sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (25), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (25)
  por Carlos Durão

(continuação)

António Gil Hernández: “Prevê-se, com quase total segurança, que nem os poderes públicos do Estado, como a “Xunta” e o Parlamento, nem as autoridades académicas e culturais, como a Universidade ou o “Consello da Cultura Galega”, levarão adiante a normalização dos usos do galego [...] O futuro do galego, está bem claro se o galego tem futuro, não pode ser outra cousa que reintegracionista. Quando os galegos conheçam o seu passado linguístico, quando conheçam as afinidades com o português e brasileiro e quando vejam as possibilidades que um decidido acercamento à normativa luso-brasileira pode aportar a um galego normalizado, não se preocuparão de escolher como normativas formas que tenham uns quilómetros quadrados mais de extensão ou uns milhares mais de falantes. Escolherão, para a escrita, aquelas formas que permitam uma melhor comunicabilidade entre galegos, portugueses e brasileiros. E aí está o futuro, isso é reintegracionismo [...] Nós entendemos que a fidelidade à tradição escrita implica a recuperação das formas, tanto ortográficas e morfológicas como léxicas, legítimas do galego, baseada no confrontamento das falas actuais com a história da língua. [...] Com isto mantemos aberta a via recuperacionista (reintegracionista), inaugurada pelos autores das Irmandades da Fala, Geração Nós e Seminário de Estudos Galegos, entre outros, preferindo e recuperando todas as formas galegas tradicionais que hoje podem mesmo não estar vivas nas falas ou são minoritárias, porque estão suplantadas pelas espanholas [...] Partindo destes princípios o resultado será, sem dúvida, uma normativa de escrita correcta bem diferente às Normas ILG-RAG, substancialmente comum com a luso-brasileira (o que permite a intercomunicação escrita sem esforço suplementar) e fiel ao verdadeiro galego. Deste modo recuperamos o que realmente é património do povo galego” (1984: 149-160-162-166-167); “Na Galiza o processo “normalizador” do galego parece limitar-se, cada vez mais declaradamente, a actos de governo junto com atitudes e condutas de Notáveis, possuidores dalguma parcela de poder (académico ou político), cujo fim quase único é impor o conhecimento da normativa gráfica oficial [...] A normativizaçom do galego, em última instância, está a servir para a sua assimilaçom definitiva na língua nacional do Estado espanhol” (1985, 4/5: 147-150); “a unidade grafica garante a unidade de lingua e a unidade de lingua garante, pola pratica comunicacional, a coesão dos falares; neste suposto entendemos que há Comunidade Linguistica./ [...] o diferencialismo grafico é o que se acha já ao serviço do projeto nacionalista espanhol [...] Não é outro o motivo nem o objeto do separatismo oficializado do galego escrito a respeito do português padrão./ O diferencialismo grafico pode obedecer a questões apresentadas como “de estrategia” ou/e “de tacticas”. Porém, esses procederes amostram de facto uma atitude de vencidos prematuros, politica e cientificamente” (1988, 7-12: 117); “Ao meu razoado parecer, a única resposta viável, por verificada, por universalizante no tempo e no espaço, por tradicional e por respeitosa com o processo histórico “clínico”, seguido contra a Comunidade Lusófona da Galiza (espanhola) é singelamente o português, graficamente unificado em 1990 e oralmente diferenciado nas normas portuguesas (lisboeta e coimbrã), brasileiras (paulista, do Rio, do Norte e do Sul), luso-africana (angolana, moçambicana, etc.) e, entre elas, a galega, ainda por definir” (1992, 30: 238); “numa primeira acomodação glotopolítica do conceito, digo que a maioria dos dirigentes, presumíveis galeguizadores, se acha incluída no conjunto da notabilidade espanhola de modo que, individual e involuntariamente, se conduzem como “notabiliños” ou notáveis secundarizados cuja ação primária na Galiza é inconscientemente verificarem e estenderem entre os cidadãos galegos, sob matizações “regionalistas”, o projeto nacional espanhol. Quer dizer, o seu alvo não expresso é, até hoje e com toda a segurança em adianate, integrarem os homens galegos no processo nacionante do Reino da Espanha, que se exprime em só castelhano (não nos esqueça)” (1999, 58: 270). “É bem conhecido o meu posicionamento a respeito de la questione della lingua galega: 1. O galego literário está já elaborado no português “acordado” em Lisboa (1990). Basta com incluir, completando os propostos, os galeguismos fónicos, sintáticos e sobretudo léxicos. / 1.1. Estabeleça-se a ORTOFONIA galaica./ 1.2. Assinalem-se as PECULIARIDADES SINTÁTICAS. Considero que as apresentadas habitualmente como morfológicas são em defintivo fónicas; v.g. (grafia) -ão>(pronúncia) -om./ 1.3. Elabore-se o dicionário de galeguismos a integrar no dicionário lusofónico./ 2. O objetivo é estender o conhecimento dessa forma gráfica das falas galegas. [...]” (1999, 59: 327-328); “os Notáveis galegos, pretensos nacionalizadores, obedecem demais, submissos até ao aviltamento, as instruções da Notabilidade espanhola, decerto já nacional, que desde as Instituições do Estado-Nação (por interposição, com frequência demais, de aqueles notáveis galegos), lhes ordena que nem imaginem sequer mudar o estado de cousas, outrora factualmente recebido, hoje declarado de iure constitucional; enquanto também procuram obedecer-lhes essoutras instruções por que, ao abrigo da nova legalidade fundamental (a mesma que impede qualquer mudança) se sentem, ao próprio tempo, obrigados a mudarem esse mesmo estado de cousas. [...] a notabilidade espanhola vinculou antano e hogano continua poderosamente a vincular com duplo ligame os cidadãos galegos, sobretudo aqueles que puderem tornar-se em agentes da mudança condutual que acabasse normalizando a Comunidade Lusófona inclusa no Reino da Espanha.” (1996: 40-47); “Se o galego pertence ao mesmo sistema que o português e brasileiro e ‘lusoafricano’, i.e. se as falas galegas podem explicar-se linguisticamente polo mesmo modelo/sistema do que as falas brasileiras, portuguesas e mesmo ‘lusoafricanas’, esse galego, essas falas têm de se corresponder com a mesma escrita -unificada- como se correspondem as falas portuguesas e brasileiras e ‘lusoafricanas’ com essa escrita -unificada-” (1989, II: 425); “Apenas são reintegracionistas os LUSÓGRAFOS, aqueles que, com maior ou menor correção, utilizam habitualmente a NORMA REINTEGRADA (o português padrão e melhor o acordado em Lisboa 1990) nos seus escritos” (2006); emprega o termo “luso-reintegracionismo” (em foros da Internet, desde 2002).

José Luís Fontenla: “nós, os Galegos, não pedimos só uma ortografia unificada como também uma ortofonia comum mínima ou ortologia, ortoépia; e uma dicionarística comum, terminologia uniforme, etc., pelo que nasceu o VOCT, Vocabulário Ortográfico Comum e de Terminologia, para toda a Lusofonia, na negociação do primeiro Acordo Ortográfico de 1986, o que se continuou no Acordo de 1990, mas que infelizmente não se implementou ainda” (2000, 59-65: 15); “a Galiza, ou é lusófona ou não é” (correspondência particular a C. Durão, passim); emprega o sintagma “português da Galiza”.

(continua)

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