O Século XIX Português
M. Fátima Bonifácio
Imprensa de Ciências Sociais, 2002
Liberalismo e radicalismo possuíam fundamentos filosóficos diferentes e até antagónicos. Por trás de cada uma destas distintas correntes políticas estavam distintas concepções sobre os fins da existência individual e social e sobre as relações entre o Estado e a sociedade. Ao egoísmo individualista dos liberais, fundado numa visão do indivíduo como um ser transcendente à sociedade, os radicais (ou democratas) opunham o ideal do cidadão despido dos seus interesses particulares e inteiramente votado à res publica entendida como uma comunidade de iguais, da qual o indivíduo não era mais do que uma emanação. À protecção da liberdade pessoal exigida pelos primeiros, os últimos contrapunham a supremacia dos interesses públicos sobre os privados. Aqueles estavam sobretudo empenhados em proteger os indivíduos da ingerência estatal nas suas vidas particulares…
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Seis Estudos sobre
O Liberalismo Português
Maria de Fátima Bonifácio
Editorial Estampa, 1996
«Existe na comunidade académica portuguesa o hábito pernicioso de ignorar o que os outros fazem. As citações de trabalhos alheios, com raras excepções, servem geralmente dois únicos propósitos: exibir erudição ou autorizar opiniões cuja responsabilidade o próprio não se atreve a assumir. Quase ninguém aproveita o trabalho dos outros para o confrontar seriamente com os resultados a que cada um, encastoado na sua quadrícula, vai chegando; muito menos para corrigir eventuais enganos – que ninguém, com raras e honrosas excepções, reconhece ter cometido. Em Portugal a crítica é ofensiva dos bons costumes académicos. É tida, geralmente, por sintoma de agressividade temperamental ou por falta de boas maneiras, ou ambas as coisas combinadas. É por isso que a publicação dos mais evidentes disparates beneficia de total impunidade.
Maria de Fátima Bonifácio
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
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