coordenação de Pedro Godinho
Síntese do reintegracionismo contemporâneo (26)
por Carlos Durão
(continuação)
Luís Gonçáles Blasco: “Segundo os usos lingüísticos habituais esta língua [medieval] pode ser chamada Galego antigo, Português antigo ou Galego-Português (antigo ou nom), podo estar de acordo em que por razons históricas o nome mais acaído seria o de Galego antigo, por ter nado na Galiza; mas nom tudo é História nas línguas e, por exemplo, hoje (quase) todos concordamos em falarmos de Espanhol e nom de Castelhano como quereriam as razons históricas [...] Galego e Português fam parte de um mesmo diassistema lingüistico que, geralmente, chamamos Galego-português, ainda que também podemos chamar-lhe Galego à nossa variante particular (e mesmo às outras)” (1998, 54: 241); “devia ficar claro que os independentistas nom podem ter outra normativa do que a histórica: Porque foi a nossa quando éramos independentes, porque cientificamente é a única válida, porque a normativa isolacionista levaria-nos a umha deriva cara ao espanhol por tratar-se de uma normativa espanholista (com algumhas pinceladas de enxebrismo para dissimular), porque é umha normativa imposta polo poder espanhol e nom por um poder galego” (1999, 58: 253).
Manuel Maria: “Galego e português são a mesma língua, com alguma variante” (2009).
Carlos Garrido: “Desde 1978 até o momento presente assistimos, relativamente ao modelo culto do galego, como que à reediçom da dialéctica entre as duas atitudes [...] por um lado [..], na década de 1980 configura-se com força um movimento reintegracionista, partidário de um modelo de galego culto coordenado com o português, que, embora contasse com ilustres precursores, nunca antes atingira um corpo teórico tam sólido e umha praxe tam conseqüente. Mas, por outro lado, no decénio de 80 também se constitui, guiada polo populismo e pola inércia da recente e adulterada tradiçom de galego escrito, uma corrente isolacionista (autodenominada autonomista), que reage contra os postulados reintegracionistas e propugna um modelo de galego independente, na teoria, do português e do castelhano, mas na prática subsidiário quanto a ortografia, morfossintaxe e léxico deste último. A corrente isolacionista, orfa de umha fundamentaçom teórica consistente, apresenta-se, porém, como dominante nesta etapa, devido à sua condiçom de norma demótica nas actuais circunstâncias sociolingüísticas do país, mas, sobretudo, graças à sua instrumentaçom por parte de um poder político que a sente compatível com o seu projecto nacionalitário” (1999, 57: 5).
Valentim Rodrigues Fagim: “A língua portuguesa –além da sua continuadora- é essencialmente a mesma língua que a medieval com as suas lógicas regularizações e posteriores influências como a língua do Cid é essencialmente a mesma língua que o castelhano actual. Não é um produto made in Lisbon. De ser assim palavras como [lenho, espelho, vou, leite, mais, chover, fórmula, Rosa, isso] deveriam ser transcritas lanhu, ixpalhu, vô, laite, maix, xover, formla, Roza, iço e se outro tanto fizeram os brasileiros (como já faz o galego oficial), onde existe uma única língua existiriam, no mínimo três línguas (a ideia pode ser copiada por mais variantes: galego-asturiano, portunhol ou açorense, por exemplo). O problema, realmente, é que o debate e as decisões não estão em mãos dos galegos. Naqueles lugares onde a identidade da língua depende basicamente dos movimentos sociais que se importam com ela, Quebeque, Puerto Rico, Vale de Aosta, Moldávia actual, Flandres, Tirol do sul... o integracionismo é o comportamento dominante. Naqueloutros onde não é assim, e Valência é o paradigma junto à Galiza, o destino da língua fica baixo a direcção dos seus verdugos.” (1999, 58: 243-244); “Que porta-vozes de ideologia gregária espanholista sejam tam entusiastas das “señas de identidad” de galegos/a e valencianos/as, ao mesmo tempo, sustentem políticas quanto ao status que nada fazem por reverter a progressiva espanholizaçom das sociedades que governam deveria, achamos, acender algumha luminária, em especial naqueles contigentes amplos de galegos/as preocupados/as com a cultura, língua e construçom nacional galega, ao menos entre aqueles/as que nom estám a tirar réditos a situaçom actual” (2002, 71/72: 119-120).
José Luís Valinha: “Os grupos regeneracionistas estão a realizar uma regeneração da língua em todos os níveis da linguagem, e nela o espelho do português de Portugal está a desempenhar um papel fundamental [...] o português de Portugal, no campo fonético como noutros campos, funciona como importante critério de correcção linguística, residindo o problema na determinação prática de a quê ponto em cada caso há que adoptar uma ou outra solução [...] o movimento regeneracionista, na teoria, preferiu, por a considerar mais correcta, a pronúncia do “sesseio” à pronúncia com interdental castelhana de palavras como “cedo” ou “fazer”” (2003, 75-76: 151-156); emprega o sintagma “português da Galiza”.
(continua)
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