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sábado, 11 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (33), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (33)
  por Carlos Durão

(continuação)

Alguns textos literários reintegracionistas

"Contemporâneos":

Iolanda Aldrei, A palavra no ar, Cadernos do Povo/Poesia, Ponte Vedra-Braga, 1990
Artur Alonso Novelhe, Umha meixela depois a outra, AGAL, 2005
Júlio Béjar et alii, Fogo cruzado, AGAL, 1989
Kike Benlloch, Longe, tão perto, AGAL, 2004
Ângelo Brea, Livro do caminho, Cadernos do Povo/Poesia, Ponte Vedra-Braga, 1989
- id., O país dos nevoeiros, Eds. Espiral Maior, Corunha, 2005
Amado L. Caeiro, Baralha de sonhos, Cadernos do Povo/Poesia, 1985
Carvalho Calero, Cantigas de amigo e outros poemas, AGAL, 1986
- id., Scórpio, 1987, Prémio da crítica espanhola
J.A. Corral Iglésias, Palavra e Memória, AGAL, 1997
-id., Acarom da brêtema, AGAL, 1999
-id., Detrás da palavra, AGAL, 2004
Henrique da Costa, Mar para todo o sempre
Isaac Díaz Pardo, Tentando construir uma esfinge de pedra, Eds. do Castro, Sada, 2007
Carlos Durão, O silencio, nós (novela escrita com a ortografia do Acordo de 1986), CP, PV-B, 1988

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (32), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (32)
  por Carlos Durão

(continuação)

Algumas publicações periódicas reintegracionistas

O tempo e o modo (Revista Nacionalista Galega de Política, Economia e Ciências Sociais, Galiza Editora, Ourense, 1o e único no em julho de 1982), revista da Irmandade Galega-Lôstrego (Madrid, 1982), Areia (órgão de Mulheres Nacionalistas Galegas, começou-se a publicar no 1987, substituída por Deliberadamente), Folhas de Cibrão (de universitários compostelanos, 2 nos, 1989/1990), Povo Unido (da Assembleia do Povo Unido, 1990/91), Spesial Zombis (banda desenhada publicada por Frente Comixário desde 1992), A Treu (das Juntas Galegas pola Amnistia, desde 1993), Gaiola Aberta (desde 1993, promovida por profissionais da saúde mental, Compostela), Informaçom Obreira (independentista, desde 1995), O Enchufe (do Colectivo A Corrente, da Faculdade de Biologia compostelana, desde 1996), Mal-Dizer (editada desde 1999 pelo Sindicato de Estudantes Independentistas da USC), O Pedroso (Compostela, de Nós-UP, como também Voz Própria: http://www.nosgaliza.org/principal.php?pag=lernot&id=1387), Outras Vozes (editada em Compostela pelos Comités de Solidariedade com América Latina), Oito e Médio (Noia), A Peneira, Luzes de Galiza, Cadernos da Escola Dramática Galega, A Bategada, Hermes, Vozes Livres, Galiza Livre (http://www.galizalivre.org/), Galiza Ceive (http://www.hi5.com/friend/group/1748843--GALIZA%2BCEIVE--front-html), Sopirrait (http://www.udc.es/dep/lx/cac/sopirrait/), Galiza Solidária (publicada por Comissão Reunificação Nacional da Galiza e Portugal: http://galizaunidaportugal.blogspot.com/2007_02_01_archive.html), Boletim da AGLP (no 1, setembro 2008; com Anexo no 1, abril 2009; saíram tb os nos 2 e 3).

Alguns coletivos reintegracionistas

AMI (Assembleia da Mocidade Independentista, http://www.ami-gz.org/), Aguilhoar, Centro Social da Límia (http://agal-gz.org/blogues/index.php/aguilhoar/), Gentalha do Pichel, Compostela (http://agal-gz.org/blogues/index.php/gent/), Cogarro (Coordenadora Galega de Roteiros, http://www.cogarro.info/), organização Primeira Linha do MLNG (http://www.primeiralinha.org/), A Esmorga, Centro Social, Ourense (http://agal-gz.org/blogues/index.php/aesmorga/), Centro Social Gomes Gaioso, Crunha (http://www.agal-gz.org/blogues/index.php/csggaioso), Baiuca Vermelha, Ponte Areias (http://www.nosgaliza.org/principal.php?pag=cs&id=1), associação Aturujo, Boiro (http://www.agal-gz.org/blogues/index.php/aturujo), Local Social Faísca, Vigo (http://www.faisca-gz.blogspot.com/), Centro Social A Fouce, Amaía (http://afoucedeouro.blogspot.com/), Centro Social Henriqueta Outeiro, Compostela (http://agal-gz.org/blogues/index.php/henriqueta/), Local Social Revira, Ponte Vedra (http://agal-gz.org/blogues/index.php/revira/), Centro Social Revolta, Vigo (http://agal-gz.org/blogues/index.php/revolta/), Sociedade Cultural Madia Leva, Lugo (http://www.agal-gz.org/blogues/index.php/madialeva), Centro Social Roi Soga de Lobeira, Noia (http://roisogadelobeira.blogspot.com/), Casa Encantada, Compostela (http://www.causaencantada.org/), Sociedade Cultural do Condado (http://www.scdcondado.org/), Ceivar (http://www.ceivar.org/principal.php?), Grupo Galabra, Assembleia Reintegracionista "Ene Agá", de Ponte Vedra (www.usuarios.lycos.es/lingua/eneaga.html), Agrupaçom Cultural O Facho, (http://agal-gz.org/blogues//?blog=55) Fundaçom Meendinho (http://agal-gz.org/blogues/index.php/meendinho/); blog Outra Esquerda: http://outraesquerda.blogspot.com/.

(continua)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (31), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (31)
  por Carlos Durão

(continuação)

2003: Comunicado conjunto de diversas entidades culturais, «A reforma ortográfica e a língua na Galiza», em defesa da unidade da língua. - 2004: «Proposta de reforma do Estatuto de Autonomia da Galiza», de modo a garantir os direitos linguísticos dos cidadãos (http://www.proposta2004.tk//).

2004: Representação conjunta da Galiza (com o MDL e AGAL) no Foro Social Europeu de Londres, em que se expôs a situação da língua na Galiza. Comunicado conjunto de AAG-P, MDL e AGAL para o Foro Social Europeu, o terceiro, em Londres, março de 2004, com participação do grupo “Galegos de Londres” (galegosdelondres@yahoogroups.com), que se organizara como grupo de trabalho para colaborar em ações de protesto depois do afundimento do navio Prestige.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (30), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (30)
  por Carlos Durão

(continuação)

Derradeiros anos

1987: constitui-se em Buenos Aires a Associaçom Civil “Amigos do Idioma Galego” (AIG), que edita o boletim ADIGAL (desde 1996, hoje http://www.adigal.org.ar/antec.htm).

1988: constitui-se a Associaçom Reintegracionista de Ordes (ARO), que publica ARO (entre 1988 e 1992) e o boletim O Mês (desde 1991); depois Associaçom Cultural Foucelhas, http://agal-gz.org/blogues/index.php/foucelhas/2010/01/31/a-associacom-reintegracionista-de-ordes-no-periodico-gralha.

1989: constitui-se o Clube Reintegracionista do Salnês (CRÊS).

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (29), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (29)
  por Carlos Durão

(continuação)

Isabel Rei: “O português NÃO É UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA./ Reintegracionismo é aquele movimento (teoria e praxe) social que procura informar, conduzir e tornar evidente para os galegos que a sua língua é o português galego” (2006); “O motivo principal deste sucesso é ter usado o nome comum da língua para denominar as falas galegas: PORTUGUÊS” (2009).

Concha Rousia: “Se, ao definir-nos, delimitar com palavras o que somos e o que não, deixamos fora parte do que somos, como quando seguimos o discurso dominante que afirma que galego e português são duas línguas distintas, estamos a impossibilitar o câmbio” (2008); “de sempre na
Galiza há uma corrente que luta pela integração do galego no português, a dia de hoje os linguistas não poderiam defender outra cousa que não seja que galego e português são a mesma língua, com duas histórias muito diversas, mas apenas uma língua” (2009); “Com a AGLP consegue-se uma separação total do discurso unitário e dominante; não só se afirma que o "galego" não é diferente do "português", contradizendo a premissa central do discurso da RAG, como também se afirma que se deve chamar "português" (2009, 2: 77).

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (28), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (28)
  por Carlos Durão

(continuação)

Mário Herrero Valeiro: “Na Galiza vivemos num paradoxo: existe uma língua que ninguém está obrigado a conhecer, mas que deve ser escrita de uma forma determinada, com as letras doutra língua que é de obrigado conhecimento, mas que ninguém obriga a escrever de uma forma determinada. Paradoxos da democracia" (2006, 85/86: 268); “O português da Galiza está ameaçado de morte, condenado ao extermínio, mas as elites políticas da terra firme ao Sul parecem preferir a companhia, economicamente rendável, dos exterminadores, internos ou externos” (1993, 29-34: 145); “Reintegracionismo. Defende que não existem critérios linguístico-estruturais suficientes que permitam falar de uma língua galega independente do português” (2009, I: 118).

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (27), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (27)
  por Carlos Durão

(continuação)

Júlio César Barreto Rocha: “O que desejo relevar é o fato de que a língua portuguesa, como já se sabe de longuíssima data, não é propriamente portuguesa; ou seja, a língua falada em Portugal, queira-se ou não, veio de fora de suas fronteiras de hoje, e é anterior aos Cancioneiros galego-portugueses, anterior ao Estado português: nasceu numa terra que constitui o que ontem era a Gallaecia e ainda hoje é a Galiza, uma Comunidade Autônoma. Logo, o idioma aqui gerado e desenvolvido deve ser chamado de "galego". [...] Durante quase um milênio foi muito interessante para Portugal ignorar a existência da Galiza, pois isto mantinha o mito de que a língua dita portuguesa fora gerada e era originária exclusivamente de seu território, de seus habitantes, que englobavam os primeiros lusitanos. O ocultamento deste fato histórico se deve fundamentalmente a dois grupos de fatores. Por um lado, os "séculos obscuros" e o esmagamento político da Galiza, aliados à modéstia galega, e à natural soberbia da Pátria de Camões --que com os chamados "grandes descobrimentos" conduziu os estudiosos ao erro de encobrir outros fatos importantes do passado, submetendo a História à Sociolingüística. E, por outro lado, deveu-se esta situação à difícil convivência entre os impérios espanhol e português, que tinham no território da Galiza o ponto nevrálgico de seu relacionamento. Dois impérios globais em confronto necessitaram desta mentira secular. [...] Cabe destacar também que quando se fala no período de "formação da língua portuguesa", fala-se na verdade da língua galega formada, mas que, como qualquer língua, está em constante deriva, evoluindo em alguns traços, incorporando as necessidades lingüísticas dos falantes. Ressaltar o português em oposição ao galego-português antigo é, em grande parte, cumprir uma determinação política imposta pela antiga disputa territorial. A língua, em sua essência, permaneceu indomada, embora esmagada a modalidade escrita do tronco principal galego; fato jamais negado pelos estudiosos de todas as pátrias [...] A presença das vogais mais escandidas no galego atual, que possui menos força ao Sul, em Portugal (cujos falantes obscurecem as ocorrências destes sons, como em "m'nino" ou em "p'ssoa"), permanece mais integral no território brasileiro, cuja população, em sua quase absoluta totalidade, encontra parâmetro distintivo do falante português justamente nesta vocalização mais "perfeita" nossa, por assim dizer, igualando-se ao falante galego --que inegavelmente mantém também mais acesa esta "característica celta". A língua falada na Galiza, que é a real Pátria da Língua, que instituiu o sistema vocálico e a musicalidade do galego, faz-se presente no Brasil. Portugal, deixando-se influenciar pela fala moçárabe (como querem alguns), de certa maneira "capou" a musicalidade galega [...] Portanto, ainda no território da Galiza integral se formaram variantes futuramente tidas como distinções "portuguesas". Podemos dizer, então, que, quando falamos de "português", trata-se da "variante portuguesa" (ou meridional) da "língua galega", porquanto esta já existia antes de a grande e brava nação lusa se constituir em Reino independente; logo, o idioma que se fez mais ao Norte, e deslocou-se posteriormente para o Sul é ineludivelmente o galego./ A língua portuguesa de hoje não é mais que uma variante sulista da língua galega de antanho; um co-dialeto, é certo, mas que também poderíamos chamar de galego-português infra-Douro, o qual, mesmo no território de Portugal, possui distinção com a variante de entre Minho e Douro [...] Afinal, o que conhecemos hoje como "língua portuguesa" é assim considerado não apenas porque o povo galego foi esmagado politicamente pelo centralismo espanhol, mas complementariamente e sobretudo porque o povo português conquistou espaço na comunidade planetária, tanto literária como politicamente [...] Seja como for, a simples discussão, a crua polêmica acerca do nome da língua comum, não é um exercício vão: é benéfica por si só: leva à consciência de existir um fio de unificação lingüístico-cultural, que vem de longe; que procede dos celtas e se reúne com os índios tupis na América, por exemplo, ou com os bantos, na África.[...] Dizer galego, dizer português, dizer "portugalego" ou brasileiro é questão de somenos, mas de necessária discussão entre nós.[...]/ Os portugueses não deixam de ser velhos amigos do povo brasileiro. No entanto, cabe resgatar os amigos galegos, que são amigos ainda mais originários (e não trazem consigo o travo da opressão imperialista), pelo fato de serem os geradores da língua nossa, hoje pertencente a muitos povos do mundo por igual --não importando que rótulo tenha, pelas razões maiores de Estado que advenham da dinâmica dos interesses dos Países e de seus cidadãos.” (1999, 58: 281-283-285-287-290) “Nós, que pronunciamos ou ouvimos pronunciar em algumas zonas do Brasil, normalmente, o artigo indefinido feminino à maneira galega, não entendemos a princípio o porquê de existir grafia diferenciada: “unha” (da normativa admitida oficialmente) ou “umha” (opção presente nesse Estudo Crítico...). Uns e outros grafam de forma diferencialista, acreditamos, para exibir distinção nacional...” (2000, I: 829).

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (26), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (26)
  por Carlos Durão

(continuação)

Luís Gonçáles Blasco: “Segundo os usos lingüísticos habituais esta língua [medieval] pode ser chamada Galego antigo, Português antigo ou Galego-Português (antigo ou nom), podo estar de acordo em que por razons históricas o nome mais acaído seria o de Galego antigo, por ter nado na Galiza; mas nom tudo é História nas línguas e, por exemplo, hoje (quase) todos concordamos em falarmos de Espanhol e nom de Castelhano como quereriam as razons históricas [...] Galego e Português fam parte de um mesmo diassistema lingüistico que, geralmente, chamamos Galego-português, ainda que também podemos chamar-lhe Galego à nossa variante particular (e mesmo às outras)” (1998, 54: 241); “devia ficar claro que os independentistas nom podem ter outra normativa do que a histórica: Porque foi a nossa quando éramos independentes, porque cientificamente é a única válida, porque a normativa isolacionista levaria-nos a umha deriva cara ao espanhol por tratar-se de uma normativa espanholista (com algumhas pinceladas de enxebrismo para dissimular), porque é umha normativa imposta polo poder espanhol e nom por um poder galego” (1999, 58: 253).

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (25), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (25)
  por Carlos Durão

(continuação)

António Gil Hernández: “Prevê-se, com quase total segurança, que nem os poderes públicos do Estado, como a “Xunta” e o Parlamento, nem as autoridades académicas e culturais, como a Universidade ou o “Consello da Cultura Galega”, levarão adiante a normalização dos usos do galego [...] O futuro do galego, está bem claro se o galego tem futuro, não pode ser outra cousa que reintegracionista. Quando os galegos conheçam o seu passado linguístico, quando conheçam as afinidades com o português e brasileiro e quando vejam as possibilidades que um decidido acercamento à normativa luso-brasileira pode aportar a um galego normalizado, não se preocuparão de escolher como normativas formas que tenham uns quilómetros quadrados mais de extensão ou uns milhares mais de falantes. Escolherão, para a escrita, aquelas formas que permitam uma melhor comunicabilidade entre galegos, portugueses e brasileiros. E aí está o futuro, isso é reintegracionismo [...] Nós entendemos que a fidelidade à tradição escrita implica a recuperação das formas, tanto ortográficas e morfológicas como léxicas, legítimas do galego, baseada no confrontamento das falas actuais com a história da língua. [...] Com isto mantemos aberta a via recuperacionista (reintegracionista), inaugurada pelos autores das Irmandades da Fala, Geração Nós e Seminário de Estudos Galegos, entre outros, preferindo e recuperando todas as formas galegas tradicionais que hoje podem mesmo não estar vivas nas falas ou são minoritárias, porque estão suplantadas pelas espanholas [...] Partindo destes princípios o resultado será, sem dúvida, uma normativa de escrita correcta bem diferente às Normas ILG-RAG, substancialmente comum com a luso-brasileira (o que permite a intercomunicação escrita sem esforço suplementar) e fiel ao verdadeiro galego. Deste modo recuperamos o que realmente é património do povo galego” (1984: 149-160-162-166-167); “Na Galiza o processo “normalizador” do galego parece limitar-se, cada vez mais declaradamente, a actos de governo junto com atitudes e condutas de Notáveis, possuidores dalguma parcela de poder (académico ou político), cujo fim quase único é impor o conhecimento da normativa gráfica oficial [...] A normativizaçom do galego, em última instância, está a servir para a sua assimilaçom definitiva na língua nacional do Estado espanhol” (1985, 4/5: 147-150); “a unidade grafica garante a unidade de lingua e a unidade de lingua garante, pola pratica comunicacional, a coesão dos falares; neste suposto entendemos que há Comunidade Linguistica./ [...] o diferencialismo grafico é o que se acha já ao serviço do projeto nacionalista espanhol [...] Não é outro o motivo nem o objeto do separatismo oficializado do galego escrito a respeito do português padrão./ O diferencialismo grafico pode obedecer a questões apresentadas como “de estrategia” ou/e “de tacticas”. Porém, esses procederes amostram de facto uma atitude de vencidos prematuros, politica e cientificamente” (1988, 7-12: 117); “Ao meu razoado parecer, a única resposta viável, por verificada, por universalizante no tempo e no espaço, por tradicional e por respeitosa com o processo histórico “clínico”, seguido contra a Comunidade Lusófona da Galiza (espanhola) é singelamente o português, graficamente unificado em 1990 e oralmente diferenciado nas normas portuguesas (lisboeta e coimbrã), brasileiras (paulista, do Rio, do Norte e do Sul), luso-africana (angolana, moçambicana, etc.) e, entre elas, a galega, ainda por definir” (1992, 30: 238); “numa primeira acomodação glotopolítica do conceito, digo que a maioria dos dirigentes, presumíveis galeguizadores, se acha incluída no conjunto da notabilidade espanhola de modo que, individual e involuntariamente, se conduzem como “notabiliños” ou notáveis secundarizados cuja ação primária na Galiza é inconscientemente verificarem e estenderem entre os cidadãos galegos, sob matizações “regionalistas”, o projeto nacional espanhol. Quer dizer, o seu alvo não expresso é, até hoje e com toda a segurança em adianate, integrarem os homens galegos no processo nacionante do Reino da Espanha, que se exprime em só castelhano (não nos esqueça)” (1999, 58: 270). “É bem conhecido o meu posicionamento a respeito de la questione della lingua galega: 1. O galego literário está já elaborado no português “acordado” em Lisboa (1990). Basta com incluir, completando os propostos, os galeguismos fónicos, sintáticos e sobretudo léxicos. / 1.1. Estabeleça-se a ORTOFONIA galaica./ 1.2. Assinalem-se as PECULIARIDADES SINTÁTICAS. Considero que as apresentadas habitualmente como morfológicas são em defintivo fónicas; v.g. (grafia) -ão>(pronúncia) -om./ 1.3. Elabore-se o dicionário de galeguismos a integrar no dicionário lusofónico./ 2. O objetivo é estender o conhecimento dessa forma gráfica das falas galegas. [...]” (1999, 59: 327-328); “os Notáveis galegos, pretensos nacionalizadores, obedecem demais, submissos até ao aviltamento, as instruções da Notabilidade espanhola, decerto já nacional, que desde as Instituições do Estado-Nação (por interposição, com frequência demais, de aqueles notáveis galegos), lhes ordena que nem imaginem sequer mudar o estado de cousas, outrora factualmente recebido, hoje declarado de iure constitucional; enquanto também procuram obedecer-lhes essoutras instruções por que, ao abrigo da nova legalidade fundamental (a mesma que impede qualquer mudança) se sentem, ao próprio tempo, obrigados a mudarem esse mesmo estado de cousas. [...] a notabilidade espanhola vinculou antano e hogano continua poderosamente a vincular com duplo ligame os cidadãos galegos, sobretudo aqueles que puderem tornar-se em agentes da mudança condutual que acabasse normalizando a Comunidade Lusófona inclusa no Reino da Espanha.” (1996: 40-47); “Se o galego pertence ao mesmo sistema que o português e brasileiro e ‘lusoafricano’, i.e. se as falas galegas podem explicar-se linguisticamente polo mesmo modelo/sistema do que as falas brasileiras, portuguesas e mesmo ‘lusoafricanas’, esse galego, essas falas têm de se corresponder com a mesma escrita -unificada- como se correspondem as falas portuguesas e brasileiras e ‘lusoafricanas’ com essa escrita -unificada-” (1989, II: 425); “Apenas são reintegracionistas os LUSÓGRAFOS, aqueles que, com maior ou menor correção, utilizam habitualmente a NORMA REINTEGRADA (o português padrão e melhor o acordado em Lisboa 1990) nos seus escritos” (2006); emprega o termo “luso-reintegracionismo” (em foros da Internet, desde 2002).

José Luís Fontenla: “nós, os Galegos, não pedimos só uma ortografia unificada como também uma ortofonia comum mínima ou ortologia, ortoépia; e uma dicionarística comum, terminologia uniforme, etc., pelo que nasceu o VOCT, Vocabulário Ortográfico Comum e de Terminologia, para toda a Lusofonia, na negociação do primeiro Acordo Ortográfico de 1986, o que se continuou no Acordo de 1990, mas que infelizmente não se implementou ainda” (2000, 59-65: 15); “a Galiza, ou é lusófona ou não é” (correspondência particular a C. Durão, passim); emprega o sintagma “português da Galiza”.

(continua)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (24), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (24)
  por Carlos Durão

(continuação)

Ângelo Cristóvão Angueira: “Deve deixar-se bem claro que, apesar de manipulações políticas, o galego não é nem será nunca uma língua regional da Espanha [...] Não é uma língua minoritária, pois é falada atualmente por cerca de 200 milhões de seres nos cinco continentes./ A  nossa língua é, sem embargo, minorizada no território administrativamente espanhol. Neste jogo da minorização a primeira culpável é a consideração do galego como língua diferenciada da portuguesa [...] Esta auto-exclusão, denominada na Galiza isolacionismo é, sem lugar a dúvidas, o intento histórico mais elaborado do regionalismo espanhol por suprimir definitivamente a comunidade lusófona da Galiza, reduzindo o problema ao nível das denominadas “minorias linguísticas da Europa” [...] / O problema da língua portuguesa na Galiza não é, pois, exclusivo domínio dos linguistas e filólogos universitários espanhóis [...] nem das universidades galegas: é também, em boa medida, assunto da comunidade científica internacional e responsabilidade moral e legal dos Estados em que se fala qualquer das variantes da nossa língua. Dentre eles, nomeadamente, a República Portuguesa” (1991, 19-28: 387); “o nacionalismo galego compartilha a ideologia espanhola. Começando polos aspectos mais patentes, “recebe” a distribuição territorial da Galiza nas quatro províncias espanholas [...] Também o nacionalismo galego não tem claro se a Galiza fala português ou galego, como língua diferente, como se evidencia nos intentos de elaborar uma “nova” ortografia para o português da Galiza em vez de tomar singelamente o português comum” (1989, II: 747); “a disputa sobre o modelo de língua para o português da Galiza só pode resolver-se com a aceitação generalizada das convenções gráficas da língua comum, e a assunção do discurso da unidade como garante da unidade e do futuro, conjugado com o reconhecimento das pronúncias, os sotaques, as especificidades lexicais e também, se for o caso, verbais, que têm o seu lugar de expressão privilegiado na literatura” (2006: V); “Se o português é língua nacional é porque existe a Nação Portuguesa. É evidente. O que não resulta tão evidente para alguns nacionalistas galegos é que a única nação galega que existe se chama Portugal, e que a nação galega não existe propriamente. A nossa afirmação não necessita demonstração. O que é preciso provar é justamente o contrário, que existe a nação galega, quer diferenciada da portuguesa, quer diferenciada da espanhola.[...] Se preferível, dir-se-á que não há uma nação galega diferente da nação portuguesa, dentro do território político espanhol [...] É claro que os galegos, considerados no território político espanhol, isto é, as quatro províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Ponte-Vedra, mais os territórios limítrofes desagregados em 1833, constituímos una nacionalidade com características étnicas e nomeadamente lingüísticas, diferenciadas, o que até é reconhecido de alguma forma pola legalidade vigente espanhola emanada da Constituição de 1978. Mas a respeito de Portugal, tais características poderiam considerar-se simples e lógicas diferenças regionais, esperáveis em todas as culturas. Assim pode e deve afirmar-se que nada do que os galegos temos de essencial e definitório, em cultura, língua, tradições, etc., é alheio aos portugueses, apesar de ter sido tamisado ou deturpado -que não “livremente evoluído”- através da história e a influência castelhana./ Não existem razões de peso para defender a promoção de uma nação galega diferente da portuguesa” (1991, 26: 239); “língua galega ou portuguesa” (1988, 14: 157); “Pretendemos uma instituição nacional galega criada por iniciativa da sociedade civil, independente dos organismos do estado. Uma AGLP presidida por princípios de responsabilidade e rigor no trabalho, integrada por aquelas pessoas que mais têm apoiado a lusofonia galega, através de diversas formas como a docência, a investigação, a criação literária ou o ativismo cultural. Uma entidade que recupere e ponha em valor o nosso património linguístico e literário, ora maltratado, ora esquecido, ora deturpado” (2007).

Fernando Vázquez Corredoira: “Pode-se formular, como princípio geral, que o carácter distintivo e delimitador da ortografia é singularmente evidente nas situações de contacto linguístico em que os utentes de uma das línguas sentem a necessidade de marcar a distância em relação à outra e que esta necessidade é tanto mais premente quanto menor a distância estrutural entre as línguas em contacto” (1998: 11).

Xavier Vilhar Trilho: “A codificação espanholizadora do galego nega-lhe a este o caráter de língua nacional na medida em que o converte numa simples língua “regional” do Reino da Espanha, num dialeto do espanhol, numa espécie de castelhano antigo ou de português aldeão. Esta normativização, que isola o galego do português, desintegra o galego, ao desagregá-lo da comunidade linguística lusófona, da que faz parte, e ao facilitar a conversão do mesmo num dialeto do espanhol. A estandardização espanholizadora do galego priva ao galego da função de língua de cultura na medida em que o desvincula da própria tradição cultural dos cancioneiros líricos medievais galego-portugueses, na medida em que também o desliga da literatura portuguesa e brasileira (a forma mais culta, mais “cultivada” do galego), na medida em que não se serve do léxico científico já acunhado no português, que segue a orientação erudita das restantes línguas românicas.” (2003) “O reintegracionismo e/ou lusismo ortográfico não precisa de intervenção dos poderes públicos autonómicos para se impor socialmente. Ao lusismo ortográfico bastar-lhe-ia usufruir na Galiza de condições de igualdade com o oficialismo isolacionista, viver com ele numa situação de competência não desleal, sem discriminações legais, para se consolidar socialmente, porque não esquece que o passado do galego são os cancioneiros líricos medievais galego-portugueses e sabe que o seu futuro está na lusofonia” (1994, 35-40: 160).

(continua)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (23), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (23)
  por Carlos Durão

(continuação)

Jürgen Schmidt-Radefeldt: “o galego, variedade dialectal do antigo galaico-português, sintagmaticamente perto do português mas foneticamente mais próximo do castelhano” (1990, 22: 149).

Eugenio Coseriu (Eugen Coşeriu era o seu nome romeno; assinava Eugenio Coseriu os seus trabalhos na filologia hispânica): “a pesar de que durante siglos no ha habido contactos efectivos, el gallego y el portugués siguen perteneciendo al mismo conjunto, al mismo continuum lingüístico [...] Históricamente, el portugués es el gallego de la Reconquista y es hasta hoy, en todas sus formas, la continuación de ese gallego. Esto vale también para el portugués literario y común en su relación con el gallego literario medieval, pues la tradición de este gallego ha sido adoptada y continuada por la lengua literaria portuguesa. Se trata, por tanto, del caso, bastante raro en la historia de las lenguas, de una lengua que, precisamente en la forma que se difunde y se constituye en lengua común y gran lengua de cultura, se llama con otro nombre: ya no gallego, sino portugués” (1989, II: 800); “provavelmente um estudo deste tipo, uma semântica estrutural do galego e do português chegaria à conclusão de que o sistema básico é o mesmo no galego e no português e que as distinções, as oposições básicas, os traços diferenciadores são os mesmos, mas há, como dizia o nosso amigo Leodegário, diferença de norma, como há também diferença de norma entre o português de Portugal e o português do Brasil e também no português de várias regiões de Portugal e no português de várias regiões do Brasil” (1993, III: 100); “Una lengua no se impone por decreto” (1995); “a ninguém se pode impor por decreto uma língua. A língua é sempre um  saber e o verbo saber não se conjuga no imperativo” (1995); “desde el punto de vista puramente lingüístico, el límite entre las “lenguas” es convencional, como también lo es el límite entre los dialectos: depende de las isoglosas que se consideren, pues casi no hay isoglosas que coincidan exactamente en un determinado territorio”; ““lengua” se llama, o se puede llamar, cualquier sistema de isoglosas” (1983); “não são [a maioria das inovações poéticas] quase sempre violações ou ampliações da norma, permitidas pelo sistema?” (1979: 50-51); “existem em cada língua oposições constantes e peculiares, tanto entre as invariantes quanto entre variantes normais, com a diferença de que as oposições entre invariantes são funcionais, enquanto que as oposições entre variantes não têm esse caráter, mesmo não sendo nem indiferentes nem arbitrárias na língua dada” (1979: 54); “o sistema é um conjunto de oposições funcionais; a norma é a realização “coletiva” do sistema, que contém o próprio sistema e, ademais, os elementos funcionalmente “não-pertinentes”, mas normais no falar duma comunidade; o falar (ou, se se quer, fala) é a realização individual-concreta da norma, que contém a própria norma e, ademais, a originalidade expressiva dos falantes./ O sistema é sistema de possibilidades, de coordenadas que indicam caminhos abertos e caminhos fechados: pode ser considerado como conjunto de “imposições”, mas também, e talvez melhor, como conjunto de liberdades, pois que admite infinitas realizações e só exige que não se afetem as condições funcionais do instrumento lingüístico: mais que “imperativa”, sua índole é consultiva. [...] A norma é, com efeito, um sistema de realizações obrigadas, de imposições sociais e culturais, e varia segundo a comunidade” (1979: 74); “é legítimo interpretar foneticamente as vogais nasais do português cindindo-as em vogal+arquifonema nasal” (1979: 122).

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (22), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (22)
  por Carlos Durão



(continuação)

Higino Martins Esteves: “O til deve ser recuperado porque doutro jeito nom há possibilidade nenhũa de integrar os diversos dialectos galegos. Nom só historicamente no passado, mas também no presente” (2008: 56). “Nom descarto escrever na norma portuguesa em contextos amplos. Só quero reservar-me o direito de usar formas galegas legítimas, que nom diminuem a consolidaçom da língua e enriquecem aos mesmos portugueses, que nelas se reencontram./ A norma AGAL foi e é boa para aproximarem-se os de fora, os que andavam desapercebidos da questom. A norma AGAL oficial de máxima (com til) cumpre-lhe aos que já conhecem e entendem a história. Além desse ponto nom há mais formalizações que a portuguesa, a brasileira e a do Acordo do 90 (2008: 69-70)”.

domingo, 28 de novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (20), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (20)
  por Carlos Durão

(continuação)

“Este ibero-románico occidental, dotado dunha unidade sistemática, realiza-se en diversas falas, suxeita-se a distintas normas, e unha destas normas é o galego comun, que, à sua vez, non é outra cousa que un certo sincretismo de variantes coloquiais e literárias que se dan en Galiza. Dentro do portugués hai tamén distintas falas, distintas normas, entre as que figura o portugués normativo, con superior xerarquia político-social, mas para o lingüista unha de tantas manifestazóns dialectolóxicas do galego-portugués” (1986: 224); “Eu neste aspecto son absolutamente ortodoxo. Os heterodoxos son os que discrepan desta tradizón galeguista na que eu estou plenamente incorporado” (1986: 233); “De nada nos serviria que todo o mundo falase e escrevese en galego se ese galego [...] era realmente un castellano agalegado [...] Non abonda con que se fale galego, é que é preciso que ese galego sexa galego, é dizer, que non sexa un produto que con nome de galego nos apresente un dialecto do castellano. Asi que esta é a significazón que ten o esforzo que están realizando muitos intelectuais galegos en pro dunha reintegrazón do noso idioma no seu sistema próprio [...] apesar do decreto de unificazón ditado para impoñer unha normativa oficial, existe un sector importante do país [...] que insisten na necesidade de ter en conta o galego histórico, e que non cren que se poda normativizar e normalizar a nosa língua sobre a base da realidade dialectal dos tempos modernos, que é consecuéncia dun proceso de degradazón do noso idioma, producido por circunstáncias históricas de sobra coñecidas. Entón constitui ao meu xuízo unha cegueira dos políticos que nos governan, induzidos por estudiosos ou técnicos que non posuen a necesária amplitude de espírito para ver o galego cunha conceizón diacrónica, tratar de esmagar a estas persoas, a este grupo que propugna a reintegrazón do galego dentro do sistema ibero-románico occidental; grupo que se ten acreditado como numeroso, como responsável e como ben informado [...] Non me parece correcta a actitude da Administrazón negando, por exemplo, a sua proteczón económica a empresas culturais importantes, polo feito de que a expresón formal ortográfica dos solicitantes deses apoios estexa orientada à reintegrazón do galego ao seio do sistema galego-portugués. En realidade, eses médios económicos [...] son [...] subvenzóns, son bens, cuxo proprietário é o povo galego. E os reintegracionistas, a verdade, cremo-nos parte dese povo galego, e nos parez unha actitude abusiva, absolutamente anti-constitucional, aquela que nos priva de disfrutar dunha proteczón económica que nos parece ser un ben ao que devemos ter acceso todos os galegos” (1986: 239-240). “Então, uma postura de independentismo a ultrança que não reaja devidamente para recuperar o léxico original, substituído pelas aportações castelhanas, e não mantenha o contacto com as restantes realizações do sistema, condena o galego a um isolamento que não é económico, porque o converte numa curiosidade linguística, sem capacidade de difusão, e carente da mínima competitividade para defrontar a pressão do castelhano [...] Para justificar os esforços que se estão a fazer em prol do uso voluntário do galego, é capital apresentar o nosso idioma como variante de um sistema linguístico de uso transcontinental [...] Não sendo assim [...] as possibilidades de persistência do galego como língua normal de Galiza são bastante ilusórias./ O porvir do galego, pois, está na sua coordinação com as demais polas do velho tronco galego-português. Se, segundo querem os separatistas, se obstinasse em permanecer isolado do português, como se não formasse parte do mesmo sistema, as suas probabilidades de sobrevivência seriam escassas, e, a longo prazo, nulas. Haveria eruditos dialectólogos que poderiam continuar estudando o galego, e mesmo poderíamos estabelecer reservas subsidiadas onde se favorecesse a conservação do uso do idioma. […]/ Mas se queremos que o galego seja uma linguagem viva, que possa ser usada a todos os níveis, como língua privada e pública, deveremos reconhecer que, ainda conservando as suas peculiaridades locais, deve ter em conta a marcha geral do sistema. […] O galeguismo, que foi sempre um movimento cultural, ainda que, como é natural, arbitrou uma política ao serviço dos seus ideais, não pode ser hoje tão reacionário que queira paralisar o curso da história, cegando os caminhos pelos que o galego pode recuperar a sua vitalidade. O campo onde os distintos idiomas hão de competir é hoje um campo internacional, e a língua que não possa comparecer neste terreno de jogo, deve retirar-se e esperar a sua desaparição do mundo dos idiomas vivos. O galego não pode subsistir como língua meramente regional, porque essas limitações são incompatíveis com o dinamismo actual dos instrumentos culturais./ [...] As línguas são sempre uma coordenação de falas. Dentro do português há variantes dialectais e crioulos mui importantes. […]/ Por isso consideramos desacertada uma política preocupada por defender o galego da influência do português. A conversão do galego em língua moderna supõe o contacto com o ramo mais afortunado do ibero-românico ocidental, que pode fornecer ao galego encorado e dialectalizado as soluções ajeitadas para a sua actualização naqueles aspectos da sua estrutura que ficaram antiquados ou desfigurados pela pressão do castelhano./ Ao meu juízo, esta reintegração dentro do seu sistema originário do galego, não tem por que supor a substituição das suas formas peculiares pelas do português normativo. [...] Sem prejuízo de que a osmose natural exerça o seu imprevisível papel, devemos partir de que a unidade linguística galego-portuguesa não supõe a uniformidade burocrática. Temos traços fonológicos e morfológicos que não podem ser reprimidos, a reserva do seu destino no livre jogo do intercâmbio cultural. Mas na medida do possível, e sempre que por circunstâncias sócio-históricas não se ponha em perigo a autenticidade das realizações, uma ortografia coordenada deve cobrir a representação escrita da língua comum, como ocorre no caso das demais línguas de cultura./ De resto, na situação especial em que o galego se acha, parece evidente que a utilização de uma ortografia fundada na história do idioma considerado no seu conjunto [...] não poderia ser implantada senão como consequência de um processo que tivesse em conta a preparação do leitor para receber a reforma; [...] Os meios adequados para alcançar o fim constituem um problema privativo dos galegos. Mas o fim está claro: consiste na reintegração da norma galega dentro do sistema natural a que pertence historicamente, e do qual representa uma parte do tronco comum./ Esta política linguística é a propugnada por Castelão quando exprime o seu desejo de que o galego se aproxime ao português até confundir-se com ele.  Entendemos: até reintegrar-se no seu sistema natural, até confluir com o português no seio desse sistema, sem prejuízo de manter a sua própria norma, como é o caso do brasileiro. [...]/ As fronteiras políticas não podem impor estranjaria a formas dialectais, ou simples falas, do mesmo idioma. [...]/ Nestas condições, o galego não pode viver de costas ao português, pois o Minho não é uma fronteira linguística, e as falas da Galiza bracarense [...] estão estruturalmente mais próximas às da Galiza lucense que as da Lusitânia originariamente moçárabe./[…] Do que se trata é da restauração da língua do país. Esta seria a língua normal. Não haveria uma língua alta e uma língua baixa. O galego seria língua alta e baixa [...] Mas teriam o galego como língua própria utilizável a todos os níveis, mais tingida de peculiaridades locais no uso interno, mais próxima às formas normativas do português no uso internacional. (1986, 4; 1986: 20)

(continua)

sábado, 27 de novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (19), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (19)
  por Carlos Durão

(continuação)

/ O reintegracionismo, portanto, não é outra cousa que aquela doutrina que quer devolver a sua própria natureza ao Galego. [...] Não se pode construir um Galego sobre a base do estado actual do idioma nas camadas populares, porque sabemos que durante muitos séculos foi erosionada a língua oral, única realmente existente, por influência do castelhano. Então se queremos escrever e falar um idioma que não seja um mero dialecto vulgar do castelhano, há que restaurar os tecidos danados. [...] O Galego há de preservar a sua natural essência para o qual há que manter o contacto com as demais normas do sistema. [...] devemos entender que as diversas manifestações do Galego colonial, do galego que se foi expandindo a partir do seu nascimento na Gallaecia, são normas, são Falas, são dialectos que podem contribuir a enriquecer o nosso idioma.[...] Por suposto, todo o mundo sabe que eu professo em matéria de Política Linguística as ideias tradicionais, as ideias de Castelão, e como essas ideias são contrárias às ideias que reinam no mundo oficial, no aspecto cultural, pois, não tenho muito predicamento, ao parecer, dentro dessas esferas. Consideram-me como um herege, como um cismático, ou como um corruptor da mocidade, e se me exclui positivamente dos organismos oficiais. Isto é evidente, ainda que tamém é certo que entre as pessoas que formam parte desse “holding” cultural que hoje nos governa há gentes que conservam um respeito pessoal para mim, alguns mesmo um afecto pessoal, mas é verdade que se me considera um obstáculo para o desenvolvimento duma determinada Política Linguística e se me exclui decididamente em geral do mundo cientificoliterário que está servido por pessoas afectas às ideias reinantes, que são mais bem isolacionistas do que reintegracionistas [...] ensinaria o Galego que existiu historicamente e que existe actualmente, propugnando uma norma ampla que não exclua a nenhum sector que tenha importância sem aplicar uma ditadura linguística que resultaria ridícula” (1987, 18-22: 14-17); “Nom hai, dentro do sistema galego-português, duas normas, senom um material sem normativizar. Mais adiante, impom-se a conveniência de umha ordem, e afastadas politicamente a parte norte e a parte sul do domínio lingüístico, aparecem tendências nom coordenadas, e assi, neste estádio posterior, os elementos comuns vam-se decantando nas suas distintas soluçons, de jeito que hai formas mais usuais em Galiza e formas mais usuais em Portugal. Com o que a distinçom a que se chega finalmente entre galego e português está determinada pola referência electiva entre as diversas formas do sistema para constituir as respectivas normas. O isolamento dos territórios correspondentes por pertencer a distintos reinos, e as influências castelhana e moçárabe correlativamente no norte e no sul, acabárom por gerar umha distinçom que também se dá entre as diversas realizaçons do catalám, e de calquer outro idioma em circunstáncias análogas” (1983.1983: 18-19); “O galego nom nace cando renace a sua expressom escrita no século XIX” (1984: 30); “pode-se afirmar que as modalidades existentes na fala nom apresentam caracteres diferenciais suficientemente marcados para que se atribuam ao galego grupos dialectais. Nom existiriam dialectos, senom falares, dentro do galego. Esta vem a ser a opiniom de Vicente Garcia de Diego (1909), e é umha opiniom correcta [...]” (1978.1981: 121); “Nom estamos isolados” (1983: 122); “Nom estamos sós” (1978.1983: 122); “os dialectos do galego estam fora de Galiza” (1978.1981: 79); “Todos os dialectos podem combinar-se ao escrever em galego” (1978.1980.1983: 25); “o livre jogo das forças normativas dentro do sistema determinaria o futuro do galego reintegrado como língua oral e como língua escrita, como fala doméstica e como instrumento internacional” (1989: 900); “o português é umha garantia de supervivência do galego, porque ainda que nas províncias espanholas esta língua deixasse de usar-se, perviveria na forma meridional” (1981.1983: 34); “Nom é científico mutilar umha língua segundo os limites políticos, pólo que nom podemos aceitar que o galego remate exactamente nos limites com Astúrias, Leom, Zamora, Trás-os-Montes ou Entre-Douro-e-Minho” (1982.1983: 78); “Andar ensaiando soluçons que hai tempo forom contrastadas e seleccionadas polos nossos vizinhos, é jogo pueril ou serril, ditado por umha indiferença ou umha xenreira perante o português, que parece resultado da inoculaçom dum vírus preparado por inimigos da pervivência do nosso idioma” (1979.1981: 19); “É certo que en determinadas reunións de lingüistas, por exemplo a celebrada en Tréveris, à que non asistin, houvo duas ou tres persoas que se permitiron combater asañadamente os meus pontos de vista. En realidade eles son os orixinais. Eu sigo a tradizón, eles son os revolucionários.” (1986: 178); “A miña aportazón a estas normas foi tan particular como xeral; pode-se dizer que as fixen case na sua totalidade. Houvo algunhas observazóns que fixeron outros colegas e que se tiveron en conta. Pero en realidade fun eu o redactor principal destas normas [...]” (1986: 182); “[...] o que era Conselleiro de Educazón e Cultura da Xunta de Galiza naquela época, o profesor doutor Alexandrino Fernández Barreiro, falou comigo e pideu-me colaborazón para problemas técnicos relativos aos problemas lingüísticos. [...] a realidade é que [...] non me pideu informes persoais sobre cuestións lingüísticas, senón que me fixo Presidente dunha Comisón Lingüística que teria que abordar os problemas relativos às formas do galego que para o uso interno, para o uso oficial da Consellaria, terian de adoptar-se.[...] as tres persoas que éramos profesores da Universidade nos reunimos unha série de veces no meu despacho e elaboramos unhas normas, un proxecto de normas, a ponéncia de 1979, que constituian para entón un código de expreson normativa mui satisfactório. [...] A ponéncia, pois, foi aprovada unanimemente [...] se introduzian unha série de recomendazóns, polo que se refere a morfoloxia, que supuñan un esforzo para restaurar determinadas formas do galego histórico que foran esquecidas ou adulteradas pola influéncia castellana. De xeito que agora, dunha maneira expresa, havia unha referéncia, unha remisón ao noso galego histórico; [...] Esta ponéncia pasou logo da Comisón ao pleno, e ali se manifestou, por parte dalguns membros da Comisón, unha tendéncia a manter a ortografia usual de tipo castellano [...] à maioria da Comisón pareceu-lle oportuno deixar abertas as duas posibilidades na maior parte dos casos, de xeito que as normas que entón se adoptaron e que no meu pensamento tiñan por obxecto resolver un problema de réxime interior da Consellaria e de nengun xeito impor-se ditatorialmente ao povo galego [...] Esta posizón que, finalmente, se adoptou, ainda que non era idealmente tan satisfactória como a da ponéncia, posibilitava unha concórdia que foi imposível cando despois que esta Comisón se disolveu [...] as persoas que tiñan influxo na Consellaria ou as instituizóns das que a Consellaria se asesorava, plantearon de novo o problema e o resolveron da forma actual, que, como sabemos, tende a ser unha forma que, no pensamento dos seus propugnadores, ten un carácter dogmático, de forma que quedan excomulgados os que non se ateñen a esta opzón” (1986: 218-220);

(continua)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (18), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (18)
  por Carlos Durão

(continuação)

Ricardo Carvalho Calero utiliza a expressão “iberorromânico occidental” (1975) e “reingresso” (1978.1980); também “galego-português, português ou galego” (1978.1981: 126-127); sobre a história do conflito, diz: “As Normas ortográficas foron aprobadas en xuntanza celebrada o 15 de febreiro de 1970. Dado ese primeiro paso na ordenación do idioma, semellóu chegado o momento de abordar os máis rechamantes problemas de morfoloxía, o que desembocou na aprobación, con data de 4 de xullo de 1971, de Algunhas normas para a unificación morfolóxica da lingua galega. A unha primeira edición das Normas ortográficas do idioma galego seguiu outra conxunta das ortográficas e morfolóxicas. Esgotadas estas edicións, agora aparece a segunda das normas conxuntas (Nota [de Carvalho]: Real Academia Galega, Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego, segunda edición, A Cruña, 1977. Polo que se refire ás normas ortográficas, ésta é, realmente, a terceira edición) [...] desde que tais Normas foron redactadas [...] semella lóxico, de acordo co espírito e a letra das esposicións que preceden á parte dispositiva, preguntármonos en qué medida poden modificarse, qué dúbidas se nos plantean aínda e qué enmendas procedería seguramente introducir./ Comecemos pola ortografía./ E a primeira dúbida é ésta: ¿resulta tan incuestionábel como en 1970 basearse na ortografía castelá? Téndose estendido, anque insuficientemente, o ensino do galego, non estaremos xa en condicións de encetar a introducción dunha ortografía autónoma? Mais ¿tería de selo dobremente, é decir, con relación ao castelán e ao portugués, ou compriría aprosimala á escrita deste último idioma, entendendo a autonomía ortográfica como reintegración no complexo galego-português?