quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Para Sempre, Tricinco ALLENDE E EU - autobiografia de Raúl Iturra - (39)

Francisco Vaz, é o grande amigo da minha grande amiga, Rosa Maria Perez. Rosa Maria, actual Presidente do Departamento, tem escrito o texto base desta parte do meu texto. Professora no ISCTE, foi “roubada” por nós a Universidade Nova, quando José Carlos Gomes da Silva estava a formar a sua equipa de semiologia dentro do nosso Departamento. Professora no ISCTE, tive a honra de arguir o seu currículo nas suas provas de  agregação.
 Lembro bem ter referido a nossa actual Presidente de Departamento como Professora “destemida” por causa do seu trabalho de campo em Gujarat, Goa, na Índia e investigar entre os denominados intocáveis, classificação de pessoas feita pelos indianos. O Próprio Mahatma Ghandi, da casta dos Brâmanes, para acabar com essa divisão de classe, fez-se um intocável e andava semi nu entre  os seus concidadãos. Lembro-me ter referido a sua valentia de conviver e viver entre esse intocáveis, para os quais ela era uma pessoa especial, por não ter a vergonha de outros de viver entre eles, no sítio reservado às mulheres. As publicações de Rosa Maria Perez, estão todas referidas no seu currículo e na página web, que cito em nota de rodapé a seguir.[1]O seu trabalho de campo é contado a Maria João Seixas, em 26 de Novembro de 2006, e diz: Parece frágil, de corpo miúdo e cara iluminada pelo tom claro dos cabelos e pelo verde dos olhos. A voz, que a tem doce e ritmada, sublinha toda a harmonia da figura, no seu conjunto. Mas é exactamente pela voz, e pelo que nela viaja de saberes e de desejo de mais saber, que depressa nos apercebemos da força e da determinação que a habitam. Divide grande parte do seu tempo entre Portugal, os Estados Unidos e a Índia.
Antropóloga, professora no ISCTE (Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa) e na Brown University, Rosa Maria Perez parece estar em trânsito quando não pisa as veredas do seu orientalismo.
A Índia é uma das suas moradas, a que a seduziu para a vida, transformada desde há muito na rota eleita da sua constante demanda. Da investigação que fez para a tese de doutoramento, sobre os "intocáveis" de uma certa aldeia do Gujarat, até ao universo das "devadasi" de Goa, são contínuas e fascinantes as descobertas que o grande país lhe tem proporcionado. A felicidade expressa no sorriso que acompanha o que disso narra é contagiante, chega a ser comovente”. Retirado do sítio referido em nota de Rodapé.
Mas, eu acrescento, que Rosa Maria Perez, a sofrer sempre esse debate de se o seu nome é Perez ou Perez, apelido castelhano trazido para Portugal faz já muito tempo, acaba por sofrer os problemas que tenho referido, acontece comigo, em relação ao meu nome. É interessante também saber que tem sido uma empenhada colaboradora, quer nos trabalhos do Departamento, quer nas nossas relações pessoais. Não há visita à Índia, que ela esqueça e não apareça com um presente para mi, ou das suas idas a cumprir o seu dever de Professora na Brown, Providence, já referida antes, com mais outros presente. Tem-me assistido nas minhas doenças, como vários membros do Departamento, mas com muita dedicação e simpatia. Para mim é, como digo a ela,  é uma Fair Lady, ou, em Português, uma Linda Senhora. No acidente de carro que  tive faz já quinze anos, ela presidiu o Departamento e fez os meus trabalhos, e não estava certa de convocar ou não a novas eleições para Presidente de Departamento, por não se saber como ia ficar eu após acidente. Mas, !inédito!, apareci de imediato, bem antes do tempo permitido pelos médicos, para cumprir os meus deveres. Rosa Maria Perez queria que eu acaba-se o mandato, mas eu, teimoso e persistente, referi que trabalho é trabalho, lá ou cá, e que deve ser feito. Doença que teve consequências anos mais tarde, mas que, também com a sua ajuda, consegui ultrapassar. Tem motivado ao Departamento para ser colegas acompanhantes de um docente temporariamente doente. Rosa Maria Perez, não apenas é investigadora de mérito, grande escritora, bem como membro de várias instituições, entre as quais, da Fundação Oriente. As melhores referências estão no currículo que passo a citar em nota de rodapé[2]. Tenho nas minhas mãos o seu texto: Reis e Intocáveis. Um estudo do sistema de castas no Noroeste da Índia; da Celta, 1994, a sua tese de doutoramento feita livro. As sua áreas de interesse científico, definidos por ela, são: etnografia e historiografia do colonialismo; orientalismo ; subaltern studies e pós-colonialismo; nacionalismo e género; fenómenos de segregação; categorizações e representações do feminino, referências citadas do seu citado currículo.

Notas:
[1] Rosa Maria Perez está referida, com obra, em:  http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Rosa+Maria+Peres&btnG=Pesquisar&meta= , especialmente o sítio dessa página web:  http://www.supergoa.com/pt/read/news_recorte.asp?c_news=583 que vou referir no texto, porque merece.
[2] Rosa Maria Peres:  http://ceas.iscte.pt/cria/rm_perez.pdf  É necessário acrescentar a sua mais recente publicação: Os Portugueses e o Oriente, Dom Quixote, 2006, Lisboa

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