segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sempre Galiza! – coordenação de Pedro Godinho: Síntese do reintegracionismo contemporâneo (8), por Carlos Durão

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (8)
por Carlos Durão

(continuação)

A Junta (“Xunta”) pré-autonómica nomeia uma “Comisión de Lingüística”, que fora constituída em 20 outubro 1979, presidida por R. Carvalho Calero, para elaborar umas Normas “de concórdia”, as “Normas ortográficas do idioma galego”, de dezembro de 1979, apresentadas em janeiro de 1980, com critérios abertos e não excluintes, expressados no Limiar, que deixa aberta a possibilidade duma ortografia “mais solidária de outras formas do románico-hispánico ao que o galego pertence”.

Aquelas primeiras “Normas Ortográficas e Morfolóxicas do Idioma Galego” já foram elaboradas no 1970 (1971.1977) pela Real Academia Gallega com espírito integrador, p.ex. na aceitação do plural em -ais; mas, sequestradas pelo ILG, deram lugar ao chamado “Decreto Filgueira” (1982, 173); para testemunho desse sequestro bastam estas palavras, pronunciadas por aquelas datas por Constantino García: "Eu non teño nada que discutir con ninguén. Eu teño o poder agora e solo teño que poñer a miña xente nos postos claves e de poder. Será Carballo Calero, en representación da Academia Galega, quen terá que explicar a súa normativa. El non ten o poder." (Depoimento pessoal de Adela Figueroa Panisse) Com efeito, estas “Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego” foram preparadas pelo ILG e aprovadas em 3 de julho de 1982 por alguns (17) membros da RAG e outros (3) do ILG, em reunião anti-estatutária da RAG, convocada no 18 de junho de 1982, da que foram excluídos os meios informativos, o que provocou uma manifestação de representantes de entidades reintegracionistas e nacionalistas no exterior do edifício da RAG, e a entrega de escritos de protesto ao secretário. A convocatória enviada aos académicos diz: “Asunto único:/ Estudo da ponencia sobre a unificación das normas ortográficas e morfolóxicas do galego, entre a Real Academia Galega e o Instituto da Lingua Galega./ Adxúntase o borrador da ponencia./ Rógase que este borrador non pase aos meios de comunicación nin se lle dea publicidade mentras non teña lugar a Xunta Extraordinaria”, e vai assinada pelo Presidente, Dr D. García-Sabell, que é ao mesmo tempo o Delegado do Governo Espanhol na Galiza (pode ver-se a reprodução facsimilar em Vol I de Linguística e Sócio-linguística Galaico-Portuguesa, Temas de O Ensino, nos 4/5, 1985, p. 158).

Os “ponentes” daquela reunião eram R. Lorenzo, C. Casares, A. Torres Queiruga, A. Santamarina, R. Álvarez, R. Piñeiro, C. Rábade e F. Fernández Rei. Posteriormente, R. Lorenzo declarou: “No nos interesa una normativa para que nos entiendan en Angola, Mozambique, o Brasil” (1982, 51). A "Xunta de Galicia", por proposta do Sr. José-Fernando Filgueira Valverde, Conselheiro adjunto à Presidência para Cultura, aprova o Decreto para “oficializar” aquelas Normas.  O Decreto foi impugnado pelo deputado Cláudio Lopes Garrido, em proposição não de lei, no 9 de junho de 1983, mas foi promulgado em 20 de abril de 1983 (no 36 do DOG, Ano II). Com aquele novo golpe (“acto de goberno” chama-lhe o Conselheiro da Presidência J.L. Barreiro Rivas no “Limiar” (1983) ao texto do Decreto) confirma-se a apropriação do galego por aqueles impostores “universitários”. Segundo J.L. Fontenla (1986, 6/10: 57-58): “Com o golpe do 3 de julho é que se inicia a castelhanização institucional do galego./ Em resposta, as Irmandades da Fala são fundadas definitivamente em 17 de agosto de 1982; realizam-se Encontros Nacionais da Língua [...] A operação do ILG, iniciada há anos, vai ter eficácia ao introduzir-se inclusive elementos dessa instituição na Academia Galega, como é o caso do próprio Director da instituição, asturiano de origem e a quem os reintegracionistas acusam de querer fazer do galego um bable”.

Das credenciais “académicas” dos perpetradores desta fraude dão alguma ideia estas declarações de R. Lorenzo: “a separación hoxe entre o galego e o português é enorme. E o feito é que nós, cando imos a Portugal, non nos entenden nin nós a eles. A separación é total” (1981); “Esquencen os lusistas a realidade histórica do galego (sempre preto do castelán, pouco en contacto co portugués) e a realidade actual. /Se en Galicia non tivésemos mais ca unha lingua, o galego, entón podíamos impoñer calquera grafía, pois os nenos non terían outra que lles presentase conflicto lingüístico. Pero os nenos galegos teñen que aprender galego e castelán” (1980.1983). De igual modo opina J.J. Moralejo: “Dende o século pasado hai ensaios de adoptar a ortografía portuguesa: coido que é un esforzo antieconómico, diferencialista, abocado a non ter ésito nas condicións obxetivas -e non negativas- en que estamos: acostumados á norma ortográfica do castelán -e xa sería moito ter isto por asoballamento!-, non ten sentido adeprender convencións novas, por exemplo o valor de j, nh, lh, ... nin teimar en cousas como POVO, DÚVIDA, ...” (1977, 95); “é tan imposible ir á estazón do tren como ter cobicia;” (1977, 102); “A consecuencia práctica é pra nós a inutilidade de formas como ÓRGAO, (1977, 129)” “verbo de cousas como SOLENE, ANISTÍA, INOVAR, ... non hai outra cousa que decir: faltas de pronunciación e de ortografía” (1977, 138); “O galego seméllase moito ó castelán” (1977, 143); “no [“lésico”] común entran tódolos cultismos nos que non deberíamos remexer: non son préstamos do castelán, senón do grego, do latín, etc.” (1977, 144).

(continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário