José Magalhães
Acordo sobressaltado. Um estrondo enorme tinha sido o responsável por isso. Eram quatro da madrugada de uma noite que se transformou em pesadelo.
A chuva, imensa, entrava com o à vontade de quem se sente da casa, pelo telhado sem telhas. Eu via-a entrar, sem cerimónia. Estranho, dei por mim a pensar, entra como se o meu quarto não tivesse teto. E não tinha, fazia agora parte do chão, dos móveis, da parte esquerda da cama.
Corro a pegar em baldes, na esfregona, em toalhas e panos de cozinha, e começo a tentar tirar a água, que está por todo o lado, mais depressa do que ela entra.
Enquanto luto contra o tempo (os minutos e a intempérie), vou-me lembrando dos últimos acontecimentos.
Horas antes os "gajos", uns senhores diga-se de passagem, chegaram a um acordo. Acordaram em nos encharcar a vida com dificuldades.
Eu sei que foi uma decisão difícil e que eles, não queriam que assim fosse. Mas tinha de ser, e como nenhum dos intervenientes, uns e outros e os que eles representavam, é ou foi alguma vez responsável pelos acontecimentos que provocaram esta decisão, nem vão benificiar pessoalmente com ela, sofreram muito quando a tomaram.
Cheguei a ter pena deles, coitados.
Mas agora tenho é pena de mim, aqui no meio deste quarto, ainda madrugada, a remar contra a maré de chuva que por aqui me entra. Não pára, a sacana. Quanto mais tiro mais entra. Não dá sinais de abrandar.
Até parece o jogo de ontem do meu clube. Chovia que Deus a dava. No pantanal Coimbrão, às vezes nem os jogadores sabiam onde parava a bola, tanta era a água que escondia a relva. Naquela batalha, que tinha algumas parecenças com futebol, os jogadores visitantes arriscaram muito e jogaram no limite para conseguirem ganhar.
Como eu, aqui no meio desta água toda. Um passo em falso e ainda parto algum osso do meu querido corpo. Escorrego em todo o lado. E a estuporada da chuva que não pára. E esta noite que é mais comprida uma hora que as outras. Pensava eu, no meio de todo aquele horror.
É quase manhã. A chuva vai parando, a espaços, dando-me tempo de quase retirar a água toda. Já aí virá a ajuda de amigos e familiares, pois que, já já, lhes vou telefonar. Mal o sol nasça.
Ups, nasceu...
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
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Xi,Zé! Isso foi sonho ou realidade?
ResponderEliminarSonho? Pesadelo!
ResponderEliminarE bem pesado. Pelo menos, com o peso das telhas. Já não quero, outra vez, ir para o Porto. Vem tu para cá, Zé, que aqui não caem telhas, só telhados inteiros.
ResponderEliminarAugusta, o Zé pertence à equipa que vai "arrasar" com o Dia do Porto! Esse convite é para desestabilizar?
ResponderEliminarBem, meus caros, digamos que partindo de uma infeliz realidade, sonhei um bocadinho, romanceando.
ResponderEliminarAh, bem estava desconfiada disso! Nós aqui efabulamos todos um bocadinho. Não, não, Luís, não quero desestabilizar a equipa do Porto. Até estou cheia de curiosidadede ver o que de lá vai saír. Uma das coisas devem ser uma história de engraxadores. Palpita-me.
ResponderEliminarE palpitas bem.
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