quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Economia - Contra o estado Neo-Liberal que sustentamos

Luis Moreira

Há 20 anos que os "gurus" mundiais da economia vieram a Portugal fazer estudos que nos custaram milhões. Nenhum preconizou um Estado interventor e gastador, um país com o maior número de kms de autoestradas por m2, nem as maiores pontes e mais caras, nem novos aeroportos, nem hospitais ao virar da esquina, nem parcerias-público/privadas,nem o TGV, nem empresas públicas que operam num meio sem competição, com preços superiores aos dos outros países e com uma retribuição ao capital accionista muito acima da remuneração obtida no mercado de capitais, com gestores que ganham mais que os congéneres de países ricos, com quadros e trabalhadores a gozarem mordomias muito acima dos restantes trabalhadores...

A isto chama-se um Estado Neo-liberal (leiam com cuidado os textos dos Professores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra).Um Estado que não regula os mercados, que enterra milhões em bancos criminosos, que anda de braço dado com grandes capitalistas em negócios "finos" na Caixa Geral de Depósitos e no BCP, na PT...que isenta os milionários de pagamentos de impostos sobre mais-valias,que isenta das medidas de austeridade os que mais ganham...é isto que os Estatistas defendem? Há Estados mais neo- liberais do que isto?

Então aqui estão as alternativas ( do livro - entre muitos - Reformar Portugal - 17 Estratégias de Mudança - 2002): Aqui podemos encontrar proposta concretas para as grandes áreas da política e da sociedade, mas hoje fiquemo-nos pela economia:

- O crescimento económico terá que passar, essencialmente, pelo aumento sustentado e diferenciado da produtividade face à média comunitária.Isso implica capacidade de inovar.Os rápidos progressos em tecnologias de informação, são elas mesmas factores de competitividade e de inovação, mas mais do que isso, são "os drivers" das novas vagas de desenvolvimento tecnológico noutros sectores, como as ciências da vida, a gestão dos recursos naturais, o ambiente, os transportes e a gestão industrial.

O problema é que a UE, em matéria de inovação, coloca Portugal no último lugar.É, pois, preciso:

- Criar um ambiente propício à inovação
- Mudar o papel do governo
- inovação pelas e nas empresas
-incentivar o espírito empreendedor
- inovar nas Pequenas e Médias Empresas ( são as máquinas de criar emprego num país!)
-Desenhar estratégias de inovação regionais
-Incentivar o capital de Risco ( papel que devia estar atribuído à CGD mas que em vez disso anda nos negócios das empresas do regime)
-Criar uma dinâmica auto-sustentada de financiammento
-O contributo da Agência de Inovação e das Universidades
- A Intervenção do ProInove - Programa Integrado para a Inovação
-promover a participação Portuguesa no 6º Programa-quadro (onde ele já irá!)

(as prioridades deste programa eram: 1 - ciências da vida, Genómica, e Biotecnologia para a saúde. 2-tecnologias da sociedade de Informação 3 - nanotecnologia e nanociẽncias e novos processoas produtivos,4 - Aeronáutica e espaço,5 -Qualidade alimentar,6 - Desenvolvimento sustentado, mudança global e ecossistemas,7 - Cidadãos e governos na sociedade do conhecimento,8 - Actividades específicas noutros domínios( antecipação de necessidades científicas e tecnológicas; políticas horizontais de PME; medidas de suporte à cooperação internacional)

-Pugnar por uma política de Inovação na UE - Fazer de Portugal um país Inovador deve ser o grande designio nacional, o que obriga a sermos um país aberto, a escolher os investimentos inovadores prioritários e manter esses investimentos mesmo em recessão económica.Os países inovadores apostam numa classe empresarial com profundos conhecimentos académicos, cientificos, tecnológicos, virados para os negócios de base tecnológica e com uma crescente componente de informação e conhecimento.

Os países com a dimensão do nosso, têm vindo a assumir importância crescente. Estes países assentam a sua estratégia de desenvolvimento na excelência dos seus recursos humanos ( os nossos ou fugiram para o estrangeiro ou estão nas grandes empresas públicas a entrarem às nove e a sair às seis...), na renovação da sua classe empresarial, na capacidade de criarem empresas, de atraírem investimento externo e de promoverem a internacionalização das suas empresas.

Claro, que o grosso das suas 456 páginas é dizer como tudo isto se faz! Quem quizer saber como os países inovadores e ricos fazem, como a Holanda, Noruega,Dinamarca,Finlândia, e Áustria é só ler com cuidado este livro ou outro que trate, seriamente, destes temas. Também propõe medidas para a Educação, Saúde,Justiça, Administração Pública...

Nada que se pareça com as políticas que os diversos governos têm implementado, dar à manivela das betoneiras é bem mais fácil.Incluindo o actual, bem entendido!

3 comentários:

  1. Emaranhar não vale. Isto é o programa do pior Sócrates, o Sócrates neo-liberal seduzido pelas novas economias, contribuindo para o abandono dos campos e a desindustrialização, deixando o PRODER sem financiamento, ajudando a dar cabo do sector primário e parte do secundário, no seguimento da política iniciada por Cavaco. Dessa lista o que se aproveita está no programa de governo do Sócrates. Luís , já não estamos aí, estamos a corrigir esses erros felizmente e espera-se que não seja tarde. A "sustentabilidade" tem dado para muitos se sustentarem no negócio milionário e improdutivo dos estudos externos ao Estado e pagos por ele.
    E depois é mais ou menos Estado? Só se lê coisas para o Estado fazer/pagar. Empresas feitas por académicos? Façam! Em vez de listas de coisas, para não se sabe quem fazer um dia destes; uma empresa faz-se em 47 minutos.
    E já agora o negócio "ruinoso para o Estado" entre o Fino e a CGD, (segundo a Ferreira Leite, o Louçã o Luís Moreira, e outros observadores com falta de atenção) em meia dúzia de meses já rendia entre 30 a 40 milhões de euros (agora deve ser mais) à Caixa.
    É os números...pois.

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  2. Essa do fino é boa ,Carlos. Rendia à CGD? Então o presidente e o Jorge Tomé vieram dizer que era melhor receber aquilo, que era muito menos do que tinham emprestado do que correr o risco de mais tarde não receber nada? Contas,Carlos?
    E o resto que está em cima faz parte da governação do Sócrates? A verdade é que nenhum de nós se mexe um milímetro.Não vale a pena, até com o país em cacos tu vens dizer que um dos maiores escãndalos financeiros deste país, o do empréstimo ao Manuel Fino para controlar a cimenteira, é um grande negócio para a CGD! São contas, são,Carlos! Fazem o que querem de nós e nós achamos que só ganhamos com isso.Se o empréstimo para controlar as cimenteira desse lucro era para o Fino, como os brasileiros tomaram conta da empresa e as acções deram um prejuízo de milhões pagou a CGD.E, destes negócios vê quantos foram feitos no BCP,na PT, na Galp...

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  3. Já não se pode ir jantar.
    Não estás nos teus dias, começas com um Estado Liberal, interventivo e gastador, que é um contra-senso e com acções a descerem numa OPA que é outro, Vamos lá:
    A história que eu conheço é que os títulos que existiam como garantia da Investfino na CGD estavam em queda, não cobriam o valor. Foi na altura da falência da Lehaman Brothers. O Fino não tinha outros títulos para cobrir, e a Caixa ou registava imparidades, ou executava a divida perdendo dinheiro, ou a restruturava que foi o que aconteceu. Comprou por 25% acima do valor em bolsa, (que foi o que deu confusão no parlamento, e por isso segui o assunto) as acções da Infestfino na Cimpor, com a justificação que eram um pacote, e que rendiam dividendos salvo erro de 30%. A compra pela Caixa permitia a recompra pelo mesmo valor, pagando um juro - que não me lembro, (6%?) - ao ano, e um valor caso recomprasse que também não sei. O facto é que o Sr.Fino recomprou e (isto sei) ganhou um euro por accção na OPA.
    Ou seja, se o Fino ganhou um euro sobre o valor da recompra a Caixa não perdeu um avo. O que ganhou não sei mas é possivel saber se houver interesse.
    Como escrevi na altura, houve uma situação em que passados uns meses (cinco ou seis) a CGD lucrava o que disse acima sobre o valor da compra das acções da Cimpor que eram da Infestefino. É fácil de conceber uma vez que comprou ao Fino no período do quase crash bolsista e depois subiu.
    O Manuel Fino nunca poderia controlar a cimenteira com os mais ou menos 10% que tinha e tem. É só ir ver a estrutura accionista da Cimpor que está decerto na NET.

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