terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (29), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (29)
  por Carlos Durão

(continuação)

Isabel Rei: “O português NÃO É UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA./ Reintegracionismo é aquele movimento (teoria e praxe) social que procura informar, conduzir e tornar evidente para os galegos que a sua língua é o português galego” (2006); “O motivo principal deste sucesso é ter usado o nome comum da língua para denominar as falas galegas: PORTUGUÊS” (2009).

Concha Rousia: “Se, ao definir-nos, delimitar com palavras o que somos e o que não, deixamos fora parte do que somos, como quando seguimos o discurso dominante que afirma que galego e português são duas línguas distintas, estamos a impossibilitar o câmbio” (2008); “de sempre na
Galiza há uma corrente que luta pela integração do galego no português, a dia de hoje os linguistas não poderiam defender outra cousa que não seja que galego e português são a mesma língua, com duas histórias muito diversas, mas apenas uma língua” (2009); “Com a AGLP consegue-se uma separação total do discurso unitário e dominante; não só se afirma que o "galego" não é diferente do "português", contradizendo a premissa central do discurso da RAG, como também se afirma que se deve chamar "português" (2009, 2: 77).

J. Malaca Casteleiro: “[...] na base deste projeto está a ideia, defendida por tantos, que o galego é uma variante linguística de uma língua comum que poderia ser língua galego-portuguesa, mas que as vicissitudes da história levaram a que fosse apenas língua portuguesa [...]/ Queria [...] prestar uma homenagem aos ilustres filólogos e linguistas que ao longo dos tempos defenderam sempre que o galego era uma variante linguística de uma língua comum, da língua portuguesa [...]/ e tantos outros que se bateram pela defesa da reintegração do galego como variante da língua portuguesa, com todo o respeito pelas opiniões contrárias. /Mas, do ponto de vista do sistema fonológico, do sistema morfológico, não encontramos argumentos linguísticos, em minha perspetiva e de tantos outros, que justifiquem que se trate de uma língua diferente. Com certeza que há diferenças em relação ao sistema semântico ou lexical, mas não é o léxico que define o parentesco das línguas. [...] integrar o galego como variante da língua portuguesa ao lado das outras variantes [...] contribuirá para reatar os fios da história do galego-português, fios que se quebraram em fins do século XV e que era urgente reatar e revalorizar” (2008); emprega o sintagma “norma galega do português” (2009: 8).

Carlos Reis: “A expressão «sabores da língua» é muito interessante, porque é aquele domínio da língua em que salvaguarda o que há diferente, sem ser uma ruptura, entre uma forma de falar português do Brasil, Portugal, Galiza... que não ponha em causa a ruptura da língua./ A utilização de metáforas como «sabores da língua portuguesa» é muito importante para sabermos que a unidade da língua não é afectada por estas oscilações, são mais de natureza lexical, terminológica do que de natureza ortográfica. ” [...] “para o dizer de uma forma muito clara, acho que a AGLP, no meu ver, deve bater-se pela ideia de que o português é uma língua que existe naturalmente na Galiza, ou seja que o galego não é uma língua em divergência com o português” (2008).

Camilo Nogueira: Penso que o galego e o português são a mesma língua e que nunca deixaram de o ser./ Defendo em consequência a convergência plena do galego no galego-português intercontinental./ Mas não denomino ao galego como português e creio muito errada e perigosa a ideia de submeter ao galego a um tratamento semelhante ao sofrido polo português de Braga, Porto, Tras os Montes ou as Beiras desde o poder do Estado português [...]/ Desde estas posições, sendo inequivocamente partidário da convergência ortográfica do galego com o galego-português comum, tal como o pratiquei durante cinco anos no Parlamento Europeu, creio que do que se trata é de convencer e não de vencer aos que defendendo o galego pensam de forma diferente” (2009). E ainda: “Nós podemos afirmar que a lingua que falan [os brasileiros] é a mesma que a galega. Malia as diferenzas e os matices, tan galego é o portugués do Brasil como castelán o español de México” (2009).

Carlos Durão: “é o mesmo idioma, con variantes fonéticas e léxicas” (1972, 8: 4); e também: "galego e/ou português" (1978, 41: 12); “português da Galiza” (1987, 2-4: 129); “Falares galegos, língua portuguesa” (2003); “cos manuscritos [medievais] na man pódese probar case calquer cousa: tanto que o galego e o portugués son a mesma lingua, como que non, tanto que ‘lh’ e ‘nh’ son vernáculos como que non, etc.” (1979, 64: 243); “Em consonância com o chamado Estatuto das Autonomias decretado pelo poder central, à nossa língua foi-lhe assinada a categoria de autónoma, com os mesmos ou parecidos “teitos” e mais “competências” que esse poder permite à administração civil. E do mesmo jeito que o objetivo final  das autonomias (segundo têm declarado repetidamente os seus apologistas) é reforçar a “unidade superior” do Reino, assim a opção espanholista na língua da Galiza tem por fim achegar paulatinamente o galego ao castelhano, para finalmente absorvê-lo no “grande espanhol” do futuro (tal era a tese do sábio Unamuno); [...] Dizem que há que construir o galego a base dos seus dialetos. Bem está, mas já de entrada esquecem interessadamente os dialetos de além-Minho, justamente aqueles únicos dialetos do galego que não estão contaminados pelo castelhano” (1981.1982.1985, 4/5: 85-66); “A única conclusão que cabe tirar desta malfadada ortografia é que é uma escrita para colonizados. Está pensada desde o espanhol e para o espanhol, por administradores do Estado instalados no castelhano, a língua do poder. E com a ortografia espanhola introduz-se o vocabulário, sintaxe e fonética espanhóis” (1982, 5: 89); “A língua é indivisível [...] A lusofonia é a consumação da nossa tradição” (1989, 13-18: 312); “Concebemos a língua comum como uma federação de falas. Noutras palavras, a língua internacional portuguesa, língua de cultura e civilização, está constituída pola livre união das diversas realizações idiomáticas nacionais” (1985.1986, 6-10: 84); emprega os sintagmas “desocultação galécia” (2007) e “para-reintegracionista” (2010).

Miguel de Unamuno: “Hay otro hecho, y es el de que la lengua oficial de España sea la castellana, que está lleno de significación viva. Porque del latín brotó en España más de un romance, pero uno entre ellos, el castellano, se ha hecho lengua nacional e internacional además, y camina a ser verdadera lengua española, la lengua del pueblo español que va formándose sobre el núcleo castellano [...]/ Pero si Castilla ha hecho la nación española, ésta ha ido españolizándose cada vez más, fundiendo más cada día la riqueza de su variedad de contenido interior, absorbiendo el espíritu castellano en otro superior a él, más complejo, el español. No tienen otro sentido hondo los pruritos de regionalismo más vivaces cada día, pruritos que siente Castilla misma: son síntomas del proceso de españolización de España, son pródromos de la honda labor de unificación. Y toda unificación procede al compás de la diferenciación interna y al compás de la sumisión del conjunto todo a una unidad superior a él.” (“La casta histórica Castilla”, 1895, in “En torno al casticismo”, Editorial Espasa-Calpe, Colección Austral, Madrid, 1943, pp. 43-44; itálicas do autor).

(continua)

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