segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Portugal na 12a. Exposição de arquitetura de Veneza

Sílvio Castro*




A “Mostra internazionale di arquitetura” da Bienal de Veneza chega neste 2010 à sua 12. manifestação e continua a lutar para afirmar-se definitivamente em face da sua congênere das Artes, certamente a mais representativa, ao lado daquela do Cinema, nos quadros setoriais da Bienal veneziana. O setor da arquitetura tem sofrido até aqui e fortemente a pouco cômoda posição de setor altenativo, nos anos pares, daquele artístico, sempre esperado com grande expectativa pelo mundo internacional das artes, nos anos ímpares. Porém, lenta, mas seguramente a Exposição Internacional de Arquitetura de Veneza está assumindo posição de grande importância e significado no quadro internacional. A sua 12. edição, do título “People meet in architecture”, sob a curadoria da arquiteta japonesa Kazuyo Sejima, edição inaugurada no dia 29 de agosto passado, com conclusão fixada para 21 de novembro de 2010, denota no alargamento de seu espaço expositivo e nas muitas participações nacionais tal desenvolvimento.

Neste quadro magnífico, Portugal ocupa uma posição muito significativa, seja tanto pela qualidade de seus representantes, quanto pela sistemação do Pavilhão português.

O Pavilhão, um daqueles que se localizam fora da área expositiva tradicional da Bienal, encontrou uma sede de alto prestígio no ambiente da cidade. Trata-se de um espaço do Palazzo Foscari, no Canal Grande, sede igualmente da Universidade Ca’ Foscari de Veneza. O Palácio de Ca’ Foscari é um dos mais prestigiosos exemplos arquitetônicos do chamado gótico veneziano, ao mesmo tempo que impressiona pela grandeza de seus espaços. A Representação portuguesa ocupa uma ala famosa, aquela mesma que hospedou nos tempos também o famoso teatro de Cá Foscari, no andar térreo, com ligações para os andares superiores.

Portugal está representado pelos irmãos Manuel e Francisco Aires Mateus, por Ricardo Bak Gordon, João Luís Carrilho da Graça e Álvaro Siza Vieira. Os cinco arquitetos, mesmo nas marcadas diferenças existentes entre eles, demonstram pelas respectivas obras a alta qualidade assumida pela arquitetura portuguessa contemporânea.

Os cinco estão juntos no projeto que os comissários Júlia Albani, José Mateus, Rita Palma e Julião Sarmento – designados pela Trienal da Arquitetura de Lisboa - denominaram sugestivamente “No Place Like”, reunião de 4 criações exemplares para o crucial problema arquitetônica da habitação. Manuel e Francisco Aires Mateus apresentam o projeto “Casas na Comporta” (Comporta, Grândola, 2008-2010); Ricardo Bak Gordon, “2 Casas em Santa Isabel” (Lisboa, 2003-2010); João Luís Carrilho da Graça, “Casa Candeias” (S. Sebastião da Giesteira, Évora, 1999-2008); Álvaro Siza Vieira, “Bouça”, Porto, 1973-1978, 2001-2006). O programa expositivo do Pavilhão português ilustra todos os 4 projetos através de 4 filmes: Filipa César mostra os magníficos e significativos espaços das “Habitações Sociais”, de Siza Vieira, em Bouça; João Onofre tematiza a casa de Bak Gordon; Julião Sarmento apresenta a casa de Carrilho da Graça; João Salaviza desvenda os segredos da casa na Comporta de Aires Mateus.

A realização global do Pavilhão é de grande eficácia, permitindo aos especialistas o melhor contacto com a parte técnica dos projetos, bem como ao público em geral a dinâmica visão dos mesmos através dos 4 filmes projetados nas diversas salas do magnífico espaço de Ca’ Foscari.

*(Membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA e

da Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA)

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