segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (21), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (21)
  por Carlos Durão

(continuação)

Joan Coromines fala de “unificação ortográfica galego-portuguesa” (1976, 53: 277-282). Ele já deixara clara antes a sua atitude a respeito da pertença do galego à lusofonia, no seu Diccionario crítico etimológico de la lengua castellana.

Para J.R. Rodrigues Fernandes é “galaico-português” (1978); também emprega o termo “regeneracionismo”; e Ramom Sarmiento trata dos “regeneracionistas” (1984: 163-169), como mais tarde V.R. Fagim e J.L. Valinha (vide infra); curiosamente F. Fernández Rei fala, no entanto, da “postura rexeneracionista que propugna un galego identificado” (1991, 5: 29-40), e “O rexeneracionismo defende a elaboración dun estándar autónomo, dun galego identificado que continúe a tradición literaria contemporánea e que estea próximo á fala viva, pero depurada e modernizada” (2008, 72: 503-526), onde também: “Hai moito tempo que teño ben claro que o galego moderno é unha lingua románica reemerxente, moi afín á portuguesa pero independente dela e, por suposto, independente do castelán, que ocupa o seu teito lingüístico” (por outras palavras: castelão=teito do galego); porém confessa: “Dans une perspective strictement linguistique, nous pouvons admettre que le galicien et le portugais parlés aujourd’hui constituent une seule et même langue abstand” (1993, 6: 89-120); e: “Desde o comezo da romanística científica, coa gramática das linguas románicas de 1836 do alemán F. Diez, considérase o galego un dos dialectos portugueses.” Ainda: “O galego verbo do portugués non é lingua abstand, porque a distancia estrutural entre ambos é escasa, especialmente cando se comparan falas de puntos próximos nas dúas beiras do Miño ou da raia seca; pero si é unha lingua ausbau: o galego moderno é lingua independente do portugués moderno fundamentalmente por razóns sociolingüísticas e literarias [...]/Desde o punto de vista da distancia estrutural poderíase falar dunha soa lingua, aínda que a conciencia xeral dos falantes e da gran maioría dos escritores que están a elaborala desde o Rexurdimento é que se trata de linguas diferentes, estreitamente afíns, pero diferentes./Son linguas porque os seus escritores, os seus lingüistas, as súas institucións e as respectivas sociedades quixeron e queren que sexan linguas, a pesar da escasa distancia lingüística cun idioma veciño, distancia que, por outra parte, non é doado medir, mentres que o grao de elaboración pode medirse” (2008).

Isaac Alonso Estraviz: “Tentar, por tanto, uma ortografia própria para o galego independente da portuguesa, obedece a uma ignorância imperdoável, a um infantilismo linguístico, a um nacionalismo irracional ou a uma manipulação dos servidores do colonialismo para levar a cabo a morte do galego em Galiza” (1987, 18-22: 209); “a normativa do ILG-RAG é uma cópia fonética das variantes populares existentes na Galiza e Portugal. Um afã de querer elevar a rango literário o que é um fenómeno popular e um querer demonstrar-nos que Galego e Português são diferentes. Infelizmente, a normativa do ILG-RAG é a soma de variantes dialectais portuguesas” (1993, III: 61); “O galego não precisa fundir-se com o português [...] pois o galego é português e o português é galego [...] Pessoalmente, sou partidário de aceitar a norma ortográfica portuguesa plenamente, porque ela responde à nossa história comum e porque resolve adequadamente todos os problemas que surgem quando se trata de normativizar o galego. É vantagem que têm as ortografias históricas que, sendo comuns para todos, permitem diversas realizações nas falas comarcais ou individuais [...] Devem-se respeitar, portanto, no relativo a Galiza, as soluções hoje imperantes a respeito da contracção da preposição por e o artigo: polo/pola (própria também dos falares portugueses) frente à padrão portuguesa pelo/pela (ainda que em textos medievais redigidos em território galego fosse tanto ou mais frequente pelo/pela que polo/pola)” (1986, 1: 20-22); “Se se admite que galego e português é o mesmo idioma, não se concebe muito bem o falar umas vezes do português falado na Galiza e outras dos idiomas galego e português, e mesmo do galego, português e brasileiro. Que um galego chame ao português que fala na Galiza galego ainda tem sentido por mero sentimentalismo. Ora para um português será sempre português bem ou mal falado. Para evitar essas incoerências convém falar de Língua, Idioma ou Diassistema ao conjunto de falares no mundo lusófono e falas às distintas variedades locais” (1998, 53: 15); “Todas as particularidades fonéticas e morfológicas que se dão em Portugal, dão-se, em maior ou menor medida, na Galiza. E todas as particularidades existentes na Galiza, existem, em maior ou menor proporção, também em Portugal [...] Por tanto, para mim, trata-se de ressuscitar uma ortografia que também foi nossa, e isto por muitas razões. Entre elas a de escolher uma das normas existentes antigamente, por razões de rentabilidade” (1978, 62: 477-479); utiliza também a expressão “lusistas-reintegracionistas” (1995).

Luís Polanah: “[o galego] Fora das suas fronteiras etnico-políticas (na Galiza) não tem qualquer utilidade nacional e cultural, a não ser de forma muito dispersiva para os naturais que a falam e andam emigrados dentro da Espanha ou fora dela. As suas maiores possibilidades de acolhimento e inserção cultural encontram-se em toda a rota de expansão da língua portuguesa, a começar pelo português que lhe é vizinho. [...] Cabe a Portugal facilitar esse reingresso na comunidade lusófona” (1987, 18-22: 225).

José Saramago: “praticamente falamos a mesma língua” (1989, 2: 20); “a verdade é que o galego não tem outra maneira de defender-se do castelhano, senão aproximando-se do português” (1989, 2: 25).

Eugenio Novoneyra: “Débese de adoutar a ortografía portuguesa –dentro das lindes en que non seia menester atentar contra a nosa peculiaridade— o que dun golpe multipricaría por vinte o número potencial de lectores do libro gallego e situaría a nosa cultura no seu xusto e máis comprido espacio: Galicia, Portugal i o Brasil, un dos estados que poden erguerse no futuro con exemonía mundial” (1961.1990, 24: 491).

(continua)

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