terça-feira, 30 de novembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (14)

(Continuação)

 
Estas lembranças acompanharam o meu exílio no meu retorno à Inglaterra e eram referidas por mim em todas as conferências que eu proferia sobre o Chile do Antigamente, apesar de que as pessoas, o que queriam ouvir, era sobre Allende, o seu Governo, a denominada via chilena para o socialismo e a vida pessoal do Presidente, como era a pesquisa no Chile, a sua literatura e outros assuntos, contadas por mim neste capítulo. Foi o tempo de falar de Gabriela Mistral, a nossa poetisa, que aparece na minha memória quando lembro Arturo Pratt, o nosso parente Serrano e a Intendência Antiga, onde tive a felicidade de conhecer essa nossa poetisa laureada, que era bem conhecida no estrangeiro e não no Chile.

Depois de muitos anos de ser galardoada, foi ao Chile a convite do Presidente da República, Carlos Ibáñez del Campo, Presidente eleito, esta vez por votação livre, como digo na Introdução a este trabalho, já não ditador como era em 1927, mas votado, derrotando ao candidato Salvador Allende. Governou entre 1952 e 1958. Em 1952, convidou à Poetisa, cujo prémio tinha sido comunicado pelo o Ministro Conselheiro da Embaixada no Brasil, o irmão do meu sogro, o nosso tio Higinio González e a sua mulher, a tia Rebeca Tornero de González, os dois de feliz memória, com excelente desempenho nas Embaixadas não apenas do Brasil , bem como também Grã-bretanha, Alemanha, USA, Lisboa, entre outras . No Chile foi preciso imprimir, a toda velocidade, os livros da poetisa, desconhecida no Chile, mas o povo chileno, mal soube da notícia da visita, como não havia mais para fazer, saiu as ruas a aclamar e louvar a Gabriela Mistral.

Foi-me contado pelo tio da minha mulher, filha do então já General de Aviação, mas Capitão de Bandada na visita à Alemanha, Higinio González , que a poetisa era arrogante e soberba ao dizer: “Yo ya sabia, a quién mas podían premiar se no a mi? Pienso que merezco este prémio”, enquanto bebia a sua habitual mistela ou vinho com agua e açúcar, pouco vinho, muita agua e muito açúcar. De facto merecia, pelo seu empenhamento na escrita, pela sua auto educação, pelos caminhos percorridos como professora primária sem grau nenhum, e porque Pedro Aguirre Cerda, professor de Castelhano no Liceu da Cidade de Los Andes, Centro-Este do Chile, limite com Argentina, tinha dito: “Lucila, tú escribes muy bien y debes salir de aqui para ser la poetisa de Chile, que es lo que mereces,fuera de Chile, vas a aprender más”. Aguirre Cerda, enquanto trabalhava, estudava Direito e foi Advogado. Como membro do Partido Radical, esse partido de ideias laicas e da igualdade, concorreu como candidato à Presidência da República em 1938, e ganhou. Como Presidente, de imediato lembrou-se da sua amiga Lucila e a enviou como consulesa a París.

Antes de passar mais em frente, é preciso dizer que o meu sogro foi o seu Edecán Aereo, ou o representante das Forças da Aviação oficiais de alta patente que devem acompanhar ao Presidente do Chile, um Edecán por cada rama das forças militares Comandante em Chefe das Forças Armadas. Raúl González Nolle era de tendência liberal radical, mais ainda ao seu retorno da Alemanha do Hitler, que visitou por ter sido enviado, não por prazer ou ideologia. Foi Edecán de Aguirre Cerda, quem falecera durante o seu mandato, e a seguir, do eleito Presidente Juan António Ríos, Radical até a sua morte, também durante o desempenho do mandato Presidencial. Foi por essa tendência que ele apoiara ao dito González Videla, referido na Introdução. Mas, acrescento esta nota para salvar a feliz memória do pai da minha mulher, o General já falecido, Raúl González Nolle, cuja memória nos acompanhara no exílio por ter sido Adido Aéreo na Embaixada do Chile em Londres e falar com a sua Secretária, que nos contava as histórias do Simpático e Senhor que era “our Dear General”!

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A volta a Inglaterra estava impregnada dessas lembranças e companhias fantasmagóricas, para ajudar a sobrevivência que tínhamos ganho. Sobrevivência cheia de lembranças do país perdido, esse, denominado pela nossa compatriota e colega de cidadania, Isabel Allende, País Inventado. Apenas que o seu é uma história como a minha, onde todo está provado. Como provada ficou a existência no país de memória estreita e curta, a festividade do Roto Chileno. Relatei e provei, apenas que não referi o motivo do nome. Era um arrieiro que levava, junto a sua manada de animais, cartas segredas entre os patriotas no Chile e o Ejército Libertador Chileno-Argentino, na Cidade de Cuyo, Província de Mendoza, na nova República Argentina . Memórias que acompanharam a nossa volta para Inglaterra ou Grã-bretanha, como é denominada.

Apenas mais duas ideias. Não esqueço que Lucila Godoy ou Gabriela Mistral, foi enviada fora por Aguirre Cerda, mas antes, já tinha estado no México a convite do Governo, para colaborar na Reforma Educativa desse país.

Apenas uma nota final. A nossa volta a Cambridge, foi também um encontro de exilados, não apenas o nomeados chilenos, bem como, e é por isto que lembro esses encontros, do poeta mexicano Octávio Paz, muito influenciado por Gabriela Mistral, como Neruda, já falecido nesses dias, Julio de la Fuente, cujo pulóver ainda guardo como oferta para mim, feita por ele, Mário Vargas Llosa Catedrático por um ano na Cadeira Simón Bolivar, oferecida pela Venezuela ao Centro de Estudos Latino-americanos ou Latin American Centre à Universidade de Cambridge. Mas, a Venezuela não tinha suficientes cientistas para presidir a Cátedra, a que era oferecida a escritores da América Latina, que por aí iam ficando. Um chileno, antigamente o meu amigo, Edgardo Flotto, ocupou também essa Cátedra, no Centro referido e presidido pelo meu grande amigo David Lehman. Mais tarde, a mulher que me salvou da depressão, a mina amiga francesa que eu conheci como Françoise Barbira-Freddman, conhecida por mim antes como de Schazzochio e referida em nota de rodapé em este Capítulo, do Centro de Estudos Latino-americanos ou Latin American Centre, afiliada como Professora ao Departamento de Antropologia Social, membro da Faculdade Darwin ou Darwin College, também ocupou a Cátedra, pelo seu trabalho de campo e publicações sobre a República do Peru

De resto, o meu grande apoio foi sempre a minha mulher, até ela ficar deprimida e querer que eu não acaba-se o meu doutoramento: “Total, Raúl, somos exiliados y no tienes obligación ninguna”. Foi o dia que Françoise visitou-me especialmente, para me dizer se eu estava doido ou quê! Se queria ser mais um, bom, não acabar o caminho, mas que ela lutava por mim, porque diziam por ai, do meu grande valor como académico. A esse empurrão emotivo, devo esse acabamento da minha pesquisa e escrita da tese, a depressão que a minha mulher teve – típico dos deprimidos psicológicos tentar afundar outros para se salvar a si próprios, como o nosso analista me explicara, Martín Cordero. O meu sucesso foi, durante um tempo, a ruína da minha mulher, que, finalmente se recompôs. Mas essa história é dela e eu respeito o seu sofrimento e a sua interpretação dos factos.

Senhor Leitor, vamos ter que parar um pouco, para me recompor e passarmos ao próximo Capítulo, onde vamos recuperar aos meus amigos de Compostela que financiaram dos seus bolsos, o acabamento da minha tese e a sua impressão, bem como ao Jack (Sir Jack Goody, hoje), que me orientara para pedir ajudas de custo para a tese à Cátedra William Wyse. Ele sabia que ia receber dinheiro. Quem não sabia que era da sua decisão, era eu! No dia do meu exame de tese, a minha mulher, recuperada mas muito em baixo, fez um grande esforço, foi a rua, comprou vinho e levou-me numa travessa a garrafa com copos. Camila e Paula comentaram: “Well now, we have no need to go to the Surgery anymore. We have a Doctor at home!”…
Foi o princípio do fim da minha estada em Cambridge e a minha entrada a Lisboa pela mão dos meus amigos Alan Macfarlane e a sua mulher Sarah Harrison, ao que referiram o meu nome e o de Brian O´Neill, para os planos de pesquisa Gulbenkian em Lisboa, ao meu grande suporte anglo-brasileiro, o Magister Robert Rowland, que fez, um dia, da sua casa, o meu lar, junto com Helena , nessa altura, a sua mulher.
Para agradecer há !tantos! que era necessário uma wikipédia e não é essa a minha intenção. A minha intenção é apenas relatar como é a via chilena ao socialismo, que começa como via crucis e acaba como...ainda não sei!

Notas:
A única referência encontrada, é a da página web, que denomina ao Chile a Prusia de América do Sul, por causa da visita em 1937 do Comandante em Chefe da Força Aérea, General Del Aire Diego Aracena, e sus assistentes, entre os quais o Capitão de Bandada Raúl González Nolle, que tinha preparado essa visita a Alemanha em 1935, ao ser enviado a visitar o Terceiro Reich por motivos apenas comerciais: texto na página web: http://www.espacioblog.com/dolar/post/2007/05/03/la-prusia-america-del-sur . Outro texto diz”: “Por eso se esmeraban los diplomáticos, representantes industriales alemanes en invitar a oficiales de Estado Mayor latinoamericanos para que conocieran en Alemania las últimas novedades técnicas. A fines de 1935 viajaron al Tercer Reich tres altos oficiales de la Fuerza Aérea: el comandante Basaure, el capitán de bandada González Nolle y el comodoro del aire Manuel Franke. Los huéspedes chilenos visitaron los consorcios de armamentos de Krupp en Essen, Siemens en Berlín, Daimler Benz y la fábrica de aviones Klemm en Stuttgart, quedando profundamente impresionados con la "extraordinaria organización y disciplina" del país anfitrión”. Texto retirado da página web: http://www.accionchilena.cl/Pagina%20Central/prusia.htm e do sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Hist%C3%B3ria+de+vida+Fam%C3%ADlia+chilena+Gonz%C3%A1lez++Nolle+&btnG=Pesquisar&meta=



Higínio González Nolle, ver a página web: http://archivo.minrel.cl/webrree.nsf/PagLisTodosServExtEnChile?openpage&count=100&start=2801o que refere no sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Chile+1950+General+Ra%C3%BAl+Gonz%C3%A1les+Nolle&btnG=Pesquisar&meta=1 949, González Nolle, Higinio, Cónsul General, Francia


Para saber mais e reivindicar uma memória, visite o sítio Net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Chile+1940++Ra%C3%BAl+Gonz%C3%A1les+Nolle&btnG=Pesquisar&meta=


O nome do Arriero, nunca foi conhecido. A quem diga que era Manuel Rodriguez, outros, apenas um patriota anónimo e sempre diferente. A memória do Chile é curta, especialmente por ter sido necessário, tantas vezes, lutar pela liberdade e a cidadania. Vezes sem fim, havia lutas pelo poder, até o sistema político se estabilizar no Século XX, a seguir o derrube da, até hoje, a derradeira ditadura do bem conhecido general. Somos denominados a Inglaterra da América do Sul, mas de facto...Não resisto reproduzir cá o que encontréi na página web: http://entuciudad.cl/2006/02/15/el-roto-chileno/” Hace un poco menos de un mes, se celebró el día del roto chileno. En la plaza Yungay de la comuna de Santiago existe un monumento que recuerda a este personaje sin nombre y donde cada 20 de enero se conmemora su trascendental participación en la batalla de Yungay. Además de todo lo que significó como aporte al nacimiento de la patria.


Por que el concepto de roto no es peyorativo, al contrario. Es un calificativo para una clase social, con un origen humilde, carente de educación y bienes materiales, pero al mismo tiempo, es rica en entrega, en trabajo, en cariño por la vida, y por los demás.


¿Quedan rotos aún? ¿y en la ciudad? Yo creo que sí. A pesar de los nuevos y mediatícos conceptos de flaite, y huachaca, el roto sigue existiendo, manteniendo su valor, su identidad, y su dignidad.”Retirado da página web citada, no sítio Net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Fiesta+del+Roto+Chileno+en+tu+ciudad+Plaza+Yungay&btnG=Pesquisar&meta= Publicado no Jornal o Periódico, como se diz no Chile, El Ciudadano, Periódico mensual, año 3, número 51, fundado en marzo del 2005, do qual sou subscriptor via Net.


Gabriela Mistral foi Educadora, Poetisa e Diplomata. A partir de 1933, por causa das intervenções de Pedro Aguirre Cerda junto ao Ditador desse tempo, Carlos Ibáñez del Campo e durante 20 anos, foi cônsul de seu país em cidades como Madrid, Lisboa e Los Angeles, entre outras. Foi nomeada directamente pelo Pedro Aguirre Cerda como Consulesa no Brasil, e residia na cidade de Petrópolis, quando foi eleita Prémio Nóbel de Literatura. Como se diz no Chile, Chileno que triunfa no Estrangeiro, no Chile não tem nenhum valor. Pelo que o prémio de Literatura, o mais importante galardão literário do Chile, foi-lhe outorgado apenas no ano 1951. Foi recebe-lo ao Chile, mais uma vez ao pé do hoje eleito Presidente Carlos Ibáñez del Campo. Como me fora dito pela minha família, não tinham de quê falar e viajavam em silêncio. Para saber mais, visite a pagina web: http://www.sergiosakall.com.br/americano/materia_chile.html , do sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Gabriela+Mistral+foi+C%C3%B3nsul+do+Chile+nos+pa%C3%ADses+de&btnG=Pesquisar&meta= Não resisto reproduzir nesta nota, uma informação valiosa da vida de Gabriela: Sua fama como poetisa (ainda que preferisse ser chamada de "poeta") começou em 1914, logo que foi premiada por seus Sonetos de la muerte, inspirados no suicídio de seu grande amor, o jovem Romelio Ureta. Foi nesse concurso que se apresentou com o pseudónimo que a acompanharia por toda a vida. Nunca casou e faleceu a seguir essa única viagem ao Chile de 1951, em 1957, no Hospital Os Cedros do Líbano, USA e levada a enterrar ao Chile de Ibáñez , no mesmo ano. O seu corpo, lembro-me eu, esteve em Câmara ardente nas portas da Universidade do Chile. Na Revista Estudos Feministas, vol.13 no.2 Florianópolis May/Aug. 2005, a Doutora Licia Fiol-Matta, no seu texto Mulher-raça": a reprodução da nação em Gabriela Mistral, na página web: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2005000200002&script=sci_arttext .






Françoise Schazzochio, como eu conheci, é hoje Fançoise Barbira-Freedman,, ao juntar o seu nome pessol Barbira, com o do seu marido. Hoje em dia é, não apenas Antropóloga, bem como tem-se graduado em medicina após o seu trabalho de campo na Amazonia Peru, em Tarapotos. Aparece referida no sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Fran%C3%A7oise+Barbira-Freedman&btnG=Pesquisa+do+Google&meta= , que comenta que Françoise Barbira-Freeman, após ter feito trabalho de campo na amazonia peruviana, acabou por fundar uma obra caritativa, ou centros de ioga para pessoas que iam ter filhos e facilitar o parto das mulheres a dar a luz. É a Françoise a quem devo, praticamente, a minha vida académica, que ia a cair por causa de uma depressão que não era a minha. As sua funções de médica de ioga para parturentas, estão referidas em: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Fran%C3%A7oise+Barbira-Freedman&btnG=Pesquisa+do+Google&meta= Não apenas ensina no Latin American Centre, bem como abriu uma instituição de estrutura caritativa denominada Birthlight, sedeada em Londres. Além de ser a fundadora desta obra sem fins lucrativos, é Professora Afiliada, ou Adjunta diríamos, ao Departamento de Antropologia da Universidade de Cambridge. O meu agradecimento para ela é eterno, salvou-me de uma vida triste e aborrecida e, sem ela saber, colaborou para a minha recuperação e a da minha mulher, pelas opções livres e firmes que escolhemos: nunca mais sob o mesmo tecto, mas sempre amigos e pais das mesmas filhas e, hoje em dia, avós dos mesmos netos. A sua obra está referida na página web: http://www.birthlight.com/public/teachers/teacher.aspx?id=f06b303f-f93b-48c8-bb97-14436d457908 , que começa por dizer: “The founder of Birthlight, Françoise Barbira Freedman is a medical anthropologist.” O resto, fica com o leitor. No entanto, devo, pelo menos, fornecer a morada electrónica da fundadora desta obra caritativa: http://www.birthlight.com/public/home/ e o sítio web que refere a sua obra:


www.birthlight.com. E mais nada acrescento para esta a minha inacreditável e sabida amiga, encontrada na net. A sua obra está referida em: http://www.buy.com/search/q/loc/106/search_store/3/querytype/books/francoise+barbira+freedman.html


Não resisto a tentação de informar directamente ao leitos destas invasões, com o pará

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