quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (25)

(Continuação)

Capítulo 7-Tricinco no Portugal de hoje e no Chile de ontem.



Torno ao texto central. Os membros que apoiaram o que após golpe foi ditadura vitalícia, ficaram horrorizados. Primeiro, por não serem convocados a governar, depois, pelas perseguições contra eles, a seguir, pelas tropelias causada pela ditadura. Como um dia me contara Patrício Aylwin Azócar , em Portugal na casa do Embaixador do Chile na Rua da Estrela em Lisboa, casa habitada, em tempos, pela consulesa Gabriela Mistral e por um nosso tio Ministro Conselheiro da Embaixada. Aylwin e outros membros do seu partido foram banidos e Frei ficou a espera de ser convocado a governar. Desencanto! Mal conheciam ao hesitante ditador, que aderiu ao golpe, um dia antes: ele estava sempre ao pé do poder. Quando o poder era do Presidente Allende, não queria participar em golpes. Teve de ser convencido pelos outros membros golpistas, de que não era apenas uma tentativa de golpe: a CIA estava com eles, o que fez tremer ao generalito e aceitou para passar a ser não apenas o melhor membro para completar o golpe, bem como mandou, no seu primeiro dia de governo, publicar um bando para ordenar que todos os partidos políticos ficavam suspensos até ele dizer outra coisa e declarava que os partidos que “vendiam ao Chile a potências estrangeiras, como PC, PS, MAPU , Esquerda Cristã, Partido Radical, e qualquer outra filiação da derrubada UP, ficavam fora da lei e proibidos de funcionar no Chile”. Foi, porém, a necessidade de fugir, de escapar, salvar a vida fora para recomeçar, mais uma vez, a nossa história pessoal, em outro sítio, com outras pessoas, em outras culturas era a ordem do dia. Pensava-mos, como sempre se pensa no Chile, sem visão do futuro e com curta memória histórica, que esta ditadura seria curta. Como habitual em processos históricos desconhecidos e novos, estava-mos enganados. Foram os que ficaram dentro do Chile, vivos, os que começaram a protestar contra esse governo, os caudilhos eram do silenciado Partido da Democracia Cristã Patrício Aylwin , e Ricardo Lagos, que formaram, em 1988, com uma ditadura debilitada, donde, a atacar fortemente a outros para se defender e sobreviver, os antigos democratas, rivais e amigos organizaram a Coligação de Partidos pela Democracia ou Concertación Nacional, referida em nota de rodapé . O novo Presidente percorreu o mundo todo para restabelecer relações com os países que tinham-se demarcado de relações diplomatas com a ditadura. O nosso trabalho no exílio, tinha sido assim feito, para acabar com essa ditadura de alguma maneira. Foi o nosso humilde contributo desde o exílio.

Dentro do Chile, todo estava bem difícil, o ditador tinha publicado uma constituição que assegurava maioria no Parlamento que, após a sua dissolução em 1973, foi reaberto nos anos 90, após a eleição de Patrício Aylwin como Presidente da República. Esse Congresso foi eleito “a correr”, apenas três meses antes da transmissão do mando do auto eleito Presidente do Chile, Pinochet, à Patrício Aylwin, eleito de forma democrata como é referido na nota de rodapé anterior. A ideia do Ditador era colocar partidos organizados por ele e os seus apoiantes, a recente enriquecida nova burguesia do Chile, bem como a antiga que o apoiara, mas que, parte dela, o tinham abandonado ao aparecer que terras e bens eram entregues a membros das Forças Armadas e a membros da sua família e não aos seu legítimos proprietários. Digo a correr, pelo curto espaço de tempo com um Presidente eleito por sufrágio livre e universal, e a inexistência do Parlamento Bicameral do Chile, legislado em todas as Constituições que o País tem tido: Deputados ou Câmara Baixa e Senado, ou Câmara Alta para testemunhar a toma de posse e o juramento do novo Presidente. No entanto, a guerra, como diria Teitelboim, foi travada e ganha por nós, os democratas chilenos: todos estavam já preparados e estruturados em Partidos, reorganizados durante a luta contra a Ditadura, que até o dia de escrever estas notas, existem, bem como as Alianças entre os Partidos Democratas e os da Ditadura ou outros mais à Direita, como o de Lavín, quem queria-se desmarcar do Governo assassínio.


• O ditador tinha organizado bem a sua saída, porque ficava como General em Chefe das Forças Armadas até a sua morte, esse título que dá poder e que é normalmente, é o poder do Presidente Civil, o poder do Presidente da República. Aylwin não teve esse poder e andava pelo mundo em procura da colaboração de outras Democracias, especialmente na Europa. O primeiro apoio surgiu da Espanha e da Grã-bretanha, e de outros países do Continente Europeu, como França, Dinamarca, Noruega, Suécia, que reclamavam os seus mortos na ditadura. O poder judicial não queria julgar a Pinochet, mas, como referi antes, o destemido Ministro da Corte de Recurso ou Suprema, em chileno castiço, o Juíz Juan Guzmán, começou as sua próprias interrogações ao declarado réu pela justiça internacional. Não resisto referir a opinião deste destemido juiz, que era capaz de declarar, sem tomar parte, o que passo a citar em nota de rodapé. . No Chile de ontem, o ditador tinha cometido crimes pelos quais era julgado. No Chile de hoje, o ditador já ficou esquecido. Apenas que, a pesar das suas viagens a vários países, o Presidente Aylwin teve que voltar rapidamente desde Lisboa em 1991, por causa do antigo Ditador ter começado a “reanimar” aos membros do Exército para um outro golpe, derrubar Aylwin e ser mais uma vez, ou Capitão Geral da República, ou Presidente outra vez. Foi difícil controlar ao esse ávido de poder, antigo ditador criminoso do Chile. Finalmente, faleceu. O exército tinha-se desmarcado do ditador, já não era Geral em Chefe das Forças Armadas, o dever tinha tornado a ser do Presidente da República e, no Chile de hoje, os tricinco estão no poder, outra vez, dos socialistas. Houve dois Presidentes da Democracia Cristã, da nova aliança de partidos pela democracia ou Concertação Nacional: Patrício Aylwin e Eduardo Frei Ruiz-Tagle, e , a seguir, o Socialista e fundador do novo Partido Para la Democracia, PPD, Partido fundado por Ricardo Lagos Não resisto retirar para o texto, a história de Ricardo Lagos e o papel que teve para a libertação da República. Diz o jornal Avante de 26 de Janeiro de 2000, que: “Ricardo Lagos Escobar nasceu a 2 de Março de 1938 em Santiago, filho único de uma família da classe média. Estudou no Instituto Nacional e licenciou-se em Direito na Universidade do Chile. Partiu depois para os EUA onde se doutorou em Economia pela Universidade de Duke. De regresso ao país, trabalhou na Universidade do Chile e foi director do Instituto de Economia e da Escola de Ciências Políticas e Administrativas.

Durante o governo da Unidade Popular, Lagos foi secretário geral da Universidade do Chile. Pouco antes do golpe militar de Augusto Pinochet, o presidente Salvador Allende nomeou-o embaixador na União Soviética, cargo que nunca chegou a ocupar por não ter sido aprovado pelo Congresso chileno.

Na altura do golpe militar, Lagos era secretário geral da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais e director do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais. Abandona o Chile em 1974, exilando-se primeiro na Argentina e depois nos Estados Unidos, país onde trabalhou como professor na Universidade de Carolina do Norte.

Lagos volta ao Chile em 1978, altura em que envereda pela vida política. No seio do Partido Socialista trabalha pela aproximação à Democracia Cristã, partido que chegou a apoiar o golpe militar de Pinochet, e defende o derrube da ditadura pela via eleitoral. É preso a 7 de Setembro de 1986, depois do atentado contra Pinochet levado a cabo por comando da Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR), crendo-se que só não foi assassinado porque os agentes que o prenderam eram da polícia de investigação e não da polícia política de Pinochet, graças à intervenção de um inspector que fora aluno de Lagos (quatro outros chilenos presos nessa noite foram mortos).

Notas:
 
Patricio Aylwin Azócar, advogado oriundo de uma família de juristas, foi o primeiro presidente do Chile após Pinochet. É um político democrata cristão. Possui inúmeros doutoramentos honoris causa, nomenadamente da Universidade Técnica de Lisboa. Votação na qual eu participei, ao votar sim no nosso Senado Acedémico, membro por ser Doutor e Catedrático, mas, como já coomentéi antes, não assití a cerimónia, apenas a um jantar na casa do Embaixador. Como também referi, as minha sfilhas cieram para me acompanhar, por entender o humillante que era para mim comemorar a um dos que tinha traíso Allende no seu tempo. Mas, os tempos mudam, eles pensavam que seria apenas um denominado em chileno castiço, quartelazo ou ataque de regimentos para “repôr” a Democracia no Chile, que eles estimavam ter sido apagada pelo governo de Salvador Allende. Meu Deus!



Aylwin foi eleito como candidato pela Concertación. Nas eleições de 1989 teve 55,2% dos votos válidos, sendo o primeiro presidente democrático em 17 anos e o segundo democrata cristão, além de dar o início à transição para a democracia: La Concertación. La Concertación de Partidos por la Democracia (conocida simplemente como Concertación) es una coalición política de partidos de centro e izquierda, la cual ha gobernado Chile desde el 11 de marzo de 1990. Nacida para enfrentar políticamente a la dictadura de Augusto Pinochet, aglutinó a la oposición al Régimen logrando triunfar unida en el plebiscito nacional del 5 de octubre de 1988. Nacida como Concertación de Partidos por el No, manteve a sua disciplina interna, logrando triunfar en todas las elecciones desde 1989 hasta la actualidad.


Su símbolo, el arcoiris, representa la variedad de proyectos e intereses que confluyen en la coalición, los cuales incluyen socialistas, socialdemócratas y democristianos. Los principales partidos que la conforman son el Demócrata Cristiano, por la Democracia, Radical y Socialista. A estos se sumaban el Partido Democrático de Izquierda (PDI), el MAPU Obrero Campesino, el Partido Liberal y otros movimientos civiles de los años 1980, hoy, todos desaparecidos o fusionados en otros partidos.Retirado da página web: http://es.wikipedia.org/wiki/Concertaci%C3%B3n_de_Partidos_por_la_Democracia

Foi referido a mim pela minha irmã Blanquita, já de volta no Chile, e pelo o meu amigo da alma, Francisco Vio Grossi, como desfilavam, destemidos, pelas ruas, de mãos dadas, para protestar pela existência da ditadura, presidida pelo derradeiro membro da dita, auto proclamado Presidente da República, e que, infelizmente, a traiçoeira história vai sempre referir ao ditador como um dos Presidentes do Chile,- os outros membros tinham sido afastados ou tinham sofrido tentativas de morte, já referidas ao começo deste texto, e com Patrício Aylwin e Ricardo Lagos na primeira fila do protesto. Certo, na sua arrogância e de cabeça perdida, o ditador convocou um plesbicito para perguntar ao povo se queria que ele continua-se por mais 8 anos no poder. A história narra o facto assim: “Não":


Pressionado pela comunidade internacional, cumpriu em 1989 a promessa de realizar um plebiscito.Isso abriu caminho para uma onda de protestos populares, contra o regime, que culminou com a campanha do "não" no plebiscito de 1988, que determinaria o direito de Pinochet concorrer a novo mandato.[3]


O "não" pressionou o regime a implementar uma abertura política negociada que conduziu o democrata cristão Patricio Aylwin, que tinha apoiado o golpe em 1973, contra o presidente Allende.


Em 18 de Fevereiro de 1988 foi vencido, por pequena margem no plebiscito que teria prolongado seu mandato por mais oito anos (55% dos votantes exprimiram-se contra a permanência do general no poder). Em 1989 foram realizadas as primeiras eleições desde 1970, , para o Congreso: -- 1990 --






- Março, 11: Pinochet entrega a presidência a Aylwin e o Congresso é reaberto, com legisladores eleitos três meses antes.






Derrotado o candidato oficial referido, o General Pinochet entregou a Presidência da República ao democrata-cristão Patricio Aylwin, o vencedor das eleições, em 11 de Março de 1990. Pinochet conseguiu manter-se como o mais alto responsável pelas Forças Armadas do país, até Março de 1998, altura em que passou a ocupar o cargo, por ele criado, de senador vitalício no Congresso chileno, ao qual renunciou em virtude dos problemas de saúde e das diversas acusações de supostas violações aos direitos humanos. Cargo que bubca foi capaz de cumprir, for ter sido desaforado e declarado réu na Grã-bretanha, como foi já referido Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Pinochet






A derrota do ditador, fez de imediato reagir aos polícos do Chile e várias Alianças foram formadas. A mais importante para nós, é já referida Concertação Nacional, coaligação do PS, Democracia Cristã, Partido Radical Social Democrata, Partido da Esquerda Cristã e o PPD de Lagos, -que tinha uma dupla militância no Partido formado por ele e o Partido Socialista-, e membros do antigo MAPU. A direita do Chile organizou a Renovação Nacional e os grupos à direita da direita, o da UDI ou Uniáo Democrátioca Independente, de tendência liberal trasnmontana, como quando faléi de Babeuf e os seus combates, ao começo do texto. As eleições presidênciais,as primeiras no Chile livre, é referida assim: Dezembro, 11: Patricio Aylwin, candidato democrata-cristão da aliança com os socialistas, ganha a eleição presidencial com mais de 56% dos votos, ante o oficialista Hernán Buchi.


Retirado da página web: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/12/10/ult34u169960.jhtm ,


sítio net: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Chile+Primeiras+Elei%C3%A7%C3%B5es+1998+Convocadas+Por&meta=


O ex-ditador chileno, general Augusto Pinochet, volta a se submeter nesta quinta-feira a exames médicos no Hospital Militar de Santiago, para determinar se está apto a ser julgado por violação dos direitos humanos.






Na primeira bateria de testes feita na quarta-feira, o general Pinochet foi examinado por uma equipe médica composta por dois psiquiatras, três neurologistas e um sociólogo. Um dos membros da comissão é o nosso médico Martín Cordero, já referido ao começo deste texto.






O juiz Juan Guzmán, que investiga as acusações de violações de direitos humanos feitas contra o general Augusto Pinochet, também acompanhou os testes. Ele deverá interrogar o general na próxima segunda-feira.






Depois dos exames médicos o juiz Guzmán conversou com exclusividade com a BBC. Ele disse que vem sendo pressionado pelo governo chileno para encerrar rapidamente o caso Pinochet.






O juiz Juan Guzmán explicou porque tem resistido às pressões para que os exames médicos do general Pinochet incluam também testes físicos:






juiz Juan Guzmán: As leis chilenas não fazem referência a testes físicos. Exigem apenas que seja feita uma avaliação da condição mental das pessoas com mais de 70 anos. Os testes físicos acabariam permitindo que o general Augusto Pinochet escapasse do julgamento por insuficiência.


Ricardo Lagos foi Presidente Socialista do Chile, apoiado pelos partidos da denominada concertação, que agrupa Socialistas, Democratas Cristãos, membros do Partido pela Democracia ou PPD, formado por militantes auto retirados do PCCh ou Comunistas demitidos do seu Partido, que sempre corre só para as eleições, e o novo Partido Radical, denominado Partido Radical pela Democracia ou PRSD. Os Democratas Cristãos e os Socialistas, estão, finalmente, a se entender!. Para saber mais, ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Lagos_Escobar , diz que: Ricardo Froilán Lagos Escobar (Santiago do Chile, 2 de Março de 1938) é um advogado e economista chileno. Foi Presidente do Chile de 11 de Março de 2000 até 11 de março de 2006.Foi Ministro da Educação com Eduardo Frei Ruiz-Tagle da Democracia Cristã, Partido da Concertação.. O jornal Avante diz assim:


Ricardo Lagos ganhou no domingo a segunda volta das eleições presidenciais no Chile, batendo o candidato da direita, Joaquín Lavín, por mais de 180 000 votos de vantagem. O Partido Socialista chileno volta ao palácio de La Moneda 27 anos depois do golpe militar que derrubou e matou Salvador Allende, e remete para o poder judicial a decisão de levar Augusto Pinochet a julgamento. Jornal Avante Nº 1364, de 20 de Janeiro de 2000




(Continua)



Sem comentários:

Enviar um comentário