sábado, 3 de julho de 2010
Luís Veiga Leitão no Terreiro da Lusofonia
Hoje desce ao Terreiro um poeta português - Luís Maria Leitão (Moimenta da Beira, 1912 — Niterói, 1987), conhecido sob o pseudónimo de Luís Veiga Leitão. Poeta e artista plástico, foi um dos fundadores do grupo literário Germinal. Activista político, antifascista, esteve preso em 1952. Dessa experiência resultou a colectânea poética Noite de Pedra, apreendida pela censura Com Egito Gonçalves, Daniel Filipe e outros, criou as Notícias do Bloqueio, uma série de fascículos publicada no Porto, entre 1957 e 1961, onde se reunia a criação poética de diversos autores. Foi colaborador das revistas Seara Nova, Vértice, entre outras. Poeta neo-realista, os seus poemas incorporam linguagens e técnicas subsidiárias de outras correntes, tais como o surrealismo. Em 1967 foi para o Brasil, onde viveu até 1977 e onde morreu.
Obras principais: Latitude (1950); Noite de Pedra (1955); Ciclo de Pedras (1964); Longo Caminho Breve. Poesias Escolhidas (1943-1983); Biografia Pétrea, (1989); Rosto por Dentro (1992); Linhas do Trópico (1977); Livro de Andar e Ver (1976); Livro da Paixão (1986); Obra Completa, (1997). De Ciclo de Pedras seleccionámos este poema:
A uma bicicleta desenhada na cela
Nesta parede que me veste
Da cabeça aos pés, inteira,
Bem hajas, companheira,
As viagens que me deste.
Aqui,
Onde o dia é mal nascido,
Jamais me cansou
O rumo que deixou
O lápis proibido…
Bem-haja a mão que te criou!
Olhos montados no selim
Pedalei, atravessei
E viajei
Para além de mim.
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Conheci Luís Veiga Leitão num jantar no Porto, em 1962 (ou 63?) com amigos da cooperativa Árvore. Estava o Egito Gonçalves, o Eduardo Guerra Carneiro, o Papiniano Carlos, o Jaime Isidoro e muitos outros escritores e artistas. Veiga Leitão ficou sentado a meu lado e tive ooasião de me aperceber da sua determinação ideológica,da sua sensibilidade e da cordialidade que, nele, era como que uma segunda natureza. Estivemos noutras reuniões, mas nunca mais, como nesse jantar, pudemos trocar impressões. Depois ele foi para o Brasil, trocámos correspondência, mas nunca o encontrei, embora fôssemos sempre dizendo que "um dia" eu iria ao Porto ou ele viria a Lisboa.
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