terça-feira, 28 de setembro de 2010

Um barco para encalhar em Gaza e em Washington

Luis Moreira

As negociações entre a Autoridade Palestiniana e o Estado de Israel defrontam-se com o primeiro grande problema, como aliás, já se sabia. A moratória que impede a construção de mais colonatos termina hoje. Este assunto é, tanto para os Israelitas como para os Palestinianos, absolutamente fundamental para que se encontre um caminho para a existência de dois estados. A moratória vai ser renovada?

Então de que se iriam lembrar os corajosos "amantes da paz" para ajudar as negociações? Enviar um barco para Gaza com a finalidade confessa de romper o bloqueio que os Israelitas fazem naquela região. Se passa, no caso dos Israelitas acharem que não vale a pena prejudicar as negociações, os extremistas vão cantar vitória, o que terá uma reacção muito negativa na opinião pública israelita; se não passa, aqui d'el rei que há um bloqueio ilegal a pessoas que só querem ajudar; e afastemos a possibilidade de haver mortos e feridos como bem há pouco tempo aconteceu.

Perante este cenário alguém tem dúvidas que há muita gente que com palavras mansas mais não quer que a injustiça se mantenha e os mortos e feridos se amontoem? Que a situação interessa a muita gente, que há muita gente que só tem poder nesta situação e não querem que mude? Que tudo farão ainda e sempre para que a guerra continue ? Da direita já sabemos que quer uma vitória unilateral Israelita, não há que estranhar.

Não se arranja um barco assim sem mais, custa muito dinheiro, quem paga? Há bem pouco tempo foram os Turcos, às voltas com a liderança na região. Perguntaram ao povo mártir da Palestina se está interessado em trocar uns quantos pacotes de arroz pela possivel paz que se negoceia em washinton?

Perante um assunto tão sério e onde tanta gente sofre, os observadores exteriores ao conflito deviam, se estão de boa fé, deixarem as ideologias de lado e manterem uma atitude reservada, tendente a contribuir para o que realmente interessa. A PAZ!
Tudo o resto são atitudes negativas para parceiro ver, entre um bem regado jantar e um último charuto.

PS: Já depois deste texto estar escrito, soube-se que o barco transporta Judeus de diversas nacionalidades e que a moratória não foi prolongada, embora com o pedido que as 2 000 casas autorizadas não sejam construídas. Há coincidências curiosas.

1 comentário:

  1. Luís, e que achas tu das manifestações dos chamados colonos a celebrar o fim da moratória? Perturbaram as negociações muito mais do que mil barcos de auxílio aos palestinianos. Deixaram o Abbas completamente encostado à parede. Quantos palestinianos é que ainda há na Cisjordânia? Que destino vão ter? Querer ignorar isto é que é extremismo. Os israelitas com as negociações de paz querem apenas ganhar tempo. E já começaram no Negev acções semelhantes às da Cisjordânia. Entretanto o Obama tem eleições em Novembro e também negociações.

    Uma paz que não inclua o permitir o lento esmagamento dos palestinianos que ainda resistem, tem de começar por um reconhecimento de Israel que anda há muitos anos a esmagar os palestinianos, e que a invocação do direito à Terra Prometida (que os colonos apareceram a invocar nas manifestações) tem menos razão de ser que a devolução da América do Norte aos chamados peles-vermelhas. E a seguir estudar a maneira de reparar o estrago feito. E não venham com o Hamas, o Irão, ou o Hezbolah. Não são mais fanáticos que os israelitas.

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