Síntese do reintegracionismo contemporâneo (9)
por Carlos Durão
(continuação)
Para A. Gil Hernández: “A “solução (final)” foi o acto de governo da “Xunta” que, sancionando politicamente o acordo da R.A.G. e o I.L.G., mostra a decidida vontade política de reconduzir o processo normalizador iniciado em 1916 com as Irmandades da Fala, truncado pela guerra civil e recomeçado colectivamente durante os anos sessenta-setenta [...]/ Tal decisão, porém, redutora e unilateral dos “notáveis” políticos concorda com os “princípios” que, enunciados como tais na “Introducción”, guiaram (assim o declaram!) aos “notáveis” académicos no processo de elaborarem as Normas oficializadas. / [...] Convergem, portanto, os “notáveis” que detêm [sic] o poder académico e aqueles que controlam o poder político regional a respeito das competências exclusivas da Comunidade Autónoma. Há outros “notáveis”, académicos e políticos, que calam e/ou outorgam, que transigem e/ou se mostram indiferentes [...]/ Reduzir e centrifugar a CLGP em território espanhol, também nos aspectos formais, constitui um passo inescusável no processo, complementar e multilateral, de racionalizar e modernizar as instituições do Estado. Sumir na simples oralidade (transcrevível facilmente!) o idioma galego implica garantir a modernidade (gráfica sobretudo) da língua nacional ou castelhano; negar a unidade diassistémica de galego, língua regional de Espanha, e português, língua oficial (e nacional) de até sete estados, elimina de raiz qualquer tentação de “veleidade” aventurada... O resto, isto é, as repressões académico-políticas, as arbitrariedades administrativas e, em geral, a “política linguística” que a “Xunta” e outros órgãos do Estado promovem e procuram confirmam a tese, mantida já no meu trabalho do volume primeiro de Linguística e Sócio-Linguística Galaico-Portuguesa: “Que o processo normativizador da língua é utilizado pela ‘notabilidade’ da Galiza, hoje no poder, para acelerar a desnormalização da CLGP e, portanto, conseguir a normalização definitiva da Comunidade Linguística castelhana, identificada nestas partes do mundo com o Estado espanhol”” (1986, 6/10: 276-278).
O “Decreto Filgueira” foi aplicado ao ensino através da Direção Geral de Política Linguística, iniciando inspeções nos centros docentes, e perseguições e repressões aos professores de galego; com ele confirmou-se o sequestro do português da Galiza pelo Estado Espanhol, provocando uma enérgica contestação pelos setores mais conscientizados da sociedade, que sofrem fortes represálias se o utilizam nos centros de ensino. A AS-PG publica umas Observações sobre as Normas ortográficas e morfolóxicas do Instituto da Lingua-Real Academia Galega (1982), acusando-as de desintegracionismo, e a AGAL dedica-lhe um Estudo Crítico (1982).
Ao respeito, opina R. Lorenzo: “Cando se tratou de normativiza-la lingua e a Academia Galega e o Instituto da Lingua Galega da Universidade chegaron a unha normativa case común, a uns cantos aficionados ocurréuselles presentar unha normativa lusista, ou ‘reintegracionista’, como se di pra disimular, querendo achega-lo galego ó portugués na grafía, na morfosintaxe e no léxico, porque resulta que utiliza-lo galego vivo é escribir baixo a presión do castelán e hai que recupera-lo que ‘nunca’ existiu. Así chégase a dúas posturas totalmente contrarias, porque a unha exclúe a outra e non hai posibilidade de entendemento./ Estes galegoaprendices en moitos casos fixéronlle un fraco favor ó galego e contribuíron a que a xente se indispuxese aínda máis contra a nosa lingua. [...] O galego e o castelán teñen hoxe unhas características moi semellantes, cousa que non sucede entre o galego e o portugués falado, e mesmo escrito” (1981). Nas “Actas” do Colóquio de Tréveros, de 1980, referindo-se ao português diz R. Lorenzo: “son un enamorado desta lingua”; e também: “qué desgracia ten o galego en caer en mans de xentes que non debían estar co galego ás voltas” (1982: parece que não havia por ali um espelho à mão...). E tem um bom discípulo em M. Fraga Iribarne: “desde la independencia de Portugal, hay un destino que sigue la lengua gallega, que se convierte en la lengua popular de Galicia, conviviendo con el castellano en un bilingüismo que nunca ha creado problemas. Esta no sólo es una opinión mía: lo es también del ilustre catedrático de Santiago, Lorenzo, quien ratifica que el gallego hay que dejarlo como es, no inventarlo de nuevo, ni mucho menos si esta invención, no sólo no es filológica, sino también política” (1981). Outro “ilustre” discípulo era o Dr D. García-Sabell, Presidente da RAG, também Delegado do “Gobierno Español” na Galiza, que escrevia no Limiar da edição de R. Lorenzo da Crónica Troiana (1985): “as sabencias do Profesor Ramón Lorenzo van dereitas ó cumio do estilo científico da indagación seria e responsable. E que somentes pode ser subliñado con unha palabra, con un soio calificativo, este: asombroso” (1986, 14-17: 155). E comenta I. Alonso Estraviz: “há anos que Ramón Lorenzo saudou com grande alvoroço a necessidade de uma integração do galego numa ortografia comum ao português ao fazer a resenha crítica dos livros de Ernesto Guerra da Cal no jornal compostelano La Noche. Que o levou a se converter em furibundo antilusista e defensor de uma ortografia castelhanizante para o galego?” (1986, 14-17: 159), referindo-se ao que escrevera Lorenzo: “Sería verdaderamente maravilloso que la literatura gallega fuese conocida en el mundo luso-brasileño y romper el cerco que hoy le tienen trazado [...] nosotros tendríamos que hacer una acomodación a los fonemas portugueses. La idea encontraría opositores. Pero no me parece descabellado. Sólo me refiero a algunos fonemas, o hablando más propiamente a la grafía de algunos fonemas, como nh, lh, g, j (como hacía Pondal). Adoptar la ç sería más complicado. Sabemos que hoy hay una zona de seseo y otra de ceceo. Lo propiamente gallego es la s porque la z es particularidad del castellano en toda la Romania. Pero nosotros escribimos con z, aunque pertenezcamos a una zona de seseo [...] La idea, repito, es interesante. Habría que luchar, pero sería fundamental que nos acercásemos al mundo luso-brasileño, siempre que no perdiésemos nuestros derechos y nuestro patrimonio” (1960); e também: “a única solución das letras galegas é arrimarse a Portugal, arrincar o pano que afasta ás duas rexións pra traballar nos mesmos eidos. Esta posibilidade fai algún tempo que se comezou a entrever con certa forza [...] En Portugal contamos en primeirísimo termo con o grande mestre Rodrigues Lapa. En Galicia somos moitos os que queremos esta xuntanza” (1962).
(continua)
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