Mostrar mensagens com a etiqueta autobiografia de raúl iturra. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta autobiografia de raúl iturra. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (40)

E com esta nota, fecho o livro. Consciente estou de não ter referido a Maria João Mota, mas é preciso a deixar em paz para acabar a redacção da sua tese de doutoramento.



Devo confessar que estes tricinco em Portugal, têm sido um mar de rosas, comparados aos anos do Chile, de Cambridge e, especialmente, pela satisfação dada a mim da amizade, visitas, trabalhos e imensos trabalhos solicitados pelo Departamento e pelo ISCTE, hoje Governado pelo Professor Luís Antero Reto . Não apenas o corpo docente, bem como o secretariado todo, têm passado a ser a minha companhia, neste desgarrado livro, que passa a ser agora editado por quem deve: a editora que o publique e por essa querida Senhora, Maria Paula Almeida.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (39)

Uma outra senhora simpática e cativante, é a minha antiga discente, narrada por mim em capítulos anteriores, a hoje Doutora Antónia Pedrouço de Lima. Uma anedota é precisa para aliviar a leitura: amiga pessoal de Susana Matos Viegas, também a minha discente, no dia no qual Susana estava a dar a luz, foram a passar essas temidas horas em tutoria no meu Gabinete: era dia e hora marcados já. O que não estava marcado, era o nervosismo de Antónia e as dores dissimuladas de Susana, e o meu próprio enervamento! Acabou a tutoria de uma hora, foram para o hospital, e de imediato o bebé nasceu: uma rapariga, hoje em dia, mulher muito querida, em Coimbra com a mãe, o seu marido Nuno Porto e a sua irmã.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (39)

Francisco Vaz, é o grande amigo da minha grande amiga, Rosa Maria Perez. Rosa Maria, actual Presidente do Departamento, tem escrito o texto base desta parte do meu texto. Professora no ISCTE, foi “roubada” por nós a Universidade Nova, quando José Carlos Gomes da Silva estava a formar a sua equipa de semiologia dentro do nosso Departamento. Professora no ISCTE, tive a honra de arguir o seu currículo nas suas provas de  agregação.
 Lembro bem ter referido a nossa actual Presidente de Departamento como Professora “destemida” por causa do seu trabalho de campo em Gujarat, Goa, na Índia e investigar entre os denominados intocáveis, classificação de pessoas feita pelos indianos. O Próprio Mahatma Ghandi, da casta dos Brâmanes, para acabar com essa divisão de classe, fez-se um intocável e andava semi nu entre  os seus concidadãos. Lembro-me ter referido a sua valentia de conviver e viver entre esse intocáveis, para os quais ela era uma pessoa especial, por não ter a vergonha de outros de viver entre eles, no sítio reservado às mulheres. As publicações de Rosa Maria Perez, estão todas referidas no seu currículo e na página web, que cito em nota de rodapé a seguir.[1]O seu trabalho de campo é contado a Maria João Seixas, em 26 de Novembro de 2006, e diz: Parece frágil, de corpo miúdo e cara iluminada pelo tom claro dos cabelos e pelo verde dos olhos. A voz, que a tem doce e ritmada, sublinha toda a harmonia da figura, no seu conjunto. Mas é exactamente pela voz, e pelo que nela viaja de saberes e de desejo de mais saber, que depressa nos apercebemos da força e da determinação que a habitam. Divide grande parte do seu tempo entre Portugal, os Estados Unidos e a Índia.
Antropóloga, professora no ISCTE (Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa) e na Brown University, Rosa Maria Perez parece estar em trânsito quando não pisa as veredas do seu orientalismo.
A Índia é uma das suas moradas, a que a seduziu para a vida, transformada desde há muito na rota eleita da sua constante demanda. Da investigação que fez para a tese de doutoramento, sobre os "intocáveis" de uma certa aldeia do Gujarat, até ao universo das "devadasi" de Goa, são contínuas e fascinantes as descobertas que o grande país lhe tem proporcionado. A felicidade expressa no sorriso que acompanha o que disso narra é contagiante, chega a ser comovente”. Retirado do sítio referido em nota de Rodapé.
Mas, eu acrescento, que Rosa Maria Perez, a sofrer sempre esse debate de se o seu nome é Perez ou Perez, apelido castelhano trazido para Portugal faz já muito tempo, acaba por sofrer os problemas que tenho referido, acontece comigo, em relação ao meu nome. É interessante também saber que tem sido uma empenhada colaboradora, quer nos trabalhos do Departamento, quer nas nossas relações pessoais. Não há visita à Índia, que ela esqueça e não apareça com um presente para mi, ou das suas idas a cumprir o seu dever de Professora na Brown, Providence, já referida antes, com mais outros presente. Tem-me assistido nas minhas doenças, como vários membros do Departamento, mas com muita dedicação e simpatia. Para mim é, como digo a ela,  é uma Fair Lady, ou, em Português, uma Linda Senhora. No acidente de carro que  tive faz já quinze anos, ela presidiu o Departamento e fez os meus trabalhos, e não estava certa de convocar ou não a novas eleições para Presidente de Departamento, por não se saber como ia ficar eu após acidente. Mas, !inédito!, apareci de imediato, bem antes do tempo permitido pelos médicos, para cumprir os meus deveres. Rosa Maria Perez queria que eu acaba-se o mandato, mas eu, teimoso e persistente, referi que trabalho é trabalho, lá ou cá, e que deve ser feito. Doença que teve consequências anos mais tarde, mas que, também com a sua ajuda, consegui ultrapassar. Tem motivado ao Departamento para ser colegas acompanhantes de um docente temporariamente doente. Rosa Maria Perez, não apenas é investigadora de mérito, grande escritora, bem como membro de várias instituições, entre as quais, da Fundação Oriente. As melhores referências estão no currículo que passo a citar em nota de rodapé[2]. Tenho nas minhas mãos o seu texto: Reis e Intocáveis. Um estudo do sistema de castas no Noroeste da Índia; da Celta, 1994, a sua tese de doutoramento feita livro. As sua áreas de interesse científico, definidos por ela, são: etnografia e historiografia do colonialismo; orientalismo ; subaltern studies e pós-colonialismo; nacionalismo e género; fenómenos de segregação; categorizações e representações do feminino, referências citadas do seu citado currículo.

Notas:
[1] Rosa Maria Perez está referida, com obra, em:  http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Rosa+Maria+Peres&btnG=Pesquisar&meta= , especialmente o sítio dessa página web:  http://www.supergoa.com/pt/read/news_recorte.asp?c_news=583 que vou referir no texto, porque merece.
[2] Rosa Maria Peres:  http://ceas.iscte.pt/cria/rm_perez.pdf  É necessário acrescentar a sua mais recente publicação: Os Portugueses e o Oriente, Dom Quixote, 2006, Lisboa

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (36)


(Continuação)

A referência a sua obra etnográfica, da minha parte, é interesseira. Os livros editados por ele, são uma boa referência para todos, especialmente para mim, não nascido em Portugal, com as minhas memórias de infância em outros sítios, quer no Chile, quer na Grã-bretanha, ou em Espanha ou em França e, hoje em dia, memórias da infância dos meus netos, aos que raramente vejo.


Ficamos por estes sítios com o nosso Professor Doutor João Leal. Digo nosso, porque, ao se transferir de volta para a sua Universidade de origem, o não perdemos, ficou no CEAS até hoje.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (34)

(Continuação)

Como eles, e para nossa sorte, os candidatos para Assistentes começaram a aparecer. Cumpridores da lei, o primeiro foi para Assistente, um madeirense, já doutorado na Alemanha O Doutor Jorge Freitas Branco, muito fiel, percebi depois e excelente educador e escritor.

É das pessoas que passam a vida toda na nossa instituição. A sua tese foi passada na Alemanha, língua que eu pouco entendia, mas podia ler. No entanto, por ser da Universidade Johannes Guttenberg em Meinz, Alemanha Federal nos 80 . A tese foi defendida e aprovada em l984 após a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha, época na qual eu manifestara no curso da noite: “Eu já nem sei porque estou cá. Os socialismos são derrubados e eu continuo com a minha persistência de ser Socialista à Babeuf, à Marechal, à Philippo Buonarotti , especialmente, à Marx. A Alemanha tinha passado a ser um Estado do Partido Social Democrata que, após tanto sofrimento pela sua partição entre a República Soviética da Alemanha de Leste e a denominada livre da Alemanha Ocidental”.

Sem comentários, apenas dizer que continuo a ser Socialista à Marx e usar o Materialismo Histórico nas minhas análises da realidade social, é dizer, a dialéctica de Hegel transformada por Marx em pesquisa Materialista da História, frases usadas antes neste texto. Jorge Freitas Branco, ofereceu-me a sua tese traduzida ao português, na qual é possível ler que tinha-se formado em Antropologia, ou melhor, em Etnologia, no Instituto de Ciências Antropológicas e Etnológicas, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, em 1977. A seguir foi a Meinz, Universidade da Cátedra Richard Thurnwald , oferecida a mim em 1984, o que eu amavelmente recusei. Já estava no ISCTE! O texto de Jorge Freitas Branco, um dos vários que hoje tem – é, como eu, um viciado na escrita -, define-se como Etnólogo A Universidade de Coimbra outorgou a equivalência ao seu grau de Doutor em 1984, mas persistiu em ficar como Assistente. Foi em 1983 que começou a trabalhar connosco e apenas em 1986, aceitou ser promovido a Professor Auxiliar e fez agregação nesse mesmo ano. O facto de ser Doutor pela Alemanha, explica que, ao ser entrevistado por nós, ele não queria ficar como professor Auxiliar, porque ainda não era Doutor por Portugal. No entanto, eu lutei imenso para ser reconhecido como tal, o que ele agradeceu com simpatia e visitas eternas à minha casa da Parede, vizinha a Oeiras, onde tem morado. O livro tem uma dedicatória escrita a mão, que eu tenho agradecido para sempre, pela simpatia e pelo teor da dedicatória.

Aliás, acompanhou a minha doença e recuperação do cancro que me ia matando, com visitas e telefonemas, mais um agradecimento! Após ter passado por cargos políticos na Madeira, sem nunca abandonar a sua dedicação ao ensino dentro da minha equipa do ISCTE e, a seguir, na sua Optativa América Latina e a sua independência ao ser transferido por mim para Antropologia Política do 4º ano da nossa Licenciatura, como refere o seu currículo e como eu lembro. Antes de trabalhar connosco, tinha sido parte do Governo Regional da Madeira, como Técnico Superior de 1ª classe – enquanto lá residida e ensinava na Universidade de La Laguna, todo o que aconteceu entre 1978 e1983. Cansado já de tanto trabalho político, concorreu para trabalhar connosco em 1984. Na sua forma directa de referir factos, breve e cheia de conteúdo, advertiu que aceitava ficar no ISCTE, mas que devia ir à Madeira durante vários períodos do ano, o que foi aceite por nós perante a sua não apenas honestidade, bem como essa conveniência para a nossa pessoas com experiência política na nossa Licenciatura . Uma das sua actividades mais importantes, tem sido a de consolidar e participar no Centro Manuel Viegas Guerreiro, ou Centro de Tradições Populares Portuguesas Professor Manuel Viegas Guerreiro, na Universidade de Lisboa, o que o situa como colaborador do nosso ilustre Antropólogo. entre 1993 e 1996, ano da morte de Manuel Viegas. Aliás, o nosso Professor colaborou na continuidade da Revista Lusitânia, fundada pelo Doutor Leite, continuada pelo o nosso amigo e velho Professor Manuel Viegas, com a colaboração minha durante um tempo, e a mais permanente de Jorge Freitas Branco



Vamos deixar em paz ao nosso sabido docente, apenas com uma insistência sobre a sua imensas bibliografia . Bem como dizer fora eleito para o cargo de alta responsabilidade da Presidência do Nosso Conselho Científico, reuniões temidas por nós antes, por demorarem entre 4 e 5 horas, mas com o nosso disciplinado Doutor, começavam e acabavam a hora certa: duas horas e nem mais! Reuniões expeditas, sem preâmbulos nem discursos: pão, pão; vinho, vinho.


Lembrar um docente, a associação com outro aparece de imediato. A leitura passa a ser pesada se não encurto o relato, para mim, interessante e, espero, justo para os narrados. Cristiana David Lage Bastos, apresentou-se como candidata para essa imensa matéria que leccionava: Introdução à Antropologia Social, para Antropólogos e Sociólogos, cadeira comum da qual nunca quisera participar a Licenciatura de Gestão. Cristiana Bastos ensinava bem , mas em breve, quis se transferir ao ICS para trabalhar com os membros do Instituto, especialmente com João de Pina e Cabral. Era a docente que eu pretendia para uma aventura: ensinar Antropologia Médica, sabia imenso da matéria e hoje em dia, é nesta área do saber que ela trabalha. Não aconteceu connosco, falou comigo, levei o caso ao Conselho de Departamento, éramos já 10, e foi-me dito que ela devia repor em dinheiro os anos passados no ISCTE, o que me parecia raro e injusto. Solicitei um Convénio entre ela e o Departamento: todo o que fizer em texto doravante, seria para o Departamento. Começamos logo: solicitou-me orientar a sua tese de Mestrado pelo ISCTE e a sua dívida foi perdoada.

Acabada a tese, examinada e aprovada, a sua dívida ficou saldada. Cristiana Bastos está referida em . A tese foi defendida na Universidade Nova por causa do nosso Departamento não ter ainda licença para outorgar pós graduações, mas na tese constava que era para o ISCTE, Licenciatura de Antropologia, em 1987 e nós apenas começamos a outorgar pós graduações a partir de 1990, quando o ISCTE era uma universidade no incluída entre as Universidades Portuguesas, mas tinha sítio no Conselho de Reitores- o CRUP. A tese não foi apenas orientada por mim, bem como era o meu método, percorri com ela o Alto Barrocal Algarvio, sítio para a sua pesquisa. Foi a nossa Assistente entre 1983 e 1990, pelo concurso ganho por ela. A tese foi examinada antes desse Abril de 1990, quando o Departamento já podia outorgar pós-graduações. O seu currículo, bem impressionante, está referido em nota de rodapé .Texto referido e recenseado na nota de rodapé a seguir a anterior .


Notas:
 
Todos eles referidos na Introdução deste texto



Thunwarld está referido no sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&sa=X&oi=spell&resnum=0&ct=result&cd=1&q=Richard+Thurnwald&spell=1 , especialmente na página web: http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Thurnwald , que refere: Richard Thurnwald (1869 - 1954) foi um antropólogo e sociólogo alemão. Fundador da Revista de Psicologia e Sociologia dos Povos, seus estudos seguem a escola funcionalista. Destacou-se na área dos estudos comparativos das instituições sociais. Suas obras foram: Negros e brancos no leste da África (1935), Estrutura e sentido da etnologia (1948).Fica para o leitor procurar mais referências ao activar os sítios net, citações em azul ou vermelhão, quando, eu, sem dar por isso, pressiono a baixada do texto!.

O texto oferecido a mim , foi publicado em 1987, pela Publicações Dom Quixote, e o título indica o conteúdo: Camponeses da Madeira. As bases Materiais do quoridiano no Arquipiélago (1750-!900), definida pela editora como uma monografia etnológica, que revela as dotes de historiador e geógrafo do nosso colega, conhecimento que lhe têm permitido trabalhar com os Historiadores do ISCTE, especialmente coma Doutora Luisa Tiago de Oliveira. Têm escrito vários livros em conjunto. Jorge Freitas Branco, presidiu o Conselho Científico do ISCTE, a substituir a Lurdes Rodrigues, transferida pelo o seu partido socialista para Ministra da Educação. Governou o CC durante quatro anos, entre 2002 e 2006. Está referido em: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Jorge+Freitas+Branco&btnG=Pesquisar&meta= , especialmente na página web: http://www.degois.pt/visualizador/curriculum.jsp?key=8511033377776992 , no qual aparece um impressionante currículo.


No seu currículo aparece as suas linhas de investigação:


Instituto de Etnomusicologia -Centro de Estudos de Música e Dança


Linhas de Investigação


Jun/2007-Actual- Etnomusicologia e Estudos em Cultura Popular


Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa


Out/1996-Actual Departamento de Antropologia


Linhas de investigação»Research fields:


- Culturas do laicismo


Jan/1986-Actual Departamento de Antropologia Linhas de investigação»Research fields:


- Cultura material e culturas técnicas


Mai/1996-Mai/2004 Unidade de investigação DepANT


Linhas de investigação»Research fields:


- Motorização da sociedade -


Etnografias, culturas populares e modernidade em Portugal


Retirado da página web: http://www.degois.pt/visualizador/curriculum.jsp?key=8511033377776992

Para saber mias, visite todo o sítio: http://www.degois.pt/visualizador/curriculum.jsp?key=8511033377776992


Cristiana Bastos está referidas no sítio Net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&sa=X&oi=spell&resnum=0&ct=result&cd=1&q=Cristiana+Bastos&spell=1 especialmente o seu texto de Mestrado, já livro: Os Montes do Nordeste Algarvio, Editorial Cosmos, Lisboa,1993


Cristiana David Lage Bastos, CV: http://www.ics.ul.pt/corpocientifico/cristianabastos/cvbastos2005.pdf


Cristiana Bastos tem-se transformado em uma lutadora contra a SIDA, balbuciado na sua tese dos Montes Algarvios, começo dessa sua luta que, no meu ver é louvável e de grande esforço, como é referido em: https://www.ics.ul.pt/rd/person/ppgeral.do?idpessoa=25 Uma recensão aparece em: http://216.239.59.104/search?q=cache:Qr_zWnSQ9tsJ:www.culturgest.pt/docs/hc11032005.pdf+Cristiana+Bastos+Os+Montes+do+Nordeste+Algarvio&hl=pt-PT&ct=clnk&cd=5&gl=pt


(Continua)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (33)

(Continuação)


O tempo, na escrita, não é cronológico, excepto se fizermos uma estrutura prévia do texto, não recomendável, no meu ver, para lembranças que, aos todo, seguem uma cronologia associada: uma lembrança vai retirando outra. Na realidade, na vida quotidiana, o tempo também não é estruturado: as conexões da realidade, vão inserindo ao escritor, como a qualquer pessoa, dentro de uma outra realidade. A única cronologia possível, é organizar o relato após escrita, mas o relato pode perde realidade. Eu diria que o que existe, uma sicronia no tempo, que corresponde ao escritor avaliar. Porque a narrativa que submeto ao leitor, é de factos que acontecem simultaneamente e é o nosso pensamento o que arruma essa estrutura do tempo e faz dele, um processo. Escrever, é ensinar. Mais uma associação que organiza a minha escrita.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (32)

(Continuação)

Retomo o texto central para comentar que não estava muito certo se iam ou não ser bem sucedidas no ISCTE, como em Cambridge, as aulas de Gabinete, ou tutorias. E foram! A partir desse dia a minha luta passou a ser diminuir o número de aulas para intensificar a relação pessoal, na nossa Instituição, excepto orientações de teses, que ainda mantenho dentro da minha casa, com resultados excelentes: música de Bach muito baixa, pasteis, chá e leitura prévia dos documentos enviados, antigamente, por correio, hoje, via Net.



A grande tristeza de esta história toda, foi a prematura morte de um dos transferidos de Sociologia para Antropologia, Paulo Valverde, em vias de ser Doutor, falecido muito cedo em Lisboa, em Abril também de 1999, por causa da malária adquirida em trabalho de campo trabalho de campo na República de São Tomé e Príncipe, cujo cadáver tive que identificar, bem como consolar a uma Rosa Maria Perez que tinha vindo ao visitar no Hospital e que, ao saber a notícia, chorava sem parar, solicitei para não mostrar tristeza perante a mãe, mulher, irmão e filho, que nada sabiam. Foi preciso falar com eles para os advertir, antes de se encontrar um quarto sem corpo. Ficaram de luto apressado pela notícia. Foi preciso debater com a médica de turno para permitir a incineração do seu corpo, tal como o Paulo queria.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (31)

(Continuação)


Ao longo dos seus mais de vinte anos de existência contribuiu para a afirmação da Antropologia no domínio das ciências sociais em Portugal, formou uma parte significativa dos antropólogos portugueses, incluindo docentes de outras escolas, e obteve, na última avaliação externa dos cursos de Antropologia efectuada pelo Conselho de Avaliação da Fundação das Universidades Portuguesas, a classificação global mais elevada dos cursos de antropologia existentes no país.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (30)

(Continuação)

A Licenciatura em Antropologia foi criada, com a colaboração do Secretário de Estado para a Educação, Secretaria do Ensino Superior, Alberto Román Dias, quem esteve comigo na minha casa, com a sua mulher, colega na Cátedra e sempre colaboradores, Jill Dias . Não resisto intercalar no texto a notícia da nossa criação: a Licenciatura em Antropologia, diz respeito a história de criação do ISCTE. Criado a partir de um núcleo de docentes que em 1963 tinham fundado o Instituto de Estudos Sociais – IES – o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, ISCTE, foi instituído pelo Decreto-Lei n.º 522/72, de 15 de Dezembro, fundado no quadro de uma inovação universitária pretendida pela "reforma Veiga Simão".

O ISCTE, na sua génese, perspectivava-se como a primeira unidade de uma nova universidade em Lisboa. Por circunstâncias conjunturais, especialmente advindas da situação política e social despontada no 25 de Abril de 1974, o ISCTE, viria a manter-se durante largos 15 anos na directa dependência da direcção-geral do Ensino Superior do então designado Ministério da Educação Nacional. Mais, tentava-se introduzir o ISCTE dentro de uma Universidade de Lisboa, para passar, em 1974, a depender da Universidade Técnica, até adquirir autonomia em 1983 . Era esta uma criação como a que foi feita no Chile de ontem, com Allende, ao se ré- estruturar Universidades, Indústrias, a produção e outras actividades referidas em Capítulos anteriores. Em Portugal, a situação era apenas semelhante na ré construção do que a ditadura tinha destruído. Desde 1983 foi-lhe concedida a capacidade de viabilizar doutoramentos, através do Decreto-Lei n.º 167/1983, de 25 de Abril.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (29)

(Continuação)


Não posso deixar de referir já, que, ainda que está mencionada na nossa viagem ao Seminário de Transição em Pau, a minha amiga, Geógrafa no ISCTE, a luso brasileira Maria José Maranhão, a primeira a se aproximar a mim, com essa a sua eterna discrição e dar-me as boas vindas e me convidar a almoçar. Tinha estado no Chile do Allende, do qual não conseguia escapar por não haver Embaixador nos dias do golpe que matou a Allende. Devia fazer o seu doutoramento, era Professora Auxiliar e devia já prestar provas de doutoramento.Tentei empurrar o mais possível, mas...ela dizia que não era académica, estava ai apenas para ganhar a vida e porque adorava aos estudantes e dar aulas, mas, escrever, nem por isso! Tentei seduzir, tentei ser simpático, tentei redigir para ela, trabalhamos dois meses...e tudo acabou!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (28)

(Continuação)

A história do PS e de Mário Soares são de interesse para nós, pelo qual penso que é bom referir dentro do texto. De facto, o Partido Socialista, nasceu no Século XVIII, ao ser fundado movimento socialista, mas já denominado Partido Socialista Português (1875) O Partido Socialista foi fundado em 10 de Janeiro de 1875, na sequência do Congresso da Haia. Assumia-se, então, como marxista contra o bakuninismo. Da sua primeira comissão directiva fizeram parte José Fontana, Azedo Gneco, Nobre França e Tedeschi. Antero Quental, autor do folheto O que é a Internacional, de 1871, estava nos Açores desde 1873, por morte do pai. Teve como órgão O Protesto, em Lisboa, e o Operário, no Porto, até surgir a fusão em O Protesto Operário. O primeiro programa data de 1895 . Já em 1878, é criado o primeiro esboço do PS, referido assim: “quando se funde com a Associação dos Trabalhadores da Região Portuguesa, passando a designar-se Partido Operário Socialista Português, sob inspiração das teses guesdistas” . Há várias alianças e rescisões, o PS português está a retirar ideias das liberais da França, tal como foi feito no Chile, nartrado antes destas palavras. É em 1964, em Genebra, que Mário Soares, Manuel Tito de Morais e Francisco Ramos, criam a denominada Acção Socialista Portuguesa. Para o leitor esquecido, talvez era melhor reproduzir em texto o que acontecera em Genebra: A Acção Socialista Portuguesa foi fundada em Genebra por Mário Soares, Manuel Tito de Morais e Francisco Ramos da Costa, em Novembro de 1964. Representando um novo esforço de estruturação do movimento socialista, o certo é que não logrou estabelecer as bases de implantação a que aspirava, conciliando dificilmente os instrumentos de luta na clandestinidade com as poucas possibilidades de intervenção legal permitidas pelo regime salazarista.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (27)

(Continuação)

Abertamente os sectores mais radicais do MFA, pronunciando-se por uma “prática política realmente isenta de toda e qualquer influencia dos partidos” e pelo afastamento da “equipa dirigente” do Movimento. Umas actuação hábil destas forças moderadas leva à destituição do Primeiro Ministro Vaco Gonçalves, à formação de novo Governo (o VI, chefiado por Pinheiro de Azevedo) e, por fim, à nomeação do Capitão Vasco Lourenço (um dos “nove”) para o comando da região militar de Lisboa, em substituição de Otelo (24 de Novembro).Estas alterações são o rastilho para um último golpe militar, desferido em 25 de Novembro, pelos pára-quedistas de Tancos, em defesa de Otelo e do processo revolucionário. Este golpe, por pouco, não coloca o País numa guerra civil, acaba por se malograr e, com ele, as tentativas da esquerda revolucionária para tomar o poder. Ficava aberto o caminho para a implantação de uma democracia liberal .

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (26)

(Continuação)

Em 1987 Ricardo Lagos funda o Partido pela Democracia (PPD), que veio a ter um papel importante na formação da Coligação de Partidos pela Democracia, movimento que reúne todas as forças partidárias na campanha do «não» ao referendo que derrota Pinochet. A 25 de Abril de 1988 Lagos ganha projecção no país ao participar num programa televisivo em que, de dedo em riste (O dedo de Lagos ) denuncia o ditador de pretender perpetuar-se no poder através do referendo que se efectua em Outubro desse ano. Pinochet é derrotado e Lagos, que mantém a dupla militância no Partido Socialista e no PPD, vem a integrar mais tarde o primeiro governo de coligação presidido por Patricio Aylwin ocupando a pasta da Educação.


Em 1993, Lagos perde as eleições primárias da Coligação para o democrata-cristão Eduardo Frei, que sucede a Aylwin à frente dos destinos do Chile. Neste segundo governo da Coligação, Lagos ocupa o cargo de ministro das Obras Públicas, do que se demite em Agosto de 1998 para se candidatar à Presidência da República.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (25)

(Continuação)

Capítulo 7-Tricinco no Portugal de hoje e no Chile de ontem.



Torno ao texto central. Os membros que apoiaram o que após golpe foi ditadura vitalícia, ficaram horrorizados. Primeiro, por não serem convocados a governar, depois, pelas perseguições contra eles, a seguir, pelas tropelias causada pela ditadura. Como um dia me contara Patrício Aylwin Azócar , em Portugal na casa do Embaixador do Chile na Rua da Estrela em Lisboa, casa habitada, em tempos, pela consulesa Gabriela Mistral e por um nosso tio Ministro Conselheiro da Embaixada. Aylwin e outros membros do seu partido foram banidos e Frei ficou a espera de ser convocado a governar. Desencanto! Mal conheciam ao hesitante ditador, que aderiu ao golpe, um dia antes: ele estava sempre ao pé do poder. Quando o poder era do Presidente Allende, não queria participar em golpes. Teve de ser convencido pelos outros membros golpistas, de que não era apenas uma tentativa de golpe: a CIA estava com eles, o que fez tremer ao generalito e aceitou para passar a ser não apenas o melhor membro para completar o golpe, bem como mandou, no seu primeiro dia de governo, publicar um bando para ordenar que todos os partidos políticos ficavam suspensos até ele dizer outra coisa e declarava que os partidos que “vendiam ao Chile a potências estrangeiras, como PC, PS, MAPU , Esquerda Cristã, Partido Radical, e qualquer outra filiação da derrubada UP, ficavam fora da lei e proibidos de funcionar no Chile”. Foi, porém, a necessidade de fugir, de escapar, salvar a vida fora para recomeçar, mais uma vez, a nossa história pessoal, em outro sítio, com outras pessoas, em outras culturas era a ordem do dia. Pensava-mos, como sempre se pensa no Chile, sem visão do futuro e com curta memória histórica, que esta ditadura seria curta. Como habitual em processos históricos desconhecidos e novos, estava-mos enganados. Foram os que ficaram dentro do Chile, vivos, os que começaram a protestar contra esse governo, os caudilhos eram do silenciado Partido da Democracia Cristã Patrício Aylwin , e Ricardo Lagos, que formaram, em 1988, com uma ditadura debilitada, donde, a atacar fortemente a outros para se defender e sobreviver, os antigos democratas, rivais e amigos organizaram a Coligação de Partidos pela Democracia ou Concertación Nacional, referida em nota de rodapé . O novo Presidente percorreu o mundo todo para restabelecer relações com os países que tinham-se demarcado de relações diplomatas com a ditadura. O nosso trabalho no exílio, tinha sido assim feito, para acabar com essa ditadura de alguma maneira. Foi o nosso humilde contributo desde o exílio.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (24)

(Continuação)

Tricinco, no decorrer da escrita, tem passado a ser quase um conceito, um conceito metafórico. São tricinco de sobre vida, tricinco de experiências, tricinco de vida académica, tricinco de exílio, de paternidade, escrita, conhecimento de amigos, de subir os degraus da escala da vida, com persistência e decoro. É evidente que é metafórico, porque é a partir da minha sobre vida a não ser fuzilado ao 18 de Setembro de 1973, e que a contagem foi para trás para recomeçar nesse dia, um novo nascimento. Desde esse dia em frente, desconto os anos de vida que tenho e fico em tricinco, a idade que sempre refiro ter e que todos pensam que é uma brincadeira minha. Por não saber da minha vida. Tricicno anos de adesão ao nosso Presidente assassinado, tricinco desde o dia, ou melhor, noite, que a minha mulher passou a apagar, a noite toda, gravações feitas por mim as mulheres do inquérito para a nossa escola Camponesa da nossa Universidade, caso o caso for de sermos mais uma vez invadidos pelo exército na nossa casa. Inquérito feito a 2000 mulheres, ao longo de dois anos, com a minha irmã Blanquita e a nossa amiga e colega Nilsa Tápia. Esses dias eram temidos e todo ou nada podia ser usado contra nós em qualquer julgamento ou perseguição. Tricinco anos que a minha querida e destemida mulher, sem conseguir dormir, apagou gravações das entrevistas feitas a essas 2000 mulheres, para não pensar no que me puder acontecer esse dia nefasto, apagou pela noite dentro até a madrugada. No queria imaginar o que poderia acontecer comigo e os nossos amigos da Unidade Popular. Tricinco anos desde a morte do nosso Presidente e do nosso projecto de via chilena para o socialismo...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (23)

(Continuação)

Escrita que torna para Santa Cruz e as nossas tentativas de organizar Sindicatos camponeses. Anos volvidos, foi que entendi que era a política da Democracia Cristã Chilena, a de formar Sindicatos Rurais, para promulgar uma lei sobre Sindicatos Rurais. Mas, antes, os Sindicatos deviam existir, e era essa a nossa missão, soubermos ou não os que lá estávamos em trabalho de campo de verão, alfabetizar e organizar Sindicatos Campesinos . O título do livro, tomo I de José Bengoa, dá uma ideia do medo dos inquilinos a se encontrar e manifestar de dia em prol dos Sindicatos: em castelhano castiço Chileno: El Poder y la Subordinación, ou, em português: O poder e a subordinação. O poder era do patrão, sou testemunha da subordinação, manifestada não apenas em “tirar” o chapéu para cumprimentar, bem como em aceitar despejo, mandar ir embora sem prévio aviso aos trabalhadores do campo. É suficiente ler o livros de Isabel Allende, antes citado por mim, La casa de los espíritus, de 1982, para saber que o despojo do trabalho era prévio e sem aviso, como é narrado não apenas pelo meu sabido amigo Pepe-José Bengoa-, bem como pela romancista, que tem feito do romance da América Latina uma pesquisa antes da escrita aparecer.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (22)

(Continuação)
Donde, nunca fui membro do dito partido, apesar de ter como alcunha o “comunista chileno”. Era assim que eu era denominado pelos patrões dos sítios trabalhados por mim, especialmente pelos de Ramón. A Doña Juana perguntou se eu era ou não comunista, ao dizer a frase espontânea, escrita mais acima. Eu respondi não, aliás, referi, se a Senhora repara, vamos todos à Missa do Domingo na Igreja Paroquial e comungamos juntos. Apenas, que, acrescentei, a Senhora tem um anel de diamantes que faria rico a qualquer dos seus trabalhadores! Ele não calou e disse: “Dice que no es comunista, pero sus palabras lo traicionan.

Su comunión es una herejia”, eu fechei o diálogo com esta frase. “Herejía es no trabajar y vivir del producto de los otros. ¡Eso es pecado!”. No dia a seguir, fomos todos levados, depois da Missa das 12, a Missa dos elegantes, pela policia de Santa Cruz para a cadeia local. !Éramos tantos! Dos que mais lembro, é desse novo amigo, Esteban Tomi`c, um dos vários filhos do o amigo do meu Senhor Pai, Radomiro Tomi ´c, que correu como DC juntos ao Candidato Allende para a Presidência em 1970, mas que, aos saber da conspiração para derrubar Allende antes de reconhecer o seu sucesso para à Presidência do Chile, foi o primeiro em ir cumprimentar ao seu vitorioso rival, deu um abraço em frente da multidão de “rotos” e outros descosidos, deu um abraço e publicamente admitiu a sua derrota, o que travou o plano de Frei de ser sequestrado, enviado ao exílio, organizar Junta Militar, invalidar as eleições, e sei meses após Junta, abrir eleições outra vez e Frei Montalva podia-se recandidatar e ganhar. Mas, a movimentação de Radomiro Tomi´c, inviabilizou esse projecto de golpe de palácio, apoiado pelos Carabineros do Chile.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Semana do Ensino - O processo educativo - Ensino ou aprendizagem - (6) por Raúl Iturra

(Conclusão)

11. A erudição.

É isto que se pensa que seja o processo educativo: a quantidade de informação universal que uma pessoa tem. A erudição actual é uma consequência do Enciclopedismo dos sécs. XVII e XVIII, dessa rebeldia de intelectuais contra o dogma: não contra o conteúdo do dogma, mas contra o saber porque uma autoridade diz que é assim e não admite contra-argumento. A erudição é a cultura dividida em modelos e parcelas que sistematizam um domínio da interpretação e transformação dos factos sociais e que é logo entregue, com a sua prova, a outros; a transferência é feita a, pelo menos, dois tipos de pessoas: os que vão continuar a investigar esse campo e os que vão reproduzir o conteúdo aos neófitos. A cultura erudita é resultado da experimentação e, por meio dos textos em que se guarda o saber, é entregue às gerações de crianças e jovens como uma verdade, contra a sua argumentação. A função da escola para a infância e juventude, desde o começo até ao fim, é entregar as descobertas dos outros como a interpretação fiel e verdadeira do real; raramente os professores ousam investigar com os seus alunos, como deveria ser.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (21)

(Continuação)

Capítulo 6-Lembranças do passado: organização de sindicatos.


Sobre Sindicatos, todos sabemos alguma coisa. Há duas formas de saber: pela lei e pelos factos. Pela lei de Portugal, os Sindicatos estão legislados no Código do Trabalho e em leis especiais, conforme a época de legislatura e de quando começaram a aparecer O Portugal após o denominado Pronunciamento Militar de 1974, que derrubou, sem guerra nem mortos nem prisioneiros, teve, no entanto, que mudar a legislação, que tratava aos trabalhadores como mercadoria para ser trocada por convénios, tratados, retirar de dinheiro como imposto para os trabalhadores que eram convidados trabalhar fora de Portugal. Como era também o caso da Galiza, narrado por mim, com lei e citações, quer nos livros referidos sobre Vilatuxe, ou, ainda, no texto escrito por mim para a Revista Galega Estúdios Migratórios. Arquivo da Emigración Galega. Consello da Cultura Galega, cuja Directora era a minha amiga, Catedrática de História Contemporânea, em Compostela, a Professora Doutora Maria Xosé Rodríguez Galdo . Tive essa grande sorte de encontrar uma foto que, apresentada aos descendentes, como refiro no livro tão citado por mim, da Profedições, o denominado mal vendido livro. Mas, ao tornar ao tema do texto, se Portugal teve que organizar a lei, no caso do Chile, Allende teve que organizar e reorganizar as leis sindicais. Nem preciso ir as páginas habituais, para me lembrar. Nos anos 50 e 60 do Século XX, eu próprio participei na organização de Sindicatos, especialmente Sindicatos de Trabalhadores rurais, omissos no Código do Trabalho Chileno.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (20)

(Continuação)

Com todo, a minha mulher tinha que tratar da casa, das compras, de comidas, da roupa, limpar a casa e não estava habituada. A pouco e pouco a sua saúde ficava em baixo. Especialmente porque a nossa casa era visitada por uma série de amigos meus ingleses da Universidade de Cambridge, entre os quais assistia muito a minha amiga, Professora Doutora Caroline Humphrey , essa amiga e colega que me dissera um dia, ao acabar a defessa da minha tese e eu comunicar a ela que John Davis e Ray Abrahams tinham aprovado o meu debate e até me tinham convidado a almoçar por pensar que a minha tese era melhor do que boa, de imediato respondeu: “Right, Rául ( à laia inglesa de pronunciar o meu nome próprio), now, is my turn to defend your thesis at the Faculty’s Committee”. O meu texto foi aprovado pelos sete júris, referidos por mim antes, que examinam a tese. A defessa é apenas uma formalidade para entender se a tese3 era feita por mim ou por outro. As questões eram mais para saber como tinha descoberto certos factos, como tinha tido a ideia que aparecia no texto para os defender, as estatísticas usadas, como tinha sido o meu trabalho de campo, já inspeccionado por Milan Stuchlick, e sabido por Jack Goody, e outras normas que eram para mi, um terror, que não podia transmitir aos membros da casa. Vivi dois meses de espera, até que chegou uma carta da Universidade para referir que era requerido no Secretariado da Faculdade para saber o resultado da aprovação, ou não, da minha tese. Eu tinha passado por situações semelhantes no Chile, no campo de concentração: era libertado, mas dia sim, um dia não, era reclamado por bando para me apresentar, mais uma vez, ao famoso Regimento! A situação era semelhante....as minhas mãos suavam!, uma pessoa perde a confiança em si, ao sermos tão metralhados no nível académico, especialmente ao saber que, até esse dia, nenhum latino-americano tinha, ainda, passado uma prova dessas em Cambridge. Desde esse dia, é que ainda fica em mim o terror de ser julgado! Em silêncio, para não alarmar a casa, fui ao gabinete da Senhora Secretária da Faculdade, não conseguia encontrar a carta, e eu, calmo, ia ai ficando calado, até a encontrar e, como manda o Regulamento, ler-me a opinião da Universidade: a minha tese tinha sido aprovada por unanimidade em todos os júris pelos quais tinha passado, ou tinha sido auferida! Tal como no Regimento, ao não ser fuzilado, fiquei sem rumo, não sabia o que fazer, excepto continuar o trabalho!