domingo, 26 de dezembro de 2010

A geração "nem - nem"

Luis Moreira
Chamaram-lhe a geração rasca, por ser preguiçosa, meter-se nos copos, ficar em casa dos pais até aos 40 anos, não estudar, não procurar trabalho, enfim, não fazer nada. O que não se esperava é que fosse a geração "sem alternativas".


A geração anterior está bem instalada, emprego para a vida, esperar pela reforma, não há renovação no emprego, quem tem trabalho chama-lhe seu, não sai nem que seja mau trabalhador, nem se já não corresponde às exigências da função. Pior, obrigam-nos a trabalhar até mais tarde.


Também, até há pouco tempo, era a chamada "geração dos 500 euros", não dava para grande coisa mas sempre acalentava a possibilidade de ter um projecto de vida, estudar e trabalhar era norma, ia-se ganhando experiência, contactos, capacidades.


Mas a ganância e a desregulação dos mercados destruiram a economia, milhões de postos de trabalho deixaram de ser preenchidos, o investimento caíu abruptamente, e os jovens, mesmo com capacidades, não têm futuro.


Curiosamente há trabalho para as artes e ofícios, gente com menos graus académicos mas que "sabem fazer", arrancam com o seu próprio negócio e ganham a vida. Canalisadores, carpinteiros, mecânicos, informáticos "hardware", são cada vez mais os jovens que criam o seu próprio emprego, para não falar dos que saem das grandes cidades e se instalam no interior do país onde a concorrência é bem menor.


Mas há um mar de oportunidades na agricultura e na actividade marítima que precisam do apoio inicial do estado, e que potencialmente podem criar muitos postos de trabalho, bem como na reequalificação urbana que segundo a CIP ( Confederação Industrial Portuguesa) pode criar 500 000 postos de trabalho ao longo de cinco anos.


Destruiu-se a produção, somos uma sociedade de serviços em que poucas actividades têm vantagens competitivas, há que voltar a fazer o que sabemos fazer, actividades tradicionais onde temos "Know how" e matérias primas. (fileira da floresta - celuloses, carpintaria, biomassa, cortiça - texteis, agricultura- floricultura, vinho, azeite, fruticultura, verdes - actividades marítimas, Turismo, modernas tecnologias...)


E, há um principio básico, não pode ser mais favorável ficar em casa a receber subsídios do que trabalhar e ganhar uma miséria. A competitividade não pode nem deve assentar na exploração de mão de obra barata! Sem esta premissa estamos a qualificar jovens para irem procurar vida lá fora ou termos gente subaproveitada, cuja preparação académica custa muito dinheiro a todos nós.

3 comentários:

  1. Obrigado, estou eu,Maria Afonso.Volte sempre!

    ResponderEliminar
  2. A nossa entrada na UE que deveria, e prometia, trazer possibilidades dum país melhor, trouxe, pelo contrário, um arrastão de tudo o que, em termos produtivos, nós tínhamos de bom. Foi tudo atirado ao mar. Ironia das ironias, ao "nosso" mar que tantas potencialidades tem. Às vezes, chego a convencer-me, imodestamente,de que era capaz de fazer algo melhor do que muitos que têm passado pelos governos deste país. Afinal, a destruição tem sido tão grande...

    ResponderEliminar