sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –11: por Raúl Iturra

(Continuação)


O meu comentário é que Alice Miller foi capaz de explicar o terror da criança, matéria também abordada por mim, nas pesquisas efectuadas ao longo dos quase quarenta anos da minha vida em vários sítios do mundo. Aliás, o texto que comento, está baseado na análise de uma pintura a óleo de Rembrandt . Miller observa essa pintura com a sua nova metodologia de estudar desenhos e o seu significado e assim entender o sacrifício de um pai, que deseja cumprir a lei e a ordem sócio – religiosa e ritual, essa parte das nossas vidas, que comemoramos com festas e presentes, comidas e bebedeiras, mas nunca com a intenção do sentimento de fé para o qual foram criadas pelo ser humano. São festas de passagem de uma a outra forma de vida. Na sua análise da pintura, Miller, diz que Abraão leva o seu filho para ser degolado em frente da divindade, Javé , como é denominado Deus entre hebreus e cristãos de ontem e hoje, normalmente nas Bíblias da Igreja Católica, Anglicana e outras anteriormente. Cristãos e muçulmanos usam também a palavra Alá. O sacrifício era por ordem dessa divindade que queria provar se Abraão era ou não um filho obediente do seu Pai dos Céus, disposto a matar o seu filho, para agradar ao pai. Se eu fosse Miller, diria que é uma filiação mal entendida e um pai provador de obediência e submissão aos seus requerimentos.

No minuto que esse pai, tipo Pater Famílias ou Cabeça de Casal, como está definido no Anexo 3 deste texto, lhe diz: "Pára, vejo que sabes obedecer", o pai não degola Isaac, o seu filho adorado. Miller diz, ao interpretar a pintura de Rembrandt, que "Aí jaz o filho, um adulto em plena posse das suas faculdades, calmamente à espera que o pai o mate." (página 145) Porquê esta aceitação do filho? Porque acredita que o pai faz o que deve ser feito e que tudo em contrário seria mau para o seu povo . Acrescenta Miller ter pensado nessa pintura para provar a sua hipótese do mal que os pais podem fazer aos filhos na sua interacção familiar. Encontrou várias versões da pintura a óleo do já referido Neerlandês, O Sacrifício de Isaac . De todas, escolheu duas versões, a de Leninegrado e a de Münich, nas que a mão do pai cobre a face do filho, privando-o de visão, fala e respiração. As linhas principais parecem ser, diz ela: o sacrifício do infante, o quarto mandamento e o imperativo da cegueira. Freud diria: a castração que o pai faz à vida do filho. Nalgumas das gravuras encontradas, Isaac aparece relaxado, obediente e calmo, está nas mãos do pai. Nenhuma dessas gravuras pode mostrar o que é, em situações deste tipo, óbvio: as perguntas de Isaac, que poderiam ser: Pai, porque me quer matar? Por acaso a minha vida não tem valor para ti? Amo-te, confio em ti, porque não falas comigo? Qual é o meu pecado? O que tenho feito para merecer isto? Questões impossíveis de colocar se não se está no mesmo posicionamento social, facto que permite uma confrontação. Mas, Isaac está de mãos atadas, no altar do sacrifício, disposto a ser imolado. Como poderia colocar perguntas se a mão do pai lhe tapa a cara, a boca, não permitindo que veja, ouça ou fale?

Notas:
Rembrandt Harmenszoon van Rijn (Leiden, 15 de julho de 1606 – Amsterdã, 4 de outubro de 1669) foi um pintor e gravador holandês. Em 1645 pinta a óleo Abraão e Isaac, analisado por Miller como símbolo de ritual, religiosidade e obediência, comentado da página 143 a 152 do seu texto em formato de papel, anteriormente citado, Ensaio 6. Na página 144 está reproduzida uma cópia a preto e branco da pintura analisada. Considerado um dos maiores pintores, as suas contribuições para a arte surgiram num período denominado pelos historiadores por "Século de Ouro", no qual a influência política, a ciência, o comércio e a cultura neerlandesa — particularmente a pintura — atingiram o seu ápice.



Javé é o nome atribuído ao denominado criador do mundo, nome usado na Bíblia de todas as religiões, excepto no Alcorão, onde é denominado Alá. No entanto, o uso de palavra Javé ou Jawhvé é de origem hebraica, para evitar pronunciar a palavra da divindade, Deus, apenas usada nas orações da manhã e nas da noite. Houve uma indicação do Vaticano, por ordem papal, que diz: CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 11 de Setembro de 2008 (ZENIT.org) - A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos enviou uma carta às conferências episcopais do mundo sobre o nome de Deus, na qual pede que não se use o termo «Javé» nas liturgias, orações e cantos. A carta refere-se ao uso do nome «YHWH», Deus no Antigo Testamento, que em português se lê «Javé». O texto explica que este termo deve ser traduzido de acordo ao equivalente hebraico «Adonai» ou do grego «Kyrios»; e põe como exemplos traduções aceitáveis em cinco idiomas: Lord (inglês), Signore (italiano), Seigneur (francês), Herr (alemão) e Señor em castelhano, idioma que é referido, por ignorância das pessoas, como espanhol.


A carta está assinada pelo cardeal Francis Arinze e pelo arcebispo Albert Malcom Rajith, respectivamente prefeito e secretário da congregação do Vaticano, seguindo uma directiva de Bento XVI. Indicações para não ferir as emoções de fé de muitos que convivem entre nós. Porquê este debate num trabalho sobre o saber das crianças? Para os adultos explicarem a si próprios e aos seus descendentes, a necessidade de respeito para pessoas que não pensam como nós, ou que pensam como nós de uma outra maneira, tão válida como a nossa. Parte desta nota foi retirada de: http://blog.bibliacatolica.com.br/tag/jave/ ou noticiário em linha da Bíblia da Igreja Católica. Aliás, há um debate sobre o uso da palavra, que diz: Não é verdade o que alguns afirmam que ninguém sabe o nome de Deus. A verdade é que o nome de Deus é Javé, Yahweh em hebraico que significa: aquele que é. Nome que aparece mais de 6.800 vezes no Antigo testamento.


1-o nome de Deus é Javé, em hebraico: Yahweh (Iavé) formado da conjugação do verbo Hahvah = ser na terceira pessoa do singular: Ya, no modo causativo incompleto, ele=Ya mandar ser=hweh ou fazer ser =hweh. Prova que o nome de Deus é Yahweh, em português: Javé.


2-antigos escritores gregos cristãos transliteram o nome de Deus do idioma hebraico para o grego como Iaoue e Iabé que corresponde em hebraico a Iavé. Isso prova que o nome de Deus era pronunciado Javé.


As pronúncias Jeová, Ieuá e Yaou não são correctas. O nome de Deus, o Pai é Javé...Debate em: http://foruns.terravista.pt/SForums/$M=readthread$TH=3028314$F=55633$ME=8103689 Este debate de hermenêutica serve para entendermos o que a criança não sabe porque os seus pais também o não sabem, e porque o saber da criança passa pelo respeito aos outros ou reverência; deferência; consideração; apreço; importância; submissão; ponto de vista. É este conjunto de conceitos os interessantes para a criança saber. O saber da criança passa pelo conteúdo, de forma menos importante, que pela forma de ver, ouvir e calar, sem encontrar respostas, mas com respeito ao que os outros fazem.


Alá: Alá ou Allah (em árabe الله pronúncia ajuda • ficheiro • ouvir no browser, allāh, "deus", "divindade"), é a designação do Deus único do Islão no idioma árabe[1].


A palavra tem a mesma raiz de el, um dos termos que designa o Deus único na Bíblia e que forma o sufixo de numerosos nomes próprios de origem hebraica ou aramaica como Daniel, Rafael, Miguel, Gabriel e inclusive Abdallāh ("servo de Deus") com referência ao termo Allah que também designava, antes do Islão, o deus único do panteão em Meca.[carece de fontes?]. Pensa-se erroneamente que Alá seja o nome próprio de um deus particular dos muçulmanos; no entanto, o termo é utilizado também pelos cristãos e judeus de língua árabe ao se referirem ao Deus de suas religiões. A palavra é uma contracção de Al-ilāh, isto é, "O Deus", e a sua tradução correcta é "Deus",[2] com maiúscula, posto que se refere ao Deus único. A palavra "deus", que se refere a qualquer outra divindade, é ilāh (ﺇﻟﻪ), no[1] plural ilāhāt (ﺇﻟﻬﺎﺕ)...A palavra Alá está na origem de algumas palavras do espanhol e do português como "ojalá"/"oxalá" (w[a] shā-llāh, "queira Deus"), "olé" (w[a]-llāh, "por Deus") e "hala" (yā-llāh, "oh, Deus").[Allah (Arabic: الله‎, Allāh, IPA: [ʔalˤːɑːh] pronunciação (pronunciation (help•info)) é a palavra comum Árabe para Deus (Arabic word for 'God.'[1]) . Apesar de ser conhecida no Ocidente (West) como conceito usado pelos Muçulmanos (Muslims) quando se referem a Deus, é, contudo, usada por todos os árabe - falantes de todas as religiões de fé Abrahámiça, (Abrahamic), incluindo Cristãos e Judeus ( Christians and Jews). Conceito também usado na época pré –Islâmica (pre-Islamic Arabia) pelos pagãos Meccans (pagan Meccans), como referência à divindade criadora, na qual os habitantes da Cidade da Meca acreditavam, perseguindo a nova fé Islâmica de Maomé, retirado de : http://en.wikipedia.org/wiki/Allah e de Encyclopædia Britannica, 2007, bem como da minha informação pessoal.


Mais elementos sobre a hermenêutica das crianças para entendermos a sua mente cultural, conceitos que nenhum analista usa nem neles pensa para saber como está a emotividade da criança, que, saiba ou não, orienta-se pela lógica religiosa. A parte da nota de rodapé que não é minha, traduzi-a livremente para português, porém, guardei as palavras em língua inglesa para ligações externas. Reafirmo o que disse na nota de rodapé, quanto há necessidade de os adultos aprenderem a respeitar outros sentimentos de fé, ou o respeito de uma forma geral, atitude oposta à da Igreja Católica que reintroduziu, em 2008, por Ratzinger ou Bento XVI, o pedido à divindade pela conversão dos judeus ao cristianismo, que, aliás, já havia sido retirado das orações da Missa por João XXIII, em 1960. Prova do que eu denomino falta de respeito. Este texto foi, em parte, retirado de: http://www.visaojudaica.com.br/Marco2008/artigos/24.html, do saber comum de jornais e de comentários raros, de rua. Raro, porque maioritariamente a população não é catequizada em teologia e manifesta desinteresse pelas lutas religiosas, exceptuando Bispos, Papas e Rabinos. O Chefe da Igreja Judaica de Itália, comenta: “Insatisfeitos com a nova versão autorizada pelo papa Bento XVI para uma polêmica oração que pede a conversão de judeus ao catolicismo, rabinos e líderes da comunidade judaica na Itália propuseram uma «pausa de reflexão» no diálogo entre as duas religiões”. A reintrodução da oração nos rituais católicos foi autorizada em Julho do ano de 2007, mas o novo texto foi apenas divulgado esta semana. Essa nota de Giuseppe Laras, o referido Chefe da Igeja Judaica italiana, disse que o texto requer “no mínimo, uma pausa de reflexão que permita compreender profundamente as efetivas intenções da Igreja Católica”.


Em tom semelhante, o rabino de Roma, Ricardo di Segni, disse aos jornais italianos que a decisão do papa representa uma volta ao passado de “43 anos atrás, que impõe uma pausa de reflexão no diálogo judaico-cristão”. A polêmica oração tinha sido retirada da liturgia católica na década de 1960 pelo Concílio Vaticano II. Concílio esse, que também deliberou substituir o latim, usado nos rituais da fé católica, pelos idiomas locais na liturgia. Texto completo em: http://noticias.terra.com.br/mundo/novopapa/interna/0,,OI647673-EI4832,00.html. Ora, o saber das crianças pode ficar danificado, porque na sua indoutrinação de catequese, são ensinadas a detestar, a não gostar e a desdenhar de um grupo imenso de seres humanos, como aconteceu na Alemanha do grande ditador, saiba ou não deste facto Alice Miller, para as suas análises sobre crianças. Torna-se, assim, necessário reagir a este retrocesso, como afirmam já muitos católicos. É preciso voltar aos tempos do Concílio Vaticano II que, certamente, não é ensinado às crianças na Catequese, especialmente a partir do Século XXI (2008), porque Ratzinger retornou aos sistemas de papado dos Papas que se fizeram chamar Pio, no inicio do Século XX.


Retirado do meu texto em linha, A Página da Educação, Nº 106, ano 10, Outubro de 2001, página 22, em: http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=1558


Sacrifício de Isaac, conhecida pintura de Rembrandt, que se encontra no Museu Hermitage de São Petersburgo. Notabilíssimo, pela doçura e transparência das meias tintas espalhadas no rosto do anjo, pela modelação das figuras e efeitos prodigiosos de luz. Este tipo de pintura tem sido tentado por muitos artistas. Entre as telas mais conhecidas, destacam-se as de Andrea del Sarto com a Madonna delle arpie que se encontra no Museu de Dresden; Hipólito Fiandrini que se encontra no Museu de Saint-Germain-des-Prés, Paris e o baixo relevo de Jean Goujon, em Chantilly. Análise em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sacrif%C3%ADcio_de_Isaac


(Continua)

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