quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (23), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (23)
  por Carlos Durão

(continuação)

Jürgen Schmidt-Radefeldt: “o galego, variedade dialectal do antigo galaico-português, sintagmaticamente perto do português mas foneticamente mais próximo do castelhano” (1990, 22: 149).

Eugenio Coseriu (Eugen Coşeriu era o seu nome romeno; assinava Eugenio Coseriu os seus trabalhos na filologia hispânica): “a pesar de que durante siglos no ha habido contactos efectivos, el gallego y el portugués siguen perteneciendo al mismo conjunto, al mismo continuum lingüístico [...] Históricamente, el portugués es el gallego de la Reconquista y es hasta hoy, en todas sus formas, la continuación de ese gallego. Esto vale también para el portugués literario y común en su relación con el gallego literario medieval, pues la tradición de este gallego ha sido adoptada y continuada por la lengua literaria portuguesa. Se trata, por tanto, del caso, bastante raro en la historia de las lenguas, de una lengua que, precisamente en la forma que se difunde y se constituye en lengua común y gran lengua de cultura, se llama con otro nombre: ya no gallego, sino portugués” (1989, II: 800); “provavelmente um estudo deste tipo, uma semântica estrutural do galego e do português chegaria à conclusão de que o sistema básico é o mesmo no galego e no português e que as distinções, as oposições básicas, os traços diferenciadores são os mesmos, mas há, como dizia o nosso amigo Leodegário, diferença de norma, como há também diferença de norma entre o português de Portugal e o português do Brasil e também no português de várias regiões de Portugal e no português de várias regiões do Brasil” (1993, III: 100); “Una lengua no se impone por decreto” (1995); “a ninguém se pode impor por decreto uma língua. A língua é sempre um  saber e o verbo saber não se conjuga no imperativo” (1995); “desde el punto de vista puramente lingüístico, el límite entre las “lenguas” es convencional, como también lo es el límite entre los dialectos: depende de las isoglosas que se consideren, pues casi no hay isoglosas que coincidan exactamente en un determinado territorio”; ““lengua” se llama, o se puede llamar, cualquier sistema de isoglosas” (1983); “não são [a maioria das inovações poéticas] quase sempre violações ou ampliações da norma, permitidas pelo sistema?” (1979: 50-51); “existem em cada língua oposições constantes e peculiares, tanto entre as invariantes quanto entre variantes normais, com a diferença de que as oposições entre invariantes são funcionais, enquanto que as oposições entre variantes não têm esse caráter, mesmo não sendo nem indiferentes nem arbitrárias na língua dada” (1979: 54); “o sistema é um conjunto de oposições funcionais; a norma é a realização “coletiva” do sistema, que contém o próprio sistema e, ademais, os elementos funcionalmente “não-pertinentes”, mas normais no falar duma comunidade; o falar (ou, se se quer, fala) é a realização individual-concreta da norma, que contém a própria norma e, ademais, a originalidade expressiva dos falantes./ O sistema é sistema de possibilidades, de coordenadas que indicam caminhos abertos e caminhos fechados: pode ser considerado como conjunto de “imposições”, mas também, e talvez melhor, como conjunto de liberdades, pois que admite infinitas realizações e só exige que não se afetem as condições funcionais do instrumento lingüístico: mais que “imperativa”, sua índole é consultiva. [...] A norma é, com efeito, um sistema de realizações obrigadas, de imposições sociais e culturais, e varia segundo a comunidade” (1979: 74); “é legítimo interpretar foneticamente as vogais nasais do português cindindo-as em vogal+arquifonema nasal” (1979: 122).

Mª do Carmo Henriques Salido: “Labov nos seus trabalhos manifesta que a “norma” é parte constitutiva da estrutura sócio-lingüística e que sem ela essa estrutura desaparece [...] A Assembleia do “Congresso Internacional da língua Portuguesa no mundo”, realizado em Lisboa em 1983, recolheu, entre outras esta proposta: “I.-Atendendo à situação dos estudos linguísticos, o Congresso reafirma a tese de que o Galego e o Português são normas cientificamente reconhecidas de um mesmo sistema, que engloba as comunidades linguísticas luso-galego-brasileiro-africanas”” (1984.1987, 18-22: 236-238); “A primazia do “espírito de campanário” é exponente de complexo provinciano e rústico; corresponde-se, porém, com o “novo” processo assimilacionista do galego, subsidiário do projecto nacional espanhol, embora os seus promotores revistam os seus textos de separatismo lingüístico, aparente a respeito do castelhano, real a respeito do português, que envolvem em retórica patrioteira inconsistente. Em síntese, constitui umha manobra manifesta para substituir o idioma nacional da Galiza polo espanhol” (1988, 14: 186); “lembraremos que a língua real se pode conceber satisfactoriamente como umha instituiçom em equilíbrio nom estático mas dinâmico e a que só por exigência de estudo se imagina como detida. Isto é, dentro do constante constituir-se ou conformar-se de umha língua histórica, cabe detectar um determinado estado de língua, um momento que, por necessidades de estudo, abstraímos do contínuo devir. E neste momento o que se observa é a existência de “variedades” entrecruzadas que, como variedades, remetem  a umha invariante fundamental chamada diassistema. Assim, o que se denomina normalmente “língua espanhola”, “língua galego-portuguesa” e “língua catalá”, som, observadas desde um determinado estado de língua, os diassistemas gerais que presidem aos diferentes sistemas lingüísticos cujas diferenças, vistas desde o respectivos diassistemas, nom som mais que variantes” (1996, 48: 421).

(continua)

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