Síntese do reintegracionismo contemporâneo (12)
por Carlos Durão
(continuação)
Em 1981 funda-se a Associaçom Galega da Língua (no do registo de saída do serviço de associações no 3962; na Rede http://www.agal-gz.org/), em 9 junho 1981, legalizada em 2 outubro no Ministério do Interior; assembleia fundacional em Santiago, 31 outubro; dela foi primeiro presidente Xavier Alcalá, depois Mª do Carmo Henriques Salido (6 novembro 1982; depois Bernardo Penabade, Alexandre Banhos e Valentim R. Fagim); “tem por objectivo fundamental conseguir uma substancial reintegraçom idiomática e cultural do galego (nomeadamente nas suas manifestaçons escritas), na área lingüística e cultural que lhe é própria: a galego-luso-africano-brasileira” (artigo 4 dos Estatutos; revista Agália, no 1, 1985, pp. 91-95); a sua “Comissom Lingüística é um órgao de carácter técnico [...] que tem como missom: a) propor as medidas de normativa idiomática reintegracionista que ham de ser submetidas à sançom do Conselho [...]” (artigos 24 e 25 dos Estatutos). No entanto, em toda a sua trajetória linguística manteve sempre uma opção diferencialista (nomeadamente a terminação -om nos derivados de -onem, e -am nos de –anem, algumas formas verbais, etc.). Foi convidada às sessões de debate do Acordo Ortográfico no Rio, 1986 (vide carta da Comissão para a Integração da Língua da Galiza no Acordo da Ortografia Simplificada, 12 dezembro 1985, pp. 80-81, revista NÓS, nos 2/3, 1986), e em Lisboa (1990), mas nas duas ocasiões manteve-se à margem (numa assembleia de Rianjo, em janeiro de 1985, decidiu não participar). A sua Comissom Lingüística apresenta um longo arrazoado para justificar a sua posição de ficar à espera: “a sua adopçom por parte dos galegos poderia acarretar na actualidade bastantes dificuldades” (“Sobre o acordo ortográfico”, revista Agália, no 8, inverno 1986, p. 460). Mais adiante especifica “que as propostas das ‘Bases de 1988’ da Academia das Ciências permitem a unificação [sic] gráfica da nossa língua numa [sic] só norma padrão [sic] e reforçam a sua unidade estrutural, atendendo tanto à história, quanto aos estados atuais [sic] da língua, evitando assim [sic] a sua desagregação [sic]” (“Acordo ortográfico para a lusofonia: Mais umha vez”, revista Agália, no 17, 1989, p. 104; do “Parecer” enviado pela Comissom à Academia das Ciências de Lisboa em 30 janeiro 1989). Noutro parecer (em 29 junho, acerca do Anteprojecto do Acordo Ortográfico) diz: “todos aqueles intentos que visem conseguir umha ortografia comum, pondo de parte as variantes inerentes a todo sistema lingüístico, som valorizados de forma muito positiva por esta comissom” (“Acordo ortográfico para a lusofonia”, revista Agália, no 18, 1989, p. 261, com facsímile). No “Relatório da Comissom Lingüística” diz-se: “só é defendível a inclusom do til de nasalidade nos casos em que se representaria a grafia tradicional (irmão, irmã, irmãos, capitães, corações) e nom nos restantes” (“Relatório da Comissom Lingüística”, revista Agália, no 19, 1989, p. 369); e mais adiante limita-se a fornecer infomação sobre o Projecto da Ortografia Unificada de 1990 (“Acordo ortográfico para a lusofonia (e II)”, revista Agália, no 24, 1990, pp. 492-512; por gralha diz “lousofonia”...), e inclui facsímile de um artigo onde diz: “La Agal argumenta que no lo asumirá mientras no sea realidad y funcione con normalidad en los 7 países soberanos” (1991) (onde também: “Antón Santamariña, director del Instituto da Lingua Galega (ILG), cree que lo firmado en Lisboa no tiene interés para Galicia”). Finalmente, o ditame da Comissom Lingüística é: “a prudência que aconselha a particular situaçom linguística [sic] da nossa comunidade na Galiza, leva-nos a adiar as repercussons do Acordo na nossa praxe ortográfica até o momento em que este for unanimemente efectivizado” (“Relatório da Comissom Lingüística a respeito do ‘Acordo Ortográfico’”, revista Agália, no 31, 1992, p. 411; negrito no original). Posteriormente acordou assumir o Acordo quando Portugal o ratificasse, mas não o fez. A Comissom Linguística continuou a prometer novidades e, no 2010, numa “Atualizaçom” (http://www.pglingua.org/index.php?option=com_content&view=article&id=2324:a-proposta-reintegracionista-actualiza-se-conforme-o-acordo-ortografico-da-lingua-portuguesa-de-1990&catid=20:info-agal&Itemid=59), decidiu afinal adotar o AO, porém mantendo a sua peculiar norma ortográfica.
A AGAL editou primeiro um Boletim e depois a revista Agália (1o no no 1985), que teve um suplemento: O máximo. Ao longo dos anos teve prestigiosos contributos de fora da Galiza: E. Guerra da Cal, E. Coseriu, E. Bechara, G. Chaves de Melo, J. Coromines, L.A. de Azevedo Filho, M. Rodrigues Lapa, Sílvio Elia, Amadeu Torres, Lluís Aracil, Yvo J.D. Peeters, V. Pitarch, Dónall O’Riagain, J.L. Pires Laranjeira, J.M. Sánchez Carrión; e de dentro: J. Marinhas, R. Carvalho Calero, I.A. Estraviz, C.Á. Cáccamo, M.J. Herrero Valeiro, A. Banhos, J.M. Beiras, A. Brea, A. Cristóvão, M. Cupeiro, C. Durão, C. Garrido, J. Nogueira Gil, A. Gil Hernández, Fuco Gomes, Joel Gomes, L. Gonçales Blasco, J. Guisam Seixas, Mª do C. Henriques Salido, C. Garrido, C. Lopes Garrido, R. Lopes-Suevos, M. Maria, H. Martins Esteves, J.M. Montero Santalha, J.M. Monterroso Devesa, Camilo Nogueira, I. Padim Cortegoso, B. Penabade, J.H. Peres Rodrigues, D. Prieto, J.C. Quiroga, J.C. Rábade, H. Rabunhal, V. Rodrigues Fagim, J.R. Rodrigues Fernandes, J.L. Rodrigues, J.J. Santamaria Conde, J.A. Souto Cabo, E. Souto Presedo, R. Varela Punhal, F. Vasques Corredoira, J. Vilhar Trilho, X. Alcalá e outros.
Publicou um Prontuário ortográfico (1985), um Guia de verbos (1989), e um Estudo Crítico (vide supra), além de outras obras académicas e literárias. Membros da AGAL participaram em encontros com representantes do oficialismo (por exemplo os Encontros Labaca, em 1983; vide: “Que galego na escola?”, Eds. do Castro, 1984). De um “Encontro Nacional sobre a normalización lingüística”, no 1986, surgiu a “Mesa pola Normalización Lingüística”.
(continua)
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