Carlos Mesquita
Os economistas têm tido um papel fundamental nas mudanças da nossa sociedade, seja em momentos cruciais onde governaram como primeiros-ministros, Oliveira Salazar e Cavaco Silva, seja nos outros governos.
A definição da política económica do país teve sempre a mão decisiva de professores de economia, idos da Universidade para a governação. Todas as opções politicas nas áreas de economia e finanças tiveram a chancela de aprovação de economistas e foram elaboradas por eles.
Incontestavelmente, para a situação critica em que nos encontramos, os economistas que exerceram cargos nos governos muito contribuíram, assim como os que não governando, fizeram e fazem pressão do exterior para condicionar o rumo da política económica. A intervenção individual ou em grupo dos economistas na vida politica tem toda a legitimidade, se a intenção for esclarecer e debater os temas da sua área de especialidade.
Mas o que se tem passado é que ao invés de clarificarem a situação, têm aumentado a confusão. Economistas ex-governantes sem desempenho eficaz quando exerceram o poder, surgem agora com as soluções milagrosas para resolver a crise. Produzem opiniões contraditórias com a sua prática e com o que antes afirmavam. Desdobram-se em diagnósticos e comentários diversos e para todos os gostos. A barafunda está instalada.
Na base do desacerto estão as escolas teóricas distintas, fundamentalmente três famílias de pensamentos divergentes. Até o prémio (em memória de) Nobel é capaz de premiar dois economistas que defendem o contrário um do outro. Para além das divergências de soluções há o oportunismo patente nas reviravoltas do pensamento dos economistas, consoante estão no executivo ou na oposição. Para os políticos é facílimo conseguir o apoio às suas medidas de conceituados economistas, como para qualquer oposição é facílimo conseguir o apoio às suas criticas, de outros conceituados economistas.
É tudo conceituado, grandes economistas, a ciência é que não existe. Por isso passam a existência a “fazer previsões e a justificar porque falharam as previsões feitas”. São eles que descredibilizam a sua actividade. Já fazem parte do anedotário popular “ Deus criou os economistas para os meteorologistas parecerem competentes”.
Enquanto a discussão é entre eles, académica, não vem mal ao mundo, o problema é quando têm oportunidade de aplicar as suas teorias; ao nível macroeconómico está patente na crise global que atravessamos, e no quotidiano da vida empresarial há vastos exemplos da sua impreparação para actuarem na economia real.
O que digo peca por generalizar, mas é o sentimento comum, sigo com atenção e consideração os ensinamentos daqueles cujas doutrinas económicas mais se aproximam do meu pensamento, mas que por desistência ou outras dificuldades, não têm conseguido impor uma alternativa à corrente liberal dominante, no ensino em Portugal, e nas decisões das instituições internacionais.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
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Claro que os economistas têm muitas culpas no cartório mas basta dar um exemplo para perceber como funcionam as coisas. O Prof Luis Campos e Cunha quando percebeu que a política económica de Sócrates nos levaria ao desastre pediu a dimensão.A política seguida foi a de Sócrates não foi o que a teoria económica aconselhava.Arranjou uma mulher a dias e estamos onde estamos.
ResponderEliminarMeu caro amigo Carlos Mesquita, vamos parar sempre ao mesmo: a culpa é dos políticos que não existem com o nível que se exige para governar um país, não é dos economistas. Há economistas bons e economistas maus, tal como nas outras profissões, mas não são eles que têm que de tomar as opções políticas de fundo. Se eu bem percebi o que estás a dizer, onde é que se pode aceitar que sejam economistas a decidir sobre a política de educação e das instituições internacionais? Pensava que a gente de esquerda defendia a política e não a tecnocracia.
ResponderEliminarLuís. Já aqui uma vez te lembrei, a respeito do Prof. Campos e Cunha, que ele saiu do governo porque acumulava a reforma do cargo de vice-governador do Banco de Portugal com o vencimento de ministro, não prescindia disso e a lei não permitia. É público, está publicado, deu uma celeuma dos diabos, toda a gente se recorda. Dá-te jeito repetir. Como também dá, chamar mulher-a-dias a um Professor a quem os seus colegas, mesmo os que não concordam com as suas opções, reconhecem grande capacidade técnica e profissional. É ele o feitor da política económica do governo, e não Sócrates, se não concordasse com a política do governo sairia.
ResponderEliminarO que se passa é que uma coisa é elaborar estudos na SEDES, lavrar protestos, ou dar bitaites nos jornais, outra é ter os problemas entre mãos para resolver; eu não queria ter essa missão mesmo que fosse especialista. O PSD também não quer, o parafuso está perro e custa a desapertar (até pode partir), quando começar a desatarraxar não faltarão voluntários para pegar na chave de fendas.
Tenho muitas criticas a politicas do governo, mas muitas mais a quem está ao longe a cantar de galo, como Campos e Cunha e seus muxaxos fanfarrones.
Augusta. Não estou a falar da Educação os dos Negócios Estrangeiros, é sobre a política económica. Os ministros não são tecnocratas que se consultem, são políticos que elaboram as políticas.
Mas para ficar claro, não faço parte da esquerda dos slogans, acho inútil.
Não é nada disso, Carlos. O prof Luis Campos e Cunha que eu acompanho nos seus escritos sempre foi um feroz adversário da política económica deste governo. Não digas que dá jeito, porque o jeito é tanto meu como teu. Campos e Cunha veio embora porque não quiz fazer o papel que Teixeira dos Santos faz. Como se vê com o fecho das contas de 2009 que tanta imaginação necessita e vamos ver o de 2010...acumulação de pensões com vencimentos é o que há mais entre os governantes...
ResponderEliminarAugusta, o Carlos quer-nos convencer que o ministro das finanças é que traça as políticas económicas, ora é bem de ver que o ministro é um técnico( e então nas finanças, há séculos que é assim, cá no burgo)que executa o que os partidos e as corporações traçam para o país.Campos e Cunha é um adversário destes ciclos de obras públicas que não têm produzido resultados na nossa produtividade e riqueza face ao exterior.Como é bom de ver. Mas o Carlos, acha que isto (de sermos pobres e pouco competitivos)é obra de gente sem rosto.Começou no Cavaco e termina ( espero eu)no Sócrates.De cócoras perante as empresas de construção civil e das empresas do regime.
ResponderEliminarNão são slogans, Mesquita, não me venhas com essa história. É perceber o que se fez de totalmente errado só porque a CEE e, depois, a UE mandaram fazer, abdicando totlmente da nossa soberania: acabou-se com a agricultura, em consequência do que se esvaziou o interior do país e importamos agora frutos e outros produtos agrícolas que tínhamos em abundância. Sobre isso, sim, ouvi muitos economistas a justificsrem a política de ruina da nossa agricultura empunhando os slogans que a Europa lhes tinha mandado vender-nos;acabou-se com as pescas, com a marinha mercante e com a construção naval, etc. Deu-se cabo da educação; não se fez investigação fundamental porque eramos pobres mas, entretanto, o dinheiro entrava a rodos sem se saber para onde ia. Se calhar os economistas tornaram-se tão importantes porque os políticos também já não sabem fazer contas.
ResponderEliminarO que eu gostava de ver discutir, de discutirmos em conjunto, é como é que vamos lutar para que se reverta esta situação. Aquilo que eu ouço os economistas discutir, com o aval dos políticos, é qual vai ser a solução para o BPN. Para mim, era pegar-lhe fogo. Aqui tens um slogan.
No BNP a solução é meter lá mais 500 milhões...e se o deixassem cair logo no inicio não teria havido repercussão nenhuma na economia.O mesmo se diga no BPP e ainda nos hão-de dizer porque estão dois amigos no BCP.( um, porque o outro para fugir à sucata, foi para Luanda, para o BCP...)Isto é tudo fruto de interesses poderosíssimos a que nenhum economista faz frente e, quando faz, vai para a rua.
ResponderEliminarNão quero convencer ninguém de coisa alguma, só quero falar dos assuntos com premissas verdadeiras. A verdade dá jeito a quem não precisa de alterar o sucedido. Consultem a NET, talvez por -acumulação de pensões campos e cunha- deve lá estar a história como aconteceu e foi tema no Parlamento. Adiante.
ResponderEliminarAfinal é Sócrates quem traça todas as políticas sectoriais. Grande Universidade Independente, cujos cursos "tirados ao domingo" capacitava um engenheiro civil com especialização em sanitários, para todas as ciências da governação; é uma pena ter fechado.
Toda a gente sabe que os programas dos governos são elaborados por quadros do partido que ganha as eleições, mais independentes convidados. Os ministros não são tecnocratas, são políticos, há-os mais técnicos ou mais políticos conforme a área e as necessidades da governação. Na política económica não existe parte técnica e parte política, se a técnica não for exequível politicamente, não serve. É óbvio que as políticas só saem do conselho de ministros com a concordância do primeiro-ministro, é ele que responde pelo governo e cada ministro pelo seu sector; o das Finanças tem intervenção em todos os sectores no que toca a dinheiro, toda a gente vê isto.
O que eu não vi, foi a participação em conselho de ministros de algum daqueles que o Luís chama "as corporações" que serão os professores, os juízes, as farmácias, os médicos, etc. que tenho visto, uns com razão e outros sem nenhuma, a manifestar-se contra as políticas do governo.
Sobre as obras públicas é uma grande discussão, uma bandeirinha demagógica do liberalismo, o que eu disse sobre todas elas há muito, era que se houvesse financiamento faziam-se, senão, não. Sobre a necessidade das que estão feitas, faltam ainda muitas.
Luís. O que eu critico em Sócrates é a sua deriva neo-liberal, como o que te deram na faculdade foi esse curso, nunca estaremos de acordo.
Os pobres não são para aqui chamados, já basta os sem abrigo do Cavaco e a galinha do Nobre.
Augusta. Não me fiz entender, concordo com as todas as tuas preocupações. Quando me refiro aos slogans é à forma simplista e fulanizada como certa esquerda faz o combate político. A única maneira de reverter a situação actual é com a participação esclarecida dos portugueses, e para isso é preciso um trabalho insistente de explicação do que está em causa, paciente, moroso, e sem resultados imediatos, mas não há alternativa. Hitler resolveu os problemas económicos da Alemanha, Salazar tratou das nossas finanças, em democracia é mais complicado mas prefiro essas dificuldades.
Algumas certezas temos de as por em causa, vê o discurso de Raul Castro esta semana.
Não vale a pena queimar o BPN, não tem nada dentro, é um buraco negro.
Ah, nisso estou de acordo contigo: é um discurso estafado por todo o lado, todos dizem o mesmo sem perspectivas de alterações de fundo. Como é que as pessoas não hão-de ficar indiferentes? Não têm hipótese de participar em nenhuma decisão. Só votam, pagam impostos e perdem os empregos.Vamos ver é se não vão meter mais dinheiro no BPN. Foi sobre isso que as notícias que ouvi hoje me deixaram apreensiva.
ResponderEliminarJá estou como o bombeiro de Mafamude: "É todos os dias más notícias..." :))
O prof Campos e Cunha é um adversário feroz da política económica deste governo, Arranja-se sempre uma mentira qualquer para que um ministro saia do governo.Se fosse um caso de dinheiro quem é que saia do governo? Ao fim de 3 anos no governo teria à espera um lugar na PT a ganhar 100 mil euros/mês como ganha um rapazinho chamado Barroso Soares, com 36 anos .Ora,ora Carlos. E o Daniel Bessa e outros já disseram publicamente que não estariam dispostos a fazer o papel que o Teixeira dos Santos anda a fazer.Se me disseres que esta gente é pequenina e que é pau mandado de gente muito mais poderosa já estou de acordo contigo.
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