas era minha obrigação fazer essa correcção. O que eu acho é que, como já lhe foi sugerido, você devia enviar textos com as suas tão válidas e fundamentadas opiniões. Precisariam só de um pouco mais de sistematização para o texto não ser excessivamente longo. Salvo melhor opinião.

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  34. Augusta,
    Não me recordo qual foi o clássico português (talvez o Pe. António Vieira??...) que escreveu certa vez algo do género: "Esta carta vai longa porque não tive tempo para a tornar mais curta..."
    É o meu problema: para reduzir os textos que escrevo, mantendo o conteúdo, tenho de os rever várias vezes, como sempre fiz com inúmeros comunicados (CTs, Sindicato e outras organizações que integrei), comunicações em colóquios, artigos para jornais, etc. Tentarei fazê-lo, de futuro.
    Mas o tempo, depois dos 60, começa a ser - ou parecer - conscientemente escasso... E sempre posso dizer que pertenço à "linhagem" do Alejo Carpentier...

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