quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Professores - a coragem de um professor

Luis Moreira

Filinto Lima, Director do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, Vila Nova de Gaia, em texto publicado no Público, aborda dois assuntos de muita importância.

"Nestes últimos dez anos, surge nos orgãos da comunicação social...o denominado ranking das escolas secundárias...em que o único parâmetro para delinear uma duvidosa e malfadada tabela classificativa é apenas e tão-só a classificação obtida pelos alunos..."
" O resultado é tremendamente falacioso, injusto e cientificamente inexplicável...se pretendem fazer um trabalho sério e proveitoso, devem ter em conta entre outros factores, o efeito da escola sobre os alunos...o número de alunos e seus percursos escolares, o nível socioeconomico dos pais e da região onde a escola se insere e o efeito das explicações."

E, conclui, que se as escolas que se classificam em primeiro lugar tivessem as condições das que ficam em último, seria duvidoso que a classicação se mantivesse inalterada.

Creio que tem toda a razão, mas também é verdade que, as escolas que nestes dez anos obtêm, sistematicamente, lugares cimeiros são, de certeza, boas escolas. A comparação de resultados das classificações, dá mais informação que as posições só por si. É preciso aperfeiçoar o ranking, não enterrá-lo.

Lembro que já este ano, soubemos que uma escola em Lamego e outra em Viseu, tiveram alunos excepcionais, com notas superiores a 19 valores e, não é crível, que tenha sido por acaso . Essas escolas são, tambem elas, excepcionais .

A outra questão que analisa é a autonomia das escolas:" Quando o ME conceder efectiva autonomia às escolas que passe, entre outras necessidades, pela contratação dos seus docentes e pela flexibilização do currículo, quando deixar de legislar por tudo e por nada...e der sinais efectivos de terminar com o imenso trabalho burocrático com que todos os dias os professores se confrontam nas escolas, começarão a ser dados passos firmes para o sucesso escolar, apesar da escola pública não escolher os melhores alunos"

Estou completamente de acordo com o que diz e, espero bem, que muitos professores leiam o texto, para perceberem que à guerra de interesses entre os burocratas do ministério e dos sindicatos, há uma alternativa que devolve a dignidade aos professores e bons resultados aos alunos.

Não creio, no entanto, que as escolas possam alguma vez escolher os melhores alunos, serão sempre as famílias a escolherem a melhor escola ( se a livre opção vier com a autonomia).

Há, cada vez mais, professores a terem coragem para dizerem o que está certo, sem medo de desagradar a quem quer que seja. É, assim, que a classe recuperará a reputação nacional e o reconhecimento das famílias de que já gozou.

2 comentários:

  1. Os professores não colocados podiam ir para as escolas fazer o trabalho burocrático ... assim uma espécie de assessores para a "burocracia”. Não ficavam afastados do meio escolar até que lhes fosse dada colocação

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  2. É uma hipótese, ou então mandar passear os burocratas que nunca deram aulas mas que mandam, vá lá saber-se porquê!

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