quinta-feira, 30 de dezembro de 2010




Em Nome da Liberdade

Ethel Feldman

Entre touros e porcos - sangue
O homem trabalha todos os dias
Num só, mata a sede e a fome
O corpo treme e fode

Aquele morreu de morte matada
Na cela o grito seco, calado
No corpo, a dor não revelada
Um buraco na terra
Dentro dela, a mulher adúltera
No rosto, a vergonha explorada
Na mão do justiceiro, pedras
Na procissão, um anjo de cera
Nas costas, o peso
Entre touros e porcos -  sangue
Ordena a tradição, submissão
Grita o porco por compaixão
Na mão do homem - faca afiada
De morta matada
Morreu apedrejada
Um é preto, outro pobre
Criança sem nome, com fome
Na rua, a procissão
Nas costas, um anjo
Pobres de espírito
Pobres, sem nome
Dia de festa
Dá-me teu corpo suado, em nome do Homem
Rega meu ventre de vinho, em nome do Homem
Rasga-me por dentro, em nome do Homem
Amanhã parte, em nome da Liberdade
Ama.



3 comentários:

  1. o título correcto do poema é:
    EM NOME DA LIBERDADE e não Versão Final.
    Abraços
    Ethel

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  2. Estás arrebatada, Ethel!Cheira aqui um bocadinho a Neruda? A Ary dos Santos ?

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  3. Estamos exagerados, Luis? De qualquer forma, um beijo agradecido

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