quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eleições presidenciais do Brasil

Sílvio Castro

O 1º. turno das eleições presidenciais brasileiras de 3 de outubro passado foi a demonstração de que os dois candidatos principais, Dilma Rousseff e José Serra, não convencem completamente a maioria do eleitorado nacional e, ao mesmo tempo, um aviso a ambos, remetendo-os ao 2º. turno, a realizar-se no próximo 31 de outubro, que este mesmo eleitorado se mantém vigilante e com inevoquável capacidade crítica e de escolha. Foi um resultado que nos leva a crer que o período auge das lobies políticas já passou, mas igualmente que não basta um carisma, direto ou indireto, do candidato para levá-lo à vitória.

A grande surpresa do primeiro turno foi a votação da candidata dos Verdes, Marina Silva, com os vinte milhões de votos alcançados. Na sua maioria, tratam-se evidentemente de votos de protesto, mais diretamente endereçados à candidata de Lula, ainda que o social-democrático José Serra também tenha o seu quinhão na mensagem popular. Em tais resultados pode-se ler, igualmente, sobre uma possível revisão da antiga influência da televisão quanto aos resultados eleitorais. Em particular, a rede Globo decai no seu poder de convencimento popular. Ainda que isto não signifique naturalmente que o olhar popular, fixado pela mensagem televisa, possa considerar-se completamente imune do fatal fascínio.

A partir de todos esses elementos, indecifráveis à primeira vista, a possibilidade de que a TV Globo possa servir de trampolim a uma grande recuperação de José Serra em relação a Dilma Roussef não seja completamente coisa a excluir-se. Certamente Dilma parte avantajada pelos 16 milhões de votos que conquistou a mais do que Serra em 3 de outubro e que, como declarava cautamente Lula dias antes da eleição, vencer no primeiro turno não é a coisa absolutamente principal; antes de tudo, importante é partir para o segundo turno com um boa margem de votos conquistados no confronto com o mais direto adversário. Lula assim raciocinava porque foi o quanto viveu nas suas eleições vitoriosas...

Certamente, até o próximo 31 de outubro, o Brasil viverá um período de grande expectativa. A grande votação de Marina passa a ser o fiel da balança de tudo, mas como demonstra a história de todas as eleições de segundo turno nem sempre é possível teleguiar-se os números de uma grande votação de protesto. E muito menos considerá-los como coisas necessariamente possuídas...

Nessa grande expectativa, a sabedoria popular que conduziu os dois candidados ao segundo turno declara em alta voz que, seja Dilma a vencedora ou Serra o novo presidente, nenhum deles possa interromper o processo de crescimento econômico-social do Brasil, pretendendo de apresentar-se com um comportamente político inteiramente diverso daquele que conduziu o País a tal crescimento.

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