quarta-feira, 20 de outubro de 2010

China - tal como no Chile de Pinochet não há milagre

Luís Moreira

Ter um Estado que domina os recursos estratégicos do país, um partido único que domina com mão de ferro qualquer manifestação de democracia, assentar a economia em baixos salários e amordaçando os trabalhadores que não têm qualquer representatividade sindical, ja foi experimentado no Chile de Pinochet. Aqui, com a diferença importante de ter entregue as riquezas naturais ao poderosos vizinho do norte.

O "milagre" não é nenhum, apesar de vermos uma economia a crescer a dois dígitos, enquanto as economias ocidentais definham a 2% com a provável excepção da Alemanha que vai crescer 4%. Nós também somos uma excepção mas é para pior, crescemos 1% que não resolve nada, nem cria riqueza nem postos de trabalho...

A Quadratura do Circulo não foi resolvido com os dois sistemas da China, a miséria é muita, há largas partes de país que não partilham do sucesso e, assim, é fácil. Basta ver que nos governos de Salazar a economia crescia a dois dígitos, até tínhamos a segunda maior reserva mundial de ouro, nas estava tudo assente na miséria de grande parte do povo, nos baixos salários, era como um pai guardar dinheiro no banco e enriquecer e não mandar os filhos à escola e ao médico.

Já pagamos para este filme! Dizia um dos guias, controlador e agitador ideológico do partido comunista, que a prioridade era matar a fome a um povo que representa 21% da população mundial e que só tem 8% da terra arável e que isso explica a falta de liberdade de expressão e a justiça que é implacável.

Por enquanto não há soluções milagrosas, há soluções que têm que ser evolutivas, graduais,no sentido do equilíbrio. Mais uma razão para sermos implacáveis com os especuladores gananciosos que não hesitam em lançar o mundo numa crise sem precedentes.

2 comentários:

  1. Estou de acordo, é feliz a comparação com a miséria salazarenta. Comentei aqui outro post, dizendo que não acredito no milagre chinês.
    As taxas de juro subiram agora na China tentando conter a subida galopante dos preços. A economia sobe dois dígitos mas também o preço dos imóveis sobem dois dígitos, há uma bolha especulativa na construção e na bolsa.
    A divisa está artificialmente baixa e como os chineses são bons a imprimir notas, os problemas vão-se agravar. Têm um miserável PIB per capita, a baixar desde 2007. A diferença entre o campo as cidades e as zonas económicas especiais já não são de um país e dois sistemas, mas de duas ou três velocidades em que o campo e o trabalho estão parados. Depois têm o separatismo em Xinjiang ou Turquistão Oriental ocupado pela China, e colonizado pela maioria Han desde aí, sujeitando a agora minoria Uigur à segregação racial; como o território é imenso, tem petroleo e gás natural, e os separatistas são muçulmanos de origem turca, não será nenhum Tibete.
    Vão continuar a dar cabo das economias do mundo enquanto não lhes forem impostos regras.

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  2. É verdade, a miséria que vi tirou-me toda e qualquer veleidade de ver ali uma solução. Miséria extrema. O Ocidente não pode continuar a alimentar aquela injustiça social abrindo as fronteiras aos produtos que trabalhadores escravos produzem a preços reduzidos. Acabar com o dumping social é a melhor forma de ajudar o povo chinês.

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