José Magalhães
No dia 1 de Dezembro de 1868, nasceu o jornal «O Primeiro de Janeiro». Deve o seu nome às manifestações da «Janeirinha». Durante os primeiros anos da sua vida, o diário foi crescendo em tiragem e em importância, até se tornar no melhor jornal de Portugal.
Era já, ao fim de pouco tempo de existência, uma referência Nacional, e assim o foi durante dezenas de anos.
Era o jornal onde melhor se escrevia em Portugal. Por lá passaram os mais ilustres intelectuais do nosso País.
Atravessou incólume períodos conturbados da vida Nacional, como a implantação da República as primeira e segunda guerras mundiais ou a transição para o actual regime, acabando por se debater com a mais grave crise da sua história, na década de 1980, quando o seu enorme património foi desbaratado.
Hoje, o jornal continua, já sem o seu emblemático edifício na Rua de Santa Catarina, e sem os grandes nomes que o ajudaram a consolidar-se a nível Nacional, mas com a mesma vontade de se afirmar e de fazer jus a um passado de glória.
«O Primeiro de Janeiro» é, sempre o foi, o «meu» jornal. Por influência de um primo por quem tinha uma amizade e admiração enormes, Emílio Loubet, grande jornalista que também coloborou no Norte Desportivo, meu pai sempre o teve em sua casa e o leu religiosamente.
Uma das muitas imagens que guardo de meu pai, é a de o ver sentado no piso de baixo do autocarro de dois andares da carreira A, à hora de almoço e a caminho de casa, lendo o Janeiro, dobrando-o cuidadosamente de modo a não incomodar ninguém (nem sempre arranjávamos lugar no mesmo banco). Com meu pai aprendi nessa altura, como dobrar o jornal para bem o ler com os solavancos dos transportes, já que era bem maior do que hoje é, talvez do dobro do tamanho.
O meu primeiro contacto com o jornal, aconteceu ainda nem ler sabia. Não teria mais de três ou quatro anos, e aos domingos de manhã, aconchegado na cama de meus pais via avidamente a banda desenhada de «O Príncipe Valente», de «O sr. Calisto» e do «Zé do Boné». E foi assim depois durante muitos anos. Era a altura da semana que melhor me sabia e em que mais eu sentia a felicidade da vida que levava. O aconchego dos meus pais e o poder partilhar a leitura do jornal. Nessas alturas, sentia-me já um homem. Quase se poderia dizer que foi com aquelas páginas que comecei a ler e que tomei o gosto pela leitura..
O meu primeiro contacto com o jornal, aconteceu ainda nem ler sabia. Não teria mais de três ou quatro anos, e aos domingos de manhã, aconchegado na cama de meus pais via avidamente a banda desenhada de «O Príncipe Valente», de «O sr. Calisto» e do «Zé do Boné». E foi assim depois durante muitos anos. Era a altura da semana que melhor me sabia e em que mais eu sentia a felicidade da vida que levava. O aconchego dos meus pais e o poder partilhar a leitura do jornal. Nessas alturas, sentia-me já um homem. Quase se poderia dizer que foi com aquelas páginas que comecei a ler e que tomei o gosto pela leitura..
Ao longo da minha vida, o Janeiro foi presença diária e leitura obrigatória. Mais tarde, já homem, e numa fase anterior a esta que agora vivemos, fui leitor fervoroso dos cadernos «Das Artes Das Letras» e «Se7e», entregava aos meus filhos mais novos «O Janeirinho» de modo a que se habituassem como eu me tinha habituado, a ler o jornal, e enviava semanalmente o «Caderno das Regiões Concelho do Porto» que saía às sextas-feiras, para a minha filha mais velha que habitava na Madeira, para que não perdesse o contacto com o jornal e com a região. E que saudades que a falta desses cadernos me fazem.
Hoje, sinto-me honrado em poder ver algumas palavras minhas publicadas neste «meu» jornal.
Actualmente luta-se, lutamos todos os que de uma forma ou de outra colaboramos com o nosso Janeiro, pela continuação da sua existência e por continuarmos a vê-lo nas bancas em lugar de destaque. Os dias que atravessamos são madrastos e sem complacência, pejados de dificuldades, sendo que as económicas estão cada vez mais com importância acrescida e numa primeira linha de influência. A competição é enorme e só os números das tiragens e das vendas de publicidade interessam.
Mas o «O Primeiro de Janeiro» apesar das múltiplas adversidades vai continuar, estou convencido disso, cada vez mais forte, a caminho de se tornar de novo, num dia que se deseja muito próximo, numa referência no panorama jornalistico e literário Português.
Ainda vamos voltar a ouvir pelas ruas do Porto o pregão: «Olhó Janeeeiiirooo».
Parabéns, Janeiro, pelos teus cento e quarenta e dois anos, e obrigado por me deixares fazer parte dos que lutam pelo teu bom nome, prestígio e projecção.
Também eu quando era pequeno lia O Primeiro de Janeiro. Ia com o meu pai ao café Nacional, na Rua 1º de Dezembro, perto da estação do Rossio, em Lisboa. Lia o Reizinho, também o príncipe Valente, e outras hstórias aos quadradinhos, como a de uma dona de casa, muito divertida, mas de que não consigo recordar o nome. Era muito pequeno, já não me lembro de outras rubricas. Mas gostava imenso. E o meu pai, o José Pedro Machado, era um apreciador do Primeiro de Janeiro.
ResponderEliminarEm minha casa era o jornal que se lia. lembro-me do Principe Valente e do "Coração de julieta".Aprendi a ler com este jornal e com a "A bola" que o meu pai também comprava.
ResponderEliminarObrigado pelos vossos comentários, João Machado e Luis Moreira. A dona de casa seria a "Cara Metade"?
ResponderEliminarEra mesmo a Cara Metade. Um abraço para ti, José Magalhães.
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