Torre de Moncorvo (muitas vezes chamada simplesmente Moncorvo) é uma vila no Distrito de Bragança, com cerca de 3 000 habitantes.
O seu ex-libris é sem dúvida a Igreja Matriz, cuja construção se iniciou na primeira metade do século XVI e terminou cerca de 100 anos depois.
É de salientar, na fachada o belo pórtico em estilo renascença. O interior ostenta um grandioso retábulo setecentista e uma das mais notáveis obras de arte – o tríptico de Sant'Ana, de origem flamenga. Está classificada como Monumento Nacional por Decreto n.º 16/6/1910.
Nesta vila viveu a minha irmã desde 1978, até falecer em Novembro de 2009.
Durante esta minha estadia não pude deixar de me questionar de novo, sobre os motivos que terão levado a minha irmã (que na altura já tinha um filho) a esta emigração que ainda hoje considero insólita.
Nasceu na cidade de Castelo Branco, fez o curso de medecina em Lisboa e depois não lhe faltaram oportunidades para se realizar e evoluir profissionalmente, no que era o seu sonho desde menina – o estudo e a prática da medicina de que tanto gostava.
Perguntei-lhe várias vezes mas nunca me deu uma resposta convincente. Respondia sempre da mesma maneira: estou bem onde estou.
Considero que terá pesado bastante a decisão do marido (advogado) querer exercer a sua actividade na terra onde nasceu.
Mas aquela resposta: “estou bem onde estou”, continuava para mim sem entendimento. Perguntava-me : Terá sido por submissão à decisão do marido? Terá sido o espírito de missão? Terá sido o destino!
O que move o ser humano?
A sua mentalidade? O interesse individual? As regras da sociedade?! A missão? A Submissão? O Destino!
A minha irmã para além do casamento natural que tinha com a prática da medicina, cantava fado, escreveu dois livros e pintava.
Num dos quartos da sua casa encontrei agora, entre várias das suas telas, um testemunho escrito (Momentografia) de alguém que esteve numa das suas exposições de pintura e que, pela observação das mesmas, escreveu o seguinte:
MOMENTOGRAFIA
Dedicado a Rocha Girão
Talvez hoje
os caminhos rudes
fiquem desbravados
pela foice suave de alguns
passos que chamam sentidos.
Talvez amanhã
não se vejam pegadas
Mas o caminho,
esse tomou
a força de um trajecto que se fez.
Talvez depois de amanhã
o caminho traga pendurado
destinos embrulhados em caixas de sorrisos.
É VIDA em Seiva que percorre a sua alma.
A vida que rompe sentidos.
Uma palavra aqui cria caminhos.
Mas só as telas indicam o verdadeiro Caminho.
Dos Caminhos que se cruzam
nasce este tempo sob a forma de pintura
que se cola aos seres
para poder ser-se em delicadeza.
Talvez depois do depois de amanhã
se reescreva no seu texto íntimo
o que sonhou em silêncio.
A vida quis ensiná-la
a ter cada vez mais e mais caminhos
a ter cada vez mais vozes
a ter cada vez mais palavras
e mais sinceridade
E mais
Intensidade no quadrante emotivo e estético.
Rocha Girão pinta saltando trampolins
temporais
Para além do futuro só o passado
Para além do passado
Só o presente
E depois?
O tempo escrito em esfinge
Em círculos mágicos
Onde deixa transparecer a mulher.
Com as suas nuances
Rocha Girão salta
cordas de palavras e espaços…
Seduz o tempo físico.
Não se apega a
modelos.
Afirma a sua melodia
numa orquestra
nas suas paisagens interiores.
Sem estar no tempo
Eleva Castelos de Cores
Alimenta outros olhares colocando o seu a nu.
Traz nos dedos a VULCÂNICA
Vontade de VIVER
M. Pais de Sousa
Perguntei-lhe várias vezes mas nunca me deu uma resposta convincente. Respondia sempre da mesma maneira: estou bem onde estou.
Considero que terá pesado bastante a decisão do marido (advogado) querer exercer a sua actividade na terra onde nasceu.
Mas aquela resposta: “estou bem onde estou”, continuava para mim sem entendimento. Perguntava-me : Terá sido por submissão à decisão do marido? Terá sido o espírito de missão? Terá sido o destino!
O que move o ser humano?
A sua mentalidade? O interesse individual? As regras da sociedade?! A missão? A Submissão? O Destino!
A minha irmã para além do casamento natural que tinha com a prática da medicina, cantava fado, escreveu dois livros e pintava.
Num dos quartos da sua casa encontrei agora, entre várias das suas telas, um testemunho escrito (Momentografia) de alguém que esteve numa das suas exposições de pintura e que, pela observação das mesmas, escreveu o seguinte:
MOMENTOGRAFIA
Dedicado a Rocha Girão
Talvez hoje
os caminhos rudes
fiquem desbravados
pela foice suave de alguns
passos que chamam sentidos.
Talvez amanhã
não se vejam pegadas
Mas o caminho,
esse tomou
a força de um trajecto que se fez.
Talvez depois de amanhã
o caminho traga pendurado
destinos embrulhados em caixas de sorrisos.
É VIDA em Seiva que percorre a sua alma.
A vida que rompe sentidos.
Uma palavra aqui cria caminhos.
Mas só as telas indicam o verdadeiro Caminho.
Dos Caminhos que se cruzam
nasce este tempo sob a forma de pintura
que se cola aos seres
para poder ser-se em delicadeza.
Talvez depois do depois de amanhã
se reescreva no seu texto íntimo
o que sonhou em silêncio.
A vida quis ensiná-la
a ter cada vez mais e mais caminhos
a ter cada vez mais vozes
a ter cada vez mais palavras
e mais sinceridade
E mais
Intensidade no quadrante emotivo e estético.
Rocha Girão pinta saltando trampolins
temporais
Para além do futuro só o passado
Para além do passado
Só o presente
E depois?
O tempo escrito em esfinge
Em círculos mágicos
Onde deixa transparecer a mulher.
Com as suas nuances
Rocha Girão salta
cordas de palavras e espaços…
Seduz o tempo físico.
Não se apega a
modelos.
Afirma a sua melodia
numa orquestra
nas suas paisagens interiores.
Sem estar no tempo
Eleva Castelos de Cores
Alimenta outros olhares colocando o seu a nu.
Traz nos dedos a VULCÂNICA
Vontade de VIVER
M. Pais de Sousa
Como entendo agora a razão da sua emigração
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