domingo, 21 de novembro de 2010

Sempre Galiza! – coordenação de Pedro Godinho: Síntese do reintegracionismo contemporâneo (14), por Carlos Durão


Síntese do reintegracionismo contemporâneo (14)
   por Carlos Durão

(continuação)

No 1982, no 17 de agosto, Dia da Galiza Mártir, são (re)fundadas as Irmandades da Fala (na Rede: http://www.lusografia.org/ifgp/), continuação das IF históricas (de 1916), inclusive do ponto de vista jurídico, pois herdaram o seu nome registado (Ministério do Interior, Direção Geral de Política Interior, Associações, Madrid, Ofício de 20 julho 1983, registo de saída no 3430, pelo que se legaliza) e com elas entroncaram por meio de Jenaro Marinhas del Valhe, “por ser eu o último representante vivo da primeira Irmandade da Fala fundada na Galiza” (1993, 29-34: 15). “As Irmandades da Fala estabelecem como fins: ‘A recuperação etimológica e reintegracionista da língua galega como variante em pé de igualdade com as restantes variantes do mesmo sistema linguístico [...] Combater por todos os meios a contaminação linguística do idioma galego, a nível ortográfico, fonológico, morfológico, sintáctico, semântico e léxico para desterrar o castrapo ou patois da língua galega e conseguir a sua plena normalização cultural, política e social [...]” (1986, 6/10: 66). Foi eleito Presidente J.M. Montero Santalha. Editam as revistas Cadernos do Povo, NÓS, O Ensino, Temas de O Ensino, e obra literária. Publicam um Prontuário (1984, 2/3) que perfilou as suas linhas ortográficas gerais “avançadas”, p.ex. grafar “Castelão” com til, e em geral o emprego do til onde correspondia segundo o critério então adotado, que incluía as terminações em -ões.  Daquele prontuário foram tiradas as palavras “brêtema” e “lôstrego” incluidas na Base XI 2° a) do Acordo da Ortografia Unificada.

As IF realizam vários congressos e simpósios internacionais de linguística e sociolinguística, como o I Simpósio de Lingüística e Sócio-Lingüística sobre aculturaçom, normalizaçom e normativizaçom das IF, nas VIII Jornadas do Ensino de Galiza, Ourense, agosto 1984; Jornadas do Ensino, Escolas de Verão de Galiza e Portugal, Viana do Castelo, setembro 1985; II Encontro Lusogalaico de Escritores, Melgaço, agosto 1986; V Encontro Internacional da Língua Galegoportuguesa, Vigo, março 1987; I Simpósio Internacional de Linguística e Sociolinguística Galaico-Portuguesa das IF, 1988; II Simpósio Internacional de Linguística e Sociolinguística Galaico-Portuguesa das IF; Congresso Internacional de Língua, Cultura e Literaturas Lusófonas (Homenagem a Ernesto Guerra da Cal), Santiago, 15-17 setembro 1994; I Congresso Internacional de Literaturas Lusófonas em Homenagem a Rodrigues Lapa, Celso Cunha e Carvalho Calero, setembro 1991, Santiago (NÓS, Revista da Lusofonia, Ponte Vedra-Braga, 1990/91, nos 19-28); II Congresso Internacional de Literaturas Lusófonas, setembro 1993, Santiago (NÓS, 1994, nos 35-40); III Congresso Internacional de Literaturas Lusófonas, setembro 1995, Santiago (NÓS, Revista Internacional da Lusofonia, Ponte Vedra-Braga, 1995, nos 45-50); Congresso Internacional ‘A Língua Portuguesa no Mundo’[...], setembro 1992, Santiago (NÓS, Revista da Lusofonia, Ponte Vedra-Braga, nos 29-34, 1993); IV Congresso Internacional de Língua, Cultura e Literaturas Lusófonas: Galiza, Portugal, Brasil, Palop-Timor, 13-15 setembro 2000, Santiago de Compostela, junto com as IF da Galiza e Portugal e a Associação Galega de Escritores (AGE); I Encontro Internacional da Lusofonia, Casa do Brasil, Madrid, setembro 1988, organizado pelas IF da Galiza e Portugal, com presença do embaixador da República Federativa e vários adidos culturais de embaixadas de países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Entre as Conclusões: “Deve definir-se quanto antes uma politica lusofona em defesa da lingua que é oficial ou cooficial na Galiza, Portugal, Brasil e 5 paises africanos lusofonos” (“Conclusões do I Encontro Internacional da Lusofonia, p. 169, revista Temas de O Ensino, nos 14-20, A lusofonia, unificação ortografica e politica linguisticocultural, Vol IV-V, 1989; a ortografia das Conclusões é a do Acordo de 1986, não vigorado). A partir daí as IF começaram a utilizar sistematicamente as expressões "lusofonia" e "lusófono" nas suas publicações, embora já utilizaram antes o termo “lusofonia”.

Participam em colóquios internacionais, encontros internacionais da língua, de escritores, etc. Posteriormente foram inscritas em Portugal como Irmandades da Fala da Galiza e Portugal (8 julho 1991, Cartório Notarial de Braga, sendo o seu presidente J.L. Fontenla; tinha uma Seção de Escritores em Língua Galegoportuguesa). Dirigiram, participaram ou colaboraram nos seus congressos e publicações Mª Rosa da Rocha Valente Sil Monteiro, J.L. Pires Laranjeira, Cristina de Mello, Salvato Trigo, Américo Diogo, Inocência Mata, Evanildo Bechara, Herculano de Carvalho, Mário Soares, C. Reis, L.A. de Azevedo Filho, L. Lindley Cintra, Malaca Casteleiro, M. Vilela, E. Estrela, M. Rodrigues Lapa, J. Coromines, A.A. Lindeza Diogo, F. Mendonça, Lopito Feijóo, Arsénio Mota, G. Chaves de Melo, A. Margarido, R. Jakobson, C. Ferreira da Cunha, Filomena Cabral, Beatriz Weigert, Amadeu Torres, L. Polanah, J.J. Letria, N. Freire, J. de Montezuma de Carvalho, E. Guerra da Cal, A.G. Vessada, J.L. Valinha Reguera, Jenaro Marinhas, R. Carvalho Calero, Mário J. Herrero Valeiro, C.Á. Cáccamo, Á.J. Vidal Boução, Ll. Aracil, A. Gil Hernández, D. Prieto, J.C. Rábade Castinheira, V. Paz-Andrade, M. Cupeiro Frade, I.A. Estraviz, A. Figueroa Panisse, A. Marco, A.S. Porto Ucha, T. Feliz Murias, J. Torres Santomé, J. Paz Rodrigues, J.M. Montero Santalha, J.J. Santamaria Conde, J.L. Iglésias, C. Vidal Bouzón, J.R. Rodrigues Fernandes, J.L. Franco Grande, H.M. Rabunhal Corgo, Iolanda R. Aldrei, P. Palomo Branco, J.Â. Cristóvão Angueira, Â.J. Brea Hernández, X. Vilhar Trilho, C. Durão.

Em colaboração com as IF, a AS-PG organiza as "Jornadas do Ensino" (antes "Xornadas do Ensino"); as IF estiveram ligadas à "Associaçom Sócio-Pedagógica Galega" (que publicou “Orientaçóns para a escrita do noso idioma” (agosto 1982, reelaboradas sobre as “Orientacións para a escrita do noso idioma” de 1979-1980) e várias Unidades Didáticas); depois de uma cisão, esta passou a ser "Associação Sócio-Pedagógica Galaico-Portuguesa".

(continua)

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