José Magalhães
Ouve-se por aí, a mais das vezes, como final de conversa.
A palavra pressupõe mais qualquer coisita antes ou depois, mas na verdade é usada e abusada de uma maneira insólita... sem mais nada, tristemente só, pendurada, abandonada.
Que raio de vocábulo para estar sozinho.
Isolada de tudo e de todos, é assim uma espécie de ordem atirada à cara de quem a ouve, dita de forma quase acintosa.
Posso até entendê-la como um insulto, já que a sinto dardejada.
E desta forma solitária quer dizer o quê ? Ninguém parece saber.
Quando ma atiram e eu returco – de quê? – as pessoas ficam atrapalhadas e não sabem responder. Titubeiam, dizem um “pois” acabrunhado, e riem com caras esquisitas, que é a figura que parecem fazer ao usar tal expressão.
E às vezes, vá-se lá saber porquê, lá vão respondendo de uma forma acertada.
E quando a tonteria é tal que a usam no plural?, “CONTINUAÇÕES” !
É de um gozo tal que não evito rir.
Mas porque usarão as pessoas, e já o ouvi de gente de todos os níveis e classes sociais, tal palavra, assim dessa maneira?
E isto não é de uma região só, ouve-se por todo o país !
Que fenómeno social será este?
Acharão eles que é fino, que lhes fica bem, que é moda?
Terá sido alguma palavra importada, sem que eu o saiba, e as pessoas gostam de fazer saber que a conhecem?
Haverá alguma explicação para tal?
E ainda por cima, as pessoas que a usam e dela abusam, dizem-no como se dissessem uma grande coisa, muitas das vezes com um ar convencido e um sorriso estampado no rosto!
Será que o conhecimento da nossa língua é tão parco que não conseguem dizer o resto da frase, ou será que cansa falar?
Ou pior ainda, será que a crise também chegou ás palavras e é preciso poupar?
Caramba! ...
Sabem que mais? Sabem o que me apetece?
Só desejar que fiquem bem, continuadamente!
Já agora,
CONTINUAÇÕES, PRONTOS!!!
... e...
BUÉS DE OBRIGADOS A TODOS!!
.
.
(www.atributos-1.blogspot.com)
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terça-feira, 2 de novembro de 2010
sábado, 28 de agosto de 2010
O FLiP8;, o dicionário Priberam online e o galego-português
Carlos Durão
Acedo com gosto ao amável convite do Estrolabio para fazer uma breve resenha de algo que nos honra a todos, nesta grande casa da Lusofonia. Trata-se da atualização do reconhecido programa FLiP, da empresa Priberam Informática, permitindo programas OpenOffice.
Para nós, galegos, é importantíssima esta oitava atualização, pois entre as variedades nacionais da língua que tradicionalmente lá figuravam: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Timor, hoje por primeira vez aparece a Galiza, até com a sua bandeira. Este é um facto (um feito, como dizemos acima da Raia) que nos orgulha a todos, e pelo que parabenizamos a Priberam Informática.
Talvez para alguns leitores seja isto novidoso, mas a consideração da língua galega como “variedade do português” (também “norma galega do português”), sempre afirmada pela filologia clássica e independente de nacionalismos, recebeu um revigorado impulso nos dous derradeiros anos, que são os que tem de vida a jovem Academia Galega da Língua Portuguesa: ela foi recebida de braços abertos pelas irmãs Academia de Ciências de Lisboa e Academia Brasileira de Letras. A sua Comissão de Lexicografia e Lexicologia forneceu um Léxico não exaustivo (1200 entradas aprox.) de palavras “tipicamente” galegas, de uso corrente, para se integrar no Vocabulário Ortográfico que pedia o Acordo Ortográfico, como também nos demais dicionários da Lusofonia.
E isso já está a acontecer: um exemplo é este FLiP8; também o dicionário Priberam online já começou a incorporar esse Léxico. Os leitores podem ali consultar duas típicas palavras galegas: “lôstrego” e “brêtema” (http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=lôstrego e http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=brêtema). Elas já figuravam, como exemplos de proparoxítonas com vogal tónica fechada, na Base XI, 2º a) do Acordo Ortográfico de 1990, de Lisboa, no que a Galiza participou, com uma delegação de observadores, nas sessões de trabalho (como antes no de 1986 no Rio).
A inclusão de léxico da Galiza no FLiP 8 é fruto, pois, do trabalho da CLL da AGLP, e do Protocolo de Cooperação assinado com a Priberam. Mas também do chamado reintegracionismo linguístico galego, ao longo de muitos anos e com os esforços de muitos “bons e generosos” (as palavras do nosso Hino) de ontem e de hoje, entre os que só mencionarei os saudosos Ernesto Guerra da Cal e Manuel Rodrigues Lapa. Bem hajam!
Está a amadurecer na Galiza a consciência de pertença ao tronco linguístico comum, da que procuram afastá-la obscuros poderes ao serviço do centralismo estatal espanhol. Para estes “o galego” está bem em estado de hibernação e como engraçado adorno folclórico; e para eles é intolerável que a Galiza assuma a sua língua como nacional e internacional, com todas as consequências: pois isso é o que está a acontecer hoje nas suas camadas mais novas. Já era hora!
(Carlos Durão, Londres, 27 agosto 2010)
(Algumas ligacões: http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=view&id=117&Itemid=31
http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=view&id=114 (Léx) e
http://aglp.net/images/stories/Documentos/lexico_aglp.pdf)
Acedo com gosto ao amável convite do Estrolabio para fazer uma breve resenha de algo que nos honra a todos, nesta grande casa da Lusofonia. Trata-se da atualização do reconhecido programa FLiP, da empresa Priberam Informática, permitindo programas OpenOffice.
Para nós, galegos, é importantíssima esta oitava atualização, pois entre as variedades nacionais da língua que tradicionalmente lá figuravam: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Timor, hoje por primeira vez aparece a Galiza, até com a sua bandeira. Este é um facto (um feito, como dizemos acima da Raia) que nos orgulha a todos, e pelo que parabenizamos a Priberam Informática.
Talvez para alguns leitores seja isto novidoso, mas a consideração da língua galega como “variedade do português” (também “norma galega do português”), sempre afirmada pela filologia clássica e independente de nacionalismos, recebeu um revigorado impulso nos dous derradeiros anos, que são os que tem de vida a jovem Academia Galega da Língua Portuguesa: ela foi recebida de braços abertos pelas irmãs Academia de Ciências de Lisboa e Academia Brasileira de Letras. A sua Comissão de Lexicografia e Lexicologia forneceu um Léxico não exaustivo (1200 entradas aprox.) de palavras “tipicamente” galegas, de uso corrente, para se integrar no Vocabulário Ortográfico que pedia o Acordo Ortográfico, como também nos demais dicionários da Lusofonia.
E isso já está a acontecer: um exemplo é este FLiP8; também o dicionário Priberam online já começou a incorporar esse Léxico. Os leitores podem ali consultar duas típicas palavras galegas: “lôstrego” e “brêtema” (http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=lôstrego e http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=brêtema). Elas já figuravam, como exemplos de proparoxítonas com vogal tónica fechada, na Base XI, 2º a) do Acordo Ortográfico de 1990, de Lisboa, no que a Galiza participou, com uma delegação de observadores, nas sessões de trabalho (como antes no de 1986 no Rio).
A inclusão de léxico da Galiza no FLiP 8 é fruto, pois, do trabalho da CLL da AGLP, e do Protocolo de Cooperação assinado com a Priberam. Mas também do chamado reintegracionismo linguístico galego, ao longo de muitos anos e com os esforços de muitos “bons e generosos” (as palavras do nosso Hino) de ontem e de hoje, entre os que só mencionarei os saudosos Ernesto Guerra da Cal e Manuel Rodrigues Lapa. Bem hajam!
Está a amadurecer na Galiza a consciência de pertença ao tronco linguístico comum, da que procuram afastá-la obscuros poderes ao serviço do centralismo estatal espanhol. Para estes “o galego” está bem em estado de hibernação e como engraçado adorno folclórico; e para eles é intolerável que a Galiza assuma a sua língua como nacional e internacional, com todas as consequências: pois isso é o que está a acontecer hoje nas suas camadas mais novas. Já era hora!
(Carlos Durão, Londres, 27 agosto 2010)
(Algumas ligacões: http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=view&id=117&Itemid=31
http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=view&id=114 (Léx) e
http://aglp.net/images/stories/Documentos/lexico_aglp.pdf)
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quinta-feira, 29 de julho de 2010
Academia Galega da Língua Portuguesa
Carlos Loures
Em 6 de Outubro de 2008 foi criada a Academia Galega de Língua Portuguesa, sediada em Santiago de Compostela e presidida pelo Professor José Martinho Montero Santalha. Segundo Montero Santalha, a criação da Academia corresponde a uma ideia do Professor Carvalho Calero que, na década de 80, concebeu o projecto de uma instituição que «mantivesse de modo inequívoco a unidade linguística da Galiza com os outros países de língua portuguesa». A cerimónia de fundação da Academia, de qual pudemos apreciar alguns dos momentos mais importantes no vídeo abaixo, realizou-se no Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de Compostela. Foi apadrinhada pelos Professores Malaca Casteleiro e Artur Anselmo, da Academia das Ciências de Lisboa, pelo escritor moçambicano João Craveirinha (filho de José Craveirinha), pelo Professor Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta, pelo Professor Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, pelo Professor Elías Torres Feijó, presidente da Associação Internacional de Lusitanistas e vice-reitor da Universidade de Santiago de Compostela, entre outros.
Em 6 de Outubro de 2008 foi criada a Academia Galega de Língua Portuguesa, sediada em Santiago de Compostela e presidida pelo Professor José Martinho Montero Santalha. Segundo Montero Santalha, a criação da Academia corresponde a uma ideia do Professor Carvalho Calero que, na década de 80, concebeu o projecto de uma instituição que «mantivesse de modo inequívoco a unidade linguística da Galiza com os outros países de língua portuguesa». A cerimónia de fundação da Academia, de qual pudemos apreciar alguns dos momentos mais importantes no vídeo abaixo, realizou-se no Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de Compostela. Foi apadrinhada pelos Professores Malaca Casteleiro e Artur Anselmo, da Academia das Ciências de Lisboa, pelo escritor moçambicano João Craveirinha (filho de José Craveirinha), pelo Professor Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta, pelo Professor Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, pelo Professor Elías Torres Feijó, presidente da Associação Internacional de Lusitanistas e vice-reitor da Universidade de Santiago de Compostela, entre outros.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Dia das Letras Galegas
Carlos Loures
Comemorando o Dia das Letras Galegas, Estrolabio dedicou toda a sua edição de hoje, 17 de Maio de 2010, à língua, à literatura, à História da Galiza. Não será um acto isolado na nossa orientação editorial – a Galiza, Cabo Verde, o Brasil… todo o espaço lusófono é para nós campo privilegiado de intervenção. Iremos, com frequência, publicar posts sobre temas relacionados com os países onde se fala o português, ou como dizia Carolina Michaëlis, onde se fala o galego-português.
Nesta irmandade de 200 milhões de falantes, os galegos são os nossos mais antigos irmãos, a sua história e a sua língua encontram-se a montante da nossa história e do idioma que falamos. Circunstâncias políiticas, originaram uma deriva que levou a Galiza a ser aculturada durante muitos séculos. Hoje, muitos intelectuais galegos querem integrar o universo lusófono. Devemos abrir-lhes os braços e apoiar, sem reservas, esse desiderato. As desconfianças devemos guardá-las para quem, aproveitando frustrações regionais manipuladas por caciques, pretende anexar o Norte do nosso País, criando algo a que chamam «região transfronteiriça» e que não tem qualquer suporte histórico ou cultural – sujas manobras de oportunistas. Porque a união de Portugal com a Galiza já existe e é de natureza cultural. No campo político terão de ser os galegos a decidir o seu destino,. Enquanto na sombra se desenvolvem estas manobras, com toda a transparência avança serenamente o projecto da integração do galego no espaço da lusofonia. Peço a vossa atenção para o vídeo que se segue.
Em 6 de Outubro de 2008 foi criada a Academia Galega de Língua Portuguesa, com sede em Santiago de Compostela e presidida pelo Professor José Martinho Montero Santalha. Segundo ele, a criação da Academia corresponde a uma ideia do Professor Carvalho Calero que, na década de 80, concebeu o projecto de uma instituição que «mantivesse de modo inequívoco a unidade linguística da Galiza com os outros países de língua portuguesa». A cerimónia de fundação da Academia, da qual vimos alguns momentos, realizou-se no Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago. Foi apadrinhada pelos Professores Malaca Casteleiro e Artur Anselmo, da Academia das Ciências de Lisboa, pelo escritor moçambicano João Craveirinha (filho de José Craveirinha), pelo Professor Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta, pelo Professor Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, pelo Professor Elías Torres Feijó, presidente da Associação Internacional de Lusitanistas e vice-reitor da Universidade de Santiago de Compostela, entre outros. Padrinhos não faltaram. Ângelo Cristóvão, presidente da Associação promotora da AGLP comentou: «Não podemos dizer que viemos ao mundo sem padrinhos!» E acrescentou: «queremos devolver ao galego o lugar que lhe corresponde, que é o de uma forma do português e não o de um dialecto do castelhano». Em 23 de Maio de 2009 realizou-se na Academia das Ciências de Lisboa, uma sessão as duas entidades. Agora, quando falarmos em países de língua portuguesa, não devemos esquecer a Galiza. Somos nove e não oito países. Foi na Galiza, que o galego-português, nasceu. Foi ali que pela primeira vez se falou a nossa língua, a língua de Camões, de Rosalía de Castro e de Fernando Pessoa.
Comemorando o Dia das Letras Galegas, Estrolabio dedicou toda a sua edição de hoje, 17 de Maio de 2010, à língua, à literatura, à História da Galiza. Não será um acto isolado na nossa orientação editorial – a Galiza, Cabo Verde, o Brasil… todo o espaço lusófono é para nós campo privilegiado de intervenção. Iremos, com frequência, publicar posts sobre temas relacionados com os países onde se fala o português, ou como dizia Carolina Michaëlis, onde se fala o galego-português.
Nesta irmandade de 200 milhões de falantes, os galegos são os nossos mais antigos irmãos, a sua história e a sua língua encontram-se a montante da nossa história e do idioma que falamos. Circunstâncias políiticas, originaram uma deriva que levou a Galiza a ser aculturada durante muitos séculos. Hoje, muitos intelectuais galegos querem integrar o universo lusófono. Devemos abrir-lhes os braços e apoiar, sem reservas, esse desiderato. As desconfianças devemos guardá-las para quem, aproveitando frustrações regionais manipuladas por caciques, pretende anexar o Norte do nosso País, criando algo a que chamam «região transfronteiriça» e que não tem qualquer suporte histórico ou cultural – sujas manobras de oportunistas. Porque a união de Portugal com a Galiza já existe e é de natureza cultural. No campo político terão de ser os galegos a decidir o seu destino,. Enquanto na sombra se desenvolvem estas manobras, com toda a transparência avança serenamente o projecto da integração do galego no espaço da lusofonia. Peço a vossa atenção para o vídeo que se segue.
Em 6 de Outubro de 2008 foi criada a Academia Galega de Língua Portuguesa, com sede em Santiago de Compostela e presidida pelo Professor José Martinho Montero Santalha. Segundo ele, a criação da Academia corresponde a uma ideia do Professor Carvalho Calero que, na década de 80, concebeu o projecto de uma instituição que «mantivesse de modo inequívoco a unidade linguística da Galiza com os outros países de língua portuguesa». A cerimónia de fundação da Academia, da qual vimos alguns momentos, realizou-se no Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago. Foi apadrinhada pelos Professores Malaca Casteleiro e Artur Anselmo, da Academia das Ciências de Lisboa, pelo escritor moçambicano João Craveirinha (filho de José Craveirinha), pelo Professor Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta, pelo Professor Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, pelo Professor Elías Torres Feijó, presidente da Associação Internacional de Lusitanistas e vice-reitor da Universidade de Santiago de Compostela, entre outros. Padrinhos não faltaram. Ângelo Cristóvão, presidente da Associação promotora da AGLP comentou: «Não podemos dizer que viemos ao mundo sem padrinhos!» E acrescentou: «queremos devolver ao galego o lugar que lhe corresponde, que é o de uma forma do português e não o de um dialecto do castelhano». Em 23 de Maio de 2009 realizou-se na Academia das Ciências de Lisboa, uma sessão as duas entidades. Agora, quando falarmos em países de língua portuguesa, não devemos esquecer a Galiza. Somos nove e não oito países. Foi na Galiza, que o galego-português, nasceu. Foi ali que pela primeira vez se falou a nossa língua, a língua de Camões, de Rosalía de Castro e de Fernando Pessoa.
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