sábado, 2 de outubro de 2010

O Orçamento é uma espécie de confessionário.

Luis Moreira

O Orçamento tem como parceiro natural o PSD diz o PS sem se rir, da mesma forma que os parceiros naturais do PS nas eleições são o BE e o PCP .O PS precisa de um parceiro para, naturalmente, arcar com as medidas neoliberais e anti-populares que aí vêm e quem melhor do que quem lhe pode tirar o poder?

O relatório da OCDE não é bem o que por aí anda nos jornais e na boca dos PS, é bem pior, como a despesa é muito inflexível, vai-se pela receita, mais impostos, o que vai arrefecer a economia ainda mais, quando a economia da Alemanha cavalga a 4% nós nem aos 1% chegamos. Se tivéssemos o trabalho de casa feito, podíamos agora beneficiar com as exportações para a Alemanha, mas como não fizemos, andamos a sonhar com o TGV e o aeroporto, outros beneficiarão.

O trabalho de casa era ter dado prioridade às PMEs, como toda a gente aconselhou o governo, que são quem exporta, quem cria postos de trabalho e as que mais rapidamente se acomodam às novas condições. Infelizmente, as políticas económicas foram dirigidas para os bancos, para as empresas publicas e para os megainvestimentos, deixando para segundas núpcias os investimentos de proximidade.

O Orçamento é a confissão dos pecadores, já não podem esconder mais os pecados capitais, trava-se o TGV, o aeroporto, os contentores de Alcântara pagam milionárias indemnizações , as locomotivas já não vêm, e os submarinos andam debaixo de água a ver se a gente se esquece das comissões...

Por mim,para além das avés marias da praxe, levavam com o FMI...

PS: já depois do texto escrito o governo anunciou as medidas que jurava que nunca faria. Não há almoços grátis!

2 comentários:

  1. Independentemente dos parceiros (partidos) e das medidas que de facto são impopulares, na prática quem arca com elas é o povo e não os partidos ou quem os representa, dado que o seu único objectivo (de todos) é ter ou participar do poder.
    Pessoalmente entendo que deveriam de ser tomadas medidas mais corajosas, que tivessem como objectivo o médio longo prazo e não apenas os próximos 6 meses, como me parece ser o objectivo das anunciadas (O Fundo de Pensões da PT é para já, com o único objectivo de tentar cumprir as imposições de Bruxelas quanto ao defice no final de 2010).
    Se a pretensão fosse de médio/longo prazo as medidas a tomar deveriam quanto a mim ser principalmente as seguintes:
    - Não alteração da taxa de IVA, dada a economia paralela que se prevê e de que não vão resultar grandes receitas para o Estado;
    - Criar um imposto ou taxa especial extra (taxa de crise), sobre todos os rendimentos obtidos:
    salários públicos e privados, reformas, capitais e outros.
    Haveria assim equidade social na cobrança de um Imposto ou taxa que se aplicaria a todos e que reverteria, com menos fugas, para o efectivo aumento das receitas públicas.
    O Estado anuncia a redução dos salários e reformas do sector público.
    Ao mesmo tempo diz estar a preparar legislação para propor alteração da Lei do Trablaho sobre esta matéria, por forma a que as entidades privadas possam fazer o mesmo.
    De facto estes políticos não fazem "o trabalho de casa" e vão abrir um precedente que, como sempre, protege o capital e é um grande retrocesso nos direitos dos trabalhadores. Afinal o Estado vai dar ao capital a possibiliddae de fazer o que quiser e os trabalhadores vão ter de aceitar o que lhe quiserem dar.
    Reduzir os salários dos trabalhadores é um atentando contra os seus direitos. A criação de um imposto extra ou taxa de crise,não deixaria de ser anti-popular, reduziria de facto o rendimento dos trabalhadores, mas tratandio-se de um imposto ou taxa o valor cobrado seria receita do Estado e poderia ser revisto ou mesmo anulado, quando as condições económicas o permitissem.
    Como se anuncia a situação vai ser diferente. Os trabalhadores passarão a ganhar menos e toda e qualquer revisão futura das suas remunerações, terá sempre como base o valor que agora passam a receber.
    O Imposto extra ou taxa de crise, como entendessem chamar-lhe seria mais justo em termos sociais porque se aplicaria a todos sem excepção e teria, acreditando que a crise não pode manter-se eternamente, um fim há vista.
    Quanto ás despesas e investimentos do Estado há que reduzi-las á realidade das nossas possibilidades, começando por exigir um respeito total pelo cumprimento dos orçamentos e objectivos definidos, como se faz nas empresas privadas que são bem geridas.

    ResponderEliminar
  2. Nesta fase do campeonato, aos partidos da oposição e ao governo não restam nenhumas iniciativas, apenas olhar para a conjuntura e contabilizar perdas e ganhos de votos.
    Os remédios são importados, impostos, inevitáveis, e provavelmente ineficazes para cicatrizar o mal nacional que não é dos governos (apenas) mas de toda a sociedade.
    A análise que vale a pena fazer, em minha opinião é; até que ponto as medidas tomadas serão recessivas. O corte do investimento público é o maior problema, pior que viver com menos dinheiro é não ter dinheiro nenhum para viver. Os "megainvestimentos" são trabalho para as PMEs, o TGV em Espanha foi relançado em todas as linhas, veja-se o que Obama está a fazer nos EUA.
    A redução do salário no sector privado não é uma necessidade, podem reduzir a massa salarial acabando com postos de trabalho. Esse é um problema no "público", que a Espanha já não tem salvo erro há 2 anos, lá pode-se dispensar trabalhadores do Estado.
    A Alemanha arrancou e a Espanha vai arrancar porque não liquidaram o sector produtivo. Os portugueses foram na léria do país de serviços e altas tecnologias, continuam a importar mais do que produzem; ainda bem que há governos para arcarem com as culpas.

    ResponderEliminar