Meu caro Gomes Marques
Cheguei já há uns dias da ilha do Corvo, aonde fui recolher uma brilhante Insígnia Autonómica de Reconhecimento, com que a Assembleia Legislativa e o Governo Regional dos Açores acharam por bem incentivar a minha criatividade literária. E eu era apenas um entre três dezenas. Começaram por ser distinguidas (a título muito póstumo, claro) duas figuras ilustres de açorianos: Manuel de Arriaga e Teófilo Braga, precisamente os dois primeiros presidentes da República.
Cheguei há dias, dizia eu, mas, como os vários assuntos que havia deixado pendentes não se resolveram por si, houve que conceder-lhes a principal atenção. E só agora pude dar uma vista de olhos mais demorada ao novo blogue Estrolábio, de que és um colaborador esclarecido e apaixonado, como outros o serão noutros domínios que não o Teatro. Pois a designação de Estrolábio (à míngua da ulilização da palavra agora corrente) acaba por resultar num estímulo à imaginação. E se o arcaico parentesco com Astrolábio facilmente remete para determinar a altura a que um astro se encontra acima da linha do horizonte (e tomemos por astros as personalidades marcantes e os seus actos), lábio endereça para a oralidade do pensamento e estro, por sua vez, traz-nos à mente o génio inventivo, o entusiasmo, a inspiração. Óptimo, portanto.
Voltando agora ao texto que te dignaste escrever a meu respeito e a propósito de ALGUM TEATRO (20 peças em 4 volumes, de recente publicação pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda), seja-me permitido um breve e despretensioso comentário. Enquanto, na 2.ª edição (APTA, 1978 – com direitos de publicação oferecidos pelo autor, se bem te recordas) As Histórias de Hakim é ainda uma peça destinada a um público prioritariamente infantil, já a partir da 3.ª edição (a expensas do Autor, 1982), ela se apresenta muito mais como uma peça para jovens, até mesmo para adultos. Tanto assim que a grande maioria dos teatros da Europa que a representam (e já andam por uma centena) o fazem à noite.
Pensando bem, apenas prevalece dentre as minhas obras uma peça para crianças: A Ilha do Rei Sono (cuja única edição portuguesa data de 1977, Plátano Editora.) Escrita em Paris, por encomenda da Companhia de Françoise Lepeuve, que a estreou no I Festival de Nanterre (1955). Publicada por duas editoras alemãs: Verlag der Autoren (Frankfurt) e Henschel Verlag (Berlim). Representada pelo Teatro do Gerifalto (Lisboa, 1968) e pelo Schauspielhaus de Wuppertal (Alemanha, 1983); transmitida por várias estações de rádio de língua alemã. Traduzida também em servo-croata.
E é tudo (e já é muito) por agora. Bom trabalho no Estrolábio, cuja carreira quero acompanhar com alguma regularidade.
Um abraço firme do amigo
Norberto Ávila
quarta-feira, 2 de junho de 2010
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