segunda-feira, 1 de novembro de 2010

As telhas voaram, chove e venta, faz mau tempo!

José Magalhães


Acordo sobressaltado. Um estrondo enorme tinha sido o responsável por isso. Eram quatro da madrugada de uma noite que se transformou em pesadelo.

A chuva, imensa, entrava com o à vontade de quem se sente da casa, pelo telhado sem telhas. Eu via-a entrar, sem cerimónia. Estranho, dei por mim a pensar, entra como se o meu quarto não tivesse teto. E não tinha, fazia agora parte do chão, dos móveis, da parte esquerda da cama.

Corro a pegar em baldes, na esfregona, em toalhas e panos de cozinha, e começo a tentar tirar a água, que está por todo o lado, mais depressa do que ela entra.

Enquanto luto contra o tempo (os minutos e a intempérie), vou-me lembrando dos últimos acontecimentos.

Horas antes os "gajos", uns senhores diga-se de passagem, chegaram a um acordo. Acordaram em nos encharcar a vida com dificuldades.

Eu sei que foi uma decisão difícil e que eles, não queriam que assim fosse. Mas tinha de ser, e como nenhum dos intervenientes, uns e outros e os que eles representavam, é ou foi alguma vez responsável pelos acontecimentos que provocaram esta decisão, nem vão benificiar pessoalmente com ela, sofreram muito quando a tomaram.

Cheguei a ter pena deles, coitados.

Mas agora tenho é pena de mim, aqui no meio deste quarto, ainda madrugada, a remar contra a maré de chuva que por aqui me entra. Não pára, a sacana. Quanto mais tiro mais entra. Não dá sinais de abrandar.

Até parece o jogo de ontem do meu clube. Chovia que Deus a dava. No pantanal Coimbrão, às vezes nem os jogadores sabiam onde parava a bola, tanta era a água que escondia a relva. Naquela batalha, que tinha algumas parecenças com futebol, os jogadores visitantes arriscaram muito e jogaram no limite para conseguirem ganhar.

Como eu, aqui no meio desta água toda. Um passo em falso e ainda parto algum osso do meu querido corpo. Escorrego em todo o lado. E a estuporada da chuva que não pára. E esta noite que é mais comprida uma hora que as outras. Pensava eu, no meio de todo aquele horror.

É quase manhã. A chuva vai parando, a espaços, dando-me tempo de quase retirar a água toda. Já aí virá a ajuda de amigos e familiares, pois que, já já, lhes vou telefonar. Mal o sol nasça.

Ups, nasceu...

7 comentários:

  1. E bem pesado. Pelo menos, com o peso das telhas. Já não quero, outra vez, ir para o Porto. Vem tu para cá, Zé, que aqui não caem telhas, só telhados inteiros.

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  2. Augusta, o Zé pertence à equipa que vai "arrasar" com o Dia do Porto! Esse convite é para desestabilizar?

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  3. Bem, meus caros, digamos que partindo de uma infeliz realidade, sonhei um bocadinho, romanceando.

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  4. Ah, bem estava desconfiada disso! Nós aqui efabulamos todos um bocadinho. Não, não, Luís, não quero desestabilizar a equipa do Porto. Até estou cheia de curiosidadede ver o que de lá vai saír. Uma das coisas devem ser uma história de engraxadores. Palpita-me.

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